Logo O POVO+
Votado hoje, relatório da CPI vai incluir live de Bolsonaro suspensa das redes
Politica

Votado hoje, relatório da CPI vai incluir live de Bolsonaro suspensa das redes

| Senado | Documento, que deve ser aprovado com facilidade, lista nove crimes atribuídos ao presidente Jair Bolsonaro, que foi suspenso do Youtube e teve vídeo excluído das redes
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Presidente Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos/Presidência da República)
Foto: Alan Santos/Presidência da República Presidente Jair Bolsonaro

Com votação prevista para hoje na CPI da Covid, o relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL) vai incluir a live do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na qual o chefe do Executivo associou as vacinas contra o coronavírus à aids.

O vídeo, divulgado na quinta passada e suspenso pelo Facebook e Instagram no último domingo e pelo Youtube ontem, fortalece indícios de que Bolsonaro atuou, durante a pandemia, para propagar desinformação, conduta pela qual já é alvo no documento que resultou da investigação parlamentar.

A comissão vota o relatório nesta terça-feira, 26, a partir das 10 horas. Sem grandes controvérsias, o texto deve ser aprovado com folga, já que o grupo majoritário da CPI detém sete dos 11 votos possíveis.

Lido na semana passada, o relatório de Renan propõe o indiciamento de 66 pessoas por 23 tipos criminais, entre elas Bolsonaro, a quem o senador imputa nove crimes. Além dele, figuram entre os potenciais indiciados o ministro Marcelo Queiroga (Saúde), o ex-ministro Eduardo Pazuello, a secretária Mayra Pinheiro e outros membros do Governo.

Aos alvos da CPI, o relator deve acrescentar outros oito nomes - o número total de pedidos de indiciamento, então, passaria para 74.

Pelas redes nessa segunda-feira, o vice-presidente do colegiado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), classificou Bolsonaro de "delinquente contumaz", acrescentando: "Informo que incluiremos, no relatório da CPI, a fala mentirosa e absurda de Bolsonaro associando a vacina contra a Covid-19 à Aids".

Ainda de acordo com Randolfe, um ofício será encaminhado ao "ministro Alexandre de Moraes pedindo que Bolsonaro seja investigado por esse absurdo no âmbito do inquérito das fake news".

O senador disse ainda que a CPI irá sugerir "às plataformas de redes sociais a suspensão e/ou o banimento do presidente".

Essa recomendação do vice-presidente da comissão deve ser incorporada ao relatório final e submetida ao voto dos membros, assim como pedido para que o STF o inclua entre investigados no inquérito das fake news.

Na live da quinta-feira, 21, o presidente afirmou, lendo uma suposta notícia, que "relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados estão desenvolvendo a síndrome de imunodeficiência adquirida muito mais rápido do que o previsto".

A declaração, porém, é infundada. Não há qualquer tipo de relação entre as vacinas desenvolvidas contra a Covid e a aids. Ambas as enfermidades, conforme pesquisadores, se desenvolvem e são transmitidas de maneira totalmente distintas.

Na mesma apresentação, Bolsonaro chegou a falar que não iria "ler para vocês a matéria porque posso ter problema com a minha live, não quero que caia".

Enquanto Facebook e Instagram excluíram o conteúdo ainda no domingo - para as redes, ele fere as suas regras institucionais de publicação -, o Youtube examinava a suspensão da live e possíveis medidas até ontem à noite, quando finalmente decidiu retirar o vídeo.

Em nota divulgada, a plataforma explicou: "Removemos um vídeo do canal de Jair Bolsonaro por violar as nossas diretrizes de desinformação médica sobre a Covid-19 ao alegar que as vacinas não reduzem o risco de contrair a doença e que causam outras doenças infecciosas".

"As nossas diretrizes", continuou a nota, "estão de acordo com a orientação das autoridades de saúde locais e globais, e atualizamos as nossas políticas à medida que a orientação muda".

Como punição, Bolsonaro ficará sem poder publicar no canal por uma semana. Caso volte a veicular desinformação no Youtube num prazo de 90 dias, a sanção deverá ser maior na próxima vez.

 

O que você achou desse conteúdo?