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Em guerra contra Moraes, Bolsonaro troca aperto de mão com ministro
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Em guerra contra Moraes, Bolsonaro troca aperto de mão com ministro

| Crise entre Poderes | Encontro ocorre dias após presidente pedir afastamento de ministro de investigação. Bolsonaro, porém ignorou aplausos da plateia a Moraes
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Na foto, outro encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Superior Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, durante cerimônia de posse dos novos ministro do Tribunal Superior do Trabalho na quinta-feira, 19 de maio de 2022 (Foto: MATEUS BONOMI/AE)
Foto: MATEUS BONOMI/AE Na foto, outro encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Superior Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, durante cerimônia de posse dos novos ministro do Tribunal Superior do Trabalho na quinta-feira, 19 de maio de 2022

Na mesma semana em que pediu o afastamento do ministro Alexandre de Moraes das investigações de atos democráticos e fake news e recorreu ao Ministério Público Federal (MPF) com uma queixa-crime contra o ministro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) cumprimentou o magistrado na tarde desta quinta-feira, 19. O improvável gesto ocorreu durante solenidade de posse de ministros no Tribunal Superior Trabalho (TST).

O encontro foi transmitido ao vivo pelo tribunal do trabalho. Bolsonaro se aproximou de Moraes, que estava na primeira fila próximo à tribuna dos magistrados. O presidente fez um gesto com a mão pedindo que Moraes se levantasse. O ministro do STF ficou de pé e trocou um cumprimento breve com o presidente. Bolsonaro, porém, ignorou a plateia presente na solenidade e deixou de aplaudir o ministro. Moraes foi saudado por um longo período pelos presentes, exceto pelo presidente.

O gesto de Bolsonaro ocorre em meio a preocupações de aliados do presidente com o impacto de um discurso contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na parcela dos eleitores que ainda estão na dúvida e não são ferrenhos bolsonaristas. Moraes será o próximo presidente da Corte Eleitoral.

Nesta semana, depois de ver arquivado seu primeiro recurso ao STF contra Moraes, Bolsonaro apelou ao Ministério Público Federal. Na queixa-crime, alega que a condução do inquérito das fake news pelo ministro não respeita o contraditório e trata-se de uma investigação injustificada.

Em redes sociais e em discursos em solenidades, Bolsonaro já foi muito além disso. Atacou a conduta do ministro que é relator de investigações que preocupam o governo. Foi Moraes quem cobrou a retirada de perfis que difundiam informações falsas de apoiadores de Bolsonaro.

'Sai, Alexandre de Moraes'

Em 7 de Setembro do ano passado, Bolsonaro fez ataque virulento ao ministro: "Dizer a vocês, que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais". Em outro momento declarou: "Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro deixe de censurar o seu povo".

A solenidade em que ocorreu o improvável cumprimento foi para a posse do desembargador Sergio Pinto Martins, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP), como novo ministro do TST. Ele ocupará a vaga decorrente da aposentadoria do ministro Alberto Bresciani.

Presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco saiu em defesa do Judiciário em meio a ataques de Bolsonaro Foto: Pedro Gontijo/Senado Federal
Presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco saiu em defesa do Judiciário em meio a ataques de Bolsonaro Foto: Pedro Gontijo/Senado Federal

Pacheco: Democracia 'não se faz sem respeito ao Poder Judiciário'

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), saiu em defesa nesta quinta-feira, 19, do Poder Judiciário e disse que a democracia não se faz sem respeito a ele. A fala de Pacheco acontece em meio a ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"Sempre quero deixar claro o nosso compromisso com a democracia, com o estado de direito. E esse compromisso, definitivamente, não se faz sem o absoluto respeito ao Poder Judiciário, e é o que aqui eu gostaria de externar", afirmou o senador, durante um evento organizado pelo Conselho da Justiça Federal.

Na terça-feira, 19, Bolsonaro tentou atribuir ao ministro do STF Alexandre de Moraes um suposto abuso de autoridade. A iniciativa de Bolsonaro já foi rejeitada pelo STF, mas o presidente ainda tenta recorrer por meio da Procuradoria-Geral da República (PGR). Moraes será o próximo presidente do TSE e comandará a Justiça Eleitoral durante as eleições de 2022.

