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Homicídios ocorridos após mortes de PMs ainda são investigados
Reportagem

Homicídios ocorridos após mortes de PMs ainda são investigados

| Desfecho | Em um mês, ocorreram pelo menos 11 mortes no bairro quando também aconteceu o triplo homicídio dos policiais. Maioria dos casos não foi elucidada
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O crime que vitimou os três policiais militares na Vila Manoel Sátiro em 23 de agosto de 2018 se inscreve em uma sequência de homicídios que apavorou a região naquele mês. Em cinco dias, foram, pelo menos, oito mortes — ao todo, em 30 dias, 11 mortes foram registradas incluindo também bairros como Parque São José e Parque Santa Rosa. O que ajudou a tornar aquele mês de agosto o mais violento, naquele ano, da Área Integrada de Segurança (AIS) 9, que ainda inclui bairros como José Wálter e Canindezinho. Foram 21 casos ao todo na AIS 9, contra 20 do segundo mês mais violento, maio de 2018.

O primeiro crime dessa sequência tem relação direta com o triplo assassinato, apurou a Polícia Civil. Em 29 de julho de 2018, o subtenente Juciano de Lima Barbosa foi morto a tiros em um bar, quando comemorava o aniversário do filho. Conforme o MP, o policial alugava um imóvel para o pai de Charlesson de Araújo Souza, que também morava lá. O subtenente, porém, quis que os dois saíssem do local, "ao que tudo indica", pelo envolvimento de Charlesson com crimes. Charlesson e o PM teriam "se desentendido" e o primeiro foi morar com Thalys Constantino de Alencar. O fato teria chegado ao conhecimento de Fabiano Cavalcante da Silva, que, então, determina a morte do policial, afirma o MP. Charlesson e Lucas Oliveira da Silva, que teriam participação direta no triplo homicídio, chegaram a ter prisão preventiva pedida pela Polícia Civil no caso da morte do subtenente Barbosa. O mandado só foi expedido, porém, depois do triplo assassinato.

Em 22 de agosto de 2018, a vítima é Thalys. Um dia depois, são mortos Antonio Cesar Oliveira Gomes, Sanderley Cavalcante Sampaