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Ajustes em tempos de pandemia
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Ajustes em tempos de pandemia

Franquados arriscam abrir novas unidades durante este período de pandemia
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Ricardo Cunha Lima, 70, abriu em agosto franquia do The Coffee na Capital cearense
 (Foto: Júlio Caesar / O Povo)
Foto: Júlio Caesar / O Povo Ricardo Cunha Lima, 70, abriu em agosto franquia do The Coffee na Capital cearense

GASTRONOMIA

Quando o contrato da primeira franquia do The Coffee em Fortaleza foi celebrado, não havia sinal de coronavírus. "A pandemia pegou de surpresa, tínhamos começado a obra em fevereiro, passamos de março até junho com a obra parada, mas não ficamos estáticos, utilizamos esse período para capacitação online, para aquisição de todos os equipamentos da loja", lembra o franqueado cearense Ricardo Cunha Lima, 70.

Engenheiro aposentado, ele não pensou em desistir e diz que não teve dúvida de que o produto seria bem aceito quando abriu, em agosto deste ano. Percebeu que o formato de little coffee da marca se adequaria ao momento de isolamento. O método é: pega e leva. "A franquia é toda informatizada, não tem aquela ambiência de sentar, aglomerar muitas pessoas, é uma coisa muito oportuna. Tem o aspecto de não trabalharmos com dinheiro em espécie, os pedidos são feitos pelo app ou pelo tablet de lá, extremamente simples."

Ricardo tem formação de barista e já era encantado pelo modelo japonês de microcafeterias. Passou meses pesquisando até conhecer as lojas da marca em São Paulo e em Curitiba. "A franquia tem uma lógica de conhecimento já aplicado, tem todo um estudo delineado, dá uma segurança muito grande, e Fortaleza acolheu de braços abertos as inovações que nós trouxemos. Somos a primeira loja do Norte e Nordeste, tínhamos certeza de o que vimos em outros estados ia se repetir ", afirma. Mesmo na pandemia, ele mantém a aposta no prazo médio de retorno do investimento, de cerca de dois anos.

Franquia do The Coffe na Capital tem 15 modalidades de café, sendo cinco puristas, cinco saborizados e cinco gelados. "Café de qualidade, produzido a uma altura de 700 metros, lá no Paraná, ele é torrado a uma média que dá um sabor especial ao grão, é moído na hora, a cada pedido. Isso dá uma sequência de sabores", diz Ricardo.

 

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ESTÉTICA

Também foi antes da pandemia que a Royal Face vendeu a primeira franquia a ser instalada na Capital cearense. "A nossa rede está o contrário das demais, porque estamos na pandemia crescendo, em termos de vendas de franquias, faturamento médio por loja. Aquele momento que foi mais crítico, tivemos franquias com portas fechadas faturando R$ 70 mil só pelo online (agendamentos)", diz Rodrigo Boreli, sócio e diretor de operações da marca.

A Royal Face foi fundada há cinco anos por Andrezza Fusaro, em Curitiba, e oferta procedimentos de estética como preenchimento facial e peelings químicos, com foco no público da classe C. O modelo de franquias começou a ser desenhado em 2018, e hoje já são 103 unidades espalhadas pelo Brasil. "Eu posso falar de experiência própria, de ter negócio do zero e franquia. Quando você parte para um negócio novo, tem que construir a marca, passar por todas as dificuldade nós já passamos; a primeira, para ir ao mercado, estava com três anos desenvolvendo métodos, entendendo o que é viável e vantajoso. A grande diferença é que você compra um modelo testado, que tem uma rentabilidade que remunere o acionista, uma marca forte."

A "força da rede", argumenta Boreli, garante assessoria jurídica, de gestão, central de compras. "50% dos nossos franqueados já têm mais de uma franquia, é o maior termômetro. Tem dentista que largou a profissão, comprou a terceira e está comprando a quarta", exemplifica. O faturamento médio da rede, em setembro e agosto, foi de R$ 125 mil e R$ 135 mil, respectivamente.

 

ALEGRIAS E TRISTEZAS DO FRANCHISING

Melitha Novoa Prado, sócia fundadora e diretora da Novoa Prado Consultoria Jurídica, é especialista em consultoria jurídica preventiva no âmbito empresarial. Atende mais de 90 franqueadores no País. Neste período de pandemia, ela conta que as principais demandas dos franqueados aos seus franqueadores eram relativas à negociação com shoppings, descontos em taxas de royalties e fundos de propaganda. "O que puderam para fazer para manter os franqueados vivos fizeram. O sistema se recupera muito mais rápido porque trabalha em rede", diz. Confira:

O POVO - A senhora escreveu o livro "Franchising na Alegria e na Tristeza". Quais diria que são as atuais alegrias e as tristezas do franchising?

Melitha - Quando a gente fala das alegrias do franchising, dos momentos de recompensa dos relacionamentos, o franchising te dá oportunidade de trocar informação, de conhecer mais as pessoas, interagir, desenvolver pessoas. A tua marca crescendo, tendo uma expansão mais acelerada, pessoas que estão representando sua marca, as alegrias de ver seu negócio crescer e desenvolver pessoas. As tristezas são as que todos relacionamento tem, conflitos, dificuldade das pessoas de colocarem as palavras certas no momento certo, é uma inabilidade do relacionamento. Eu acho que o suporte é uma ferramenta para mediar os conflitos na rede, mas depende do suporte que dá, não adianta aquele superficial, onde estou mais preocupada em preencher relatório do que realmente dar uma consultoria, é investir tempo para desenvolver seu franqueado, tem que ter participação ativa, fornecer ferramentas e ideias.

OP - Existe algum direito que poucos franqueados sabem que tem e que se soubessem facilitaria muito a vida?

Melitha - O franqueado tem todos os direitos de uma parceria, não é um contrato leonino, é um contrato padrão, se o franqueador não cumprir, franqueado também pode ir atrás do seu direito. É importante franqueado entrar numa rede ciente de seu papel, entendendo o que é ser franqueado, para poder se relacionar da melhor forma. O contrato é lembrado quando existe algum problema grave que não conseguiu [resolver] no relacionamento, não vai ficar citando. O importante é apagar o incêndio rápido, vamos conversar e resolver logo, se não a chama vai aumentando e tem uma hora que nem bombeiro, acabam indo à Justiça.

OP - O que pode comprometer o sucesso do acordo entre franqueador e franqueado?

Melitha - O erro é a falta do diálogo, ou erro do perfil de seleção, não delineou o perfil adequado para operação daquele negócio, com um processo de seleção superficial, acaba entrando numa marca que não tem a ver com ele.

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Acompanhe a série:

Franquias em tempos de pandemia
Acesse: https://bityli.com/2Rff8

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