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Mais liberdade e produtividade

O trabalho remoto tem virado tendência pela flexibilidade, qualidade de vida conferida aos profissionais e redução de distâncias geográficas
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Desenvolvedor de software Bruno Chagas, 30, diz que ganha 20% a mais da média do mercado local trabalhando daqui para uma empresa de São Paulo (Foto: priscila smiths/ especial para o povo)
Foto: priscila smiths/ especial para o povo Desenvolvedor de software Bruno Chagas, 30, diz que ganha 20% a mais da média do mercado local trabalhando daqui para uma empresa de São Paulo

Já pensou em ter flexibilidade total em horário e local de trabalho sem perder a estabilidade de um emprego formal? O trabalho remoto é aquele em que o funcionário de uma empresa trabalha acessando o sistema da empresa ou outros computadores dela, intermediado por programas que permitem o acesso a outros aparelhos, sem estar na sede ou até na mesma cidade da instituição.

Nele, os profissionais interagem com a equipe apenas virtualmente, seja por mensagens, seja por chamadas de vídeo. Por isso, as áreas de Tecnologia da Informação (TI), Design e Gerência de Produção e Produtos tendem a ser as mais contratadas para o formato, pois independem da presença física para realizar demandas dos negócios.

Pesquisa Harvard Business School, em parceria com a Northeastern University, apontou que pessoas que trabalham remotamente são mais produtivas do que as que trabalham no escritório, ou até em home office. O estudo intitulado "(More e) Trabalhe de qualquer lugar: Efeitos da flexibilidade geográfica e produtividade nos escritórios de patentes dos Estados Unidos" (em tradução livre) indicou aumento de 4,4% no trabalho entregue com qualidade após os técnicos de patentes passarem a trabalhar do lugar que desejassem.

Entretanto, trabalhar remotamente exige dos funcionários habilidade de autogestão para prevenir distrações e procrastinação. "Eu tento criar uma rotina. Então eu sempre acordo de manhã e já começo a trabalhar, depois almoço e continuo trabalhando. É como se eu estivesse dentro da empresa, mas com a flexibilidade de resolver coisas pessoais", explica César Costa, 25.

O desenvolvedor de software trabalha para a empresa austríaca Gronda, rede social que une profissionais da hospitalidade. A instituição é a segunda para a qual César trabalha remotamente. Formado na área de TI, o cearense percebeu no trabalho remoto maneira de ter flexibilidade, melhor qualidade de vida e melhor salário. Isso porque, além de evitar o estresse do trânsito diário, ele tem remuneração baseada no teto da cidade de origem da empregadora.

Há um ano, César decidiu mudar-se de Fortaleza (CE) para Porto Alegre (RS). A decisão que poderia ser estressante para a maioria dos empregados foi o oposto para ele. "Isso é o bom do trabalho remoto, você pode trabalhar onde quiser. Eu conheço gente [que trabalha remotamente] e vive viajando", avalia.

Bruno Chagas, 30, também goza da remuneração oferecida pelo trabalho remoto. Desenvolvedor de software residente em Fortaleza, Bruno trabalha para a Magnetis, fintech de investimentos brasileira com sede em São Paulo. Ele explica que o salário médio que receberia no Ceará pela função estaria em torno de R$ 4 mil. Por outro lado, como funcionário da empresa paulista, o profissional é favorecido por cenário econômico em que os pagamentos estão 20% maiores que no estado nordestino.

Por outro lado, apesar dos diversos benefícios do trabalho remoto, algumas desvantagens são inevitáveis. Como a interação é realizada inteiramente no virtual, os funcionários estão mais propensos a se sentirem solitários. "O que facilita é que a empresa leva a gente para a sede duas vezes ao ano, para uma semana de integração", afirma Bruno.

Nesses dias, os trabalhadores remotos da Magnetis viajam de todo o Brasil para assistir a palestras, realizar confraternizações e, principalmente, conhecer o restante do time. Dessa forma, trabalhadores remotos do Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará, Santa Catarina e até Rio Grande do Sul encontram-se em São Paulo para fortalecer os laços de equipe.

Trabalho remoto X Home office

Não é a mesma coisa. É importante que se entenda que trabalho remoto não é a mesma coisa que home office. O que essencialmente caracteriza o trabalho remoto é o time estar distribuído pela casa, pelo País ou pelo mundo. É um modelo do futuro porque implica na liberdade de trabalhar onde a pessoa se sente mais produtiva. Sim, pode ser em home office, mas também em um café, coworking ou em um apartamento alugado em Jeri.

O lado bom para a empresa

Para as empresas, o trabalho remoto significa aumento de possibilidades. A head de Gente & Gestão da Magnetis Pamela Ortiz explica que, por meio do trabalho remoto, os empregadores conseguem expandir a procura de profissionais de qualidade fora do eixo da sede. Igualmente, a flexibilidade conferida aos funcionários garante a permanência deles na empresa, impedindo que a instituição sofra com vagas abertas. Ainda, a economia em gastos da empresa, tais quais conta de energia e de manutenção, torna o trabalho remoto atrativo.

Todavia, a distância geográfica entre recrutadores e candidatos exige dos profissionais de Recursos Humanos (RH) o desenvolvimento de técnicas próprias para entrevistas virtuais. Na Magnetis, o processo de seleção envolve entrevistas por videochamadas e atividades práticas mediadas pelos computadores. As entrevistas especificamente são essenciais para analisar se o candidato tem habilidades de foco e autogestão bem desenvolvidas.

Depois do primeiro trabalhador remoto contratado, a própria empresa deve ser reestruturada. "A gente precisa modificar toda nossa estrutura para que tudo seja online, de forma que esse colaborador remoto tenha acesso realmente a todas as informações da empresa, como se ele estivesse no escritório", ressalta Pamela.

De acordo com ela, a tendência de mercado é que a modalidade seja cada vez mais procurada pelos trabalhadores. Trânsito, projetos de estudo e de capacitação e aspirações, como conhecer o mundo, são fatores que estimulam os profissionais a trabalharem para empresas alinhadas com o conceito do trabalho remoto.

Saiba Mais

O que é preciso para trabalhar remotamente

- Autogestão: como o trabalho remoto permite a flexibilidade de horários, o profissional deve ser capaz de autogerir a própria rotina e garantir que o trabalho seja realizado corretamente.

- Gostar de trabalhar de casa: a casa é cheia de potenciais distrações, e por isso é essencial que o trabalhador remoto goste e consiga trabalhar de casa - apesar da possibilidade de dormir por mais cinco minutinhos.

- Não se importar em ter somente o contato online: trabalhar remotamente pode ser muito solitário. Por isso, é importante avaliar se o profissional não encara como requisito de felicidade no trabalho a interação presencial com os colegas de trabalho!

- Ser de uma área afim: nem toda área de atuação profissional combina com o trabalho remoto. Tecnologia da Informação (TI), Design e Gerência de Produção e Produtos são algumas das áreas que se encaixam no jeito remoto de ser.

 

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