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Novas profissões e o futuro do trabalho: como se preparar?
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Novas profissões e o futuro do trabalho: como se preparar?

Funções focadas em tecnologia e criatividade podem ser saída para o pós-crise
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O Fórum Econômico Mundial divulgou, em janeiro deste ano, o relatório intitulado "Empregos do amanhã: mapeando oportunidade na nova economia", que apontava que novas profissões em áreas como Marketing, Engenharia e Vendas seriam responsáveis por mais de seis milhões de oportunidades de emprego globalmente ainda em 2020. Com a pandemia, claro, muita coisa mudou - mas pesquisadores reiteram que esses novos postos de trabalho devem continuar gerando boas oportunidades para recolocação e permanência no mercado no período pós-crise.

A tendência permanece porque a chegada da Covid-19 acelerou processos de automação e transformação digital que já estavam em curso antes da pandemia, segundo Alexandre Barbosa, pesquisador da área de Inovação do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio). Exemplo disso é a adesão de milhares de restaurantes, lojas e outros empreendimentos ao serviço de delivery, gerando novas demandas de capital humano e tecnológico.

"Para poder desenvolver um comércio eletrônico mais robusto, torna-se necessário investir em quem entende de marketing digital e de análise de sistemas de uma forma mais ampla. O que está acontecendo agora é que estamos cada vez mais estratificando essas especialidades - há cientistas de dados, desenvolvedores de operações, especialistas em desenvolvimento web e em cibersegurança, arquitetos e engenheiros focados em tecnologias específicas, entre outros", explica Alexandre.

 

Soft skills como diferencial

Com as máquinas dominando parte do mercado, em poucos anos as principais competências para conseguir ou se manter em um emprego serão comportamentais. Confira no que investir:

- Comunicação eficaz

- Flexibilidade

- Relacionamento interpessoal

- Poder de negociação e persuasão

- Inteligência emocional

- Resiliência

*Fonte: Valéria Mota, gerente executiva de Seleção da Mrh

Relacionar-se também é futurista

Além das profissões ligadas diretamente à automação, profissões conectadas à criatividade também devem continuar em alta nos próximos anos, alinhadas à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico, como o cargo de growth hacker, função estratégica do marketing focada em crescimento. Não só técnicas relacionadas a vendas, no entanto, serão importantes no processo de retomada econômica.

"Trabalhos que lidam com a complexidade humana de uma forma que as máquinas não vão conseguir entender também seguirão relevantes, pois ainda que elas possam facilitar a tomada de decisão, há muitas nuances relacionadas à estratégia e gestão de alto nível que não serão contempladas pela automação. Quem trabalha com emoção, empatia e compaixão, como terapeutas ocupacionais, trabalhadores sociais e professores, também atua em profissões 'do futuro', até porque a pandemia nos mostrou como a saúde mental é importante", ressalta Alexandre Barbosa.

A área da saúde, completa o pesquisador, também deve encarar um novo momento no pós-pandemia: especialmente em países que demonstraram possuir demanda durante a crise, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos e assistentes seguirão na linha de frente das profissões "não substituíveis". Já profissões mais operacionais - como motoristas, operadores de telemarketing e entregadores - tendem a se tornar obsoletas nas próximas décadas, ainda que em um processo mais lento, que ultrapassará os primeiros anos do pós-crise.

A tecnologia como caminho

Com sede em São Paulo, a companhia Sompo Seguros foi uma das empresas que precisou adaptar seus processos durante a pandemia. A multinacional, que possui uma área de Inovação há quatro anos, já contava com chatbot e havia migrado alguns operadores de call center para posições de gestão e controle; durante o período de isolamento social, decidiu tornar a maior parte de seus processos paperless, ou seja, sem necessidade do uso de papel e assinaturas analógicas.

A presença de cientistas de dados e de desenvolvedores UX (especializados em experiência do usuário) em uma equipe de inteligência de negócios auxiliou na transição. "Antes, tínhamos papeis que circulavam na própria empresa que deixavam de circular; a própria apólice do cliente, bem como a carteirinha de saúde, estão disponíveis através de aplicativo, o que dinamiza os processos e evita papel e consumo de energia. Esses avanços com certeza irão perdurar", conta Guilherme Muniz, diretor de Tecnologia da Informação e Inovação da Sompo.

Não só grandes empresas, porém, devem ter que se adaptar à realidade de serviços que priorizam agilidade e diminuição de contato físico nos próximos anos: ainda que a passos mais lentos, mesmo pequenos empreendedores terão que se reinventar e contratar mão de obra especializada para os novos setores de mercado, lembra Roberta Dutra, fundadora do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Universidade Federal do Ceará (UFC).

"Obviamente, esse movimento deve demorar um pouco mais para chegar às empresas menores, até porque a pandemia quebrou muitos negócios; mas isso não altera o caminho, apenas a velocidade que o caminho será percorrido", ressalta a professora. A vantagem para os cearenses é que haverá ampla possibilidade de mão de obra qualificada no próprio Estado - tanto para quem quer contratar, quanto para quem quer se capacitar.

"Estamos muito bem em relação à oferta de ensino. Nas universidades, há muitas opções de cursos nas áreas de informática e tecnologia da informação, inclusive no interior. O Ceará está bem posicionado para começar a abranger essa demanda", completa.

Áreas que devem abranger "profissões do futuro"

- Biomedicina

- Biotecnologia

- Comercial

- Investimentos

- Marketing

- Medicina

- Segurança digital

*Fonte: Valéria Mota, gerente executiva de Seleção da Mrh

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