O presidente da República tem questionado o processo eleitoral e colocado em dúvida a legitimidade das urnas eletrônicas. Sob o pretexto de que as urnas não são auditáveis, Bolsonaro tem afirmado que pode ser vítima de uma conspiração no pleito, sem provas. Apesar do que diz o presidente, há maneiras de auditar o resultado das eleições e o TSE permite acompanhamento de diversas etapas do processo por parte da sociedade civil organizada.

Na quarta-feira, 18, em outro recado a Bolsonaro, Pacheco defendeu as urnas eletrônicas. "Nosso sistema eletrônico de votação é motivo de orgulho para nós, brasileiros, e referência no mundo. Em 18 eleições ao longo de 25 anos desde a implementação das urnas eletrônicas, não houve nenhum registro de fraude", disse por meio do Twitter. Também nas redes sociais, o mineiro afirmou que "de protagonistas do caos, o Brasil está cheio".

Bolsonaro debocha de presença de observadores internacionais no pleito brasileiro

O presidente Jair Bolsonaro (PL) debochou nesta quinta-feira, 19, da presença de observadores internacionais nas eleições brasileiras. "Podem botar 1 milhão de observadores nas eleições; vão observar o quê?", minimizou durante live transmitida nas redes sociais.

A declaração de Bolsonaro vem após o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, dizer que pretende trazer ao Brasil mais de cem observadores de instituições internacionais para acompanhar o pleito de outubro. Ao falar sobre o assunto, o presidente da República voltou a falar na existência de uma "sala secreta" de apuração dos votos na Corte, algo já desmentido pelo tribunal. "Vão ter acesso ao código-fonte para ver qual é a apuração? Qual o conhecimento deles de informática?", questionou Bolsonaro.

A vinda de observadores internacionais é criticada pelo presidente, que tem feito ataques sistemáticos à lisura do processo eleitoral. Ele chegou a pressionar o Palácio do Itamaraty a colocar objeções para dificultar a entrada de observadores da União Europeia no País.

O presidente ainda afirmou que a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em outubro já estaria definida, com base em uma notícia de que o senador Jaques Wagner (PT-BA) estaria conversando com embaixadores de outros países sobre a possível posse do petista.

"Jaques Wagner, conversando com embaixadores de outros países, para dizer como Lula vai tomar posse com apoio de outros países. Já definiram as eleições. Que negócio é esse? Tá definido quem é o presidente?", questionou.

O Supremo Tribunal Federal (STF) também foi alvo do presidente, que disse que cinco ministros da Corte seriam "favoráveis ao aborto".

Elon Musk

Jair Bolsonaro se encontra na manhã de hoje em Porto Feliz (SP) com o bilionário Elon Musk. Admirador do ex-presidente dos EUA Donald Trump, Musk é dono da Tesla e negocia uma operação para comprar o Twitter.

Acompanham a comitiva presidencial os ministros Fábio Faria (Comunicações), Carlos França (Relações Exteriores), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Ciro Nogueira (Casa Civil). A informação foi revelada pela coluna do jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, e confirmada pelo Broadcast Político com fontes do Palácio do Planalto

O encontro, que não consta da agenda oficial do presidente, acontecerá às margens do "Conecta Amazônia", evento para discutir marcos regulatórios, regulação na Amazônia e conectividade nas escolas.

Em transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro disse hoje que teria um encontro reservado com uma "pessoa muito importante, reconhecida no mundo todo" nesta sexta-feira. "Essa pessoa veio para ajudar nossa Amazônia", afirmou o presidente, sem revelar a identidade.

Antes de embarcar para Porto Feliz, Bolsonaro participa, das 6h30 às 7h30, de café da manhã com mulheres empreendedoras do Movimento Escolas Abertas. Após o encontro com Musk, segue para Curitiba, onde participará no sábado da Marcha para Jesus.

 

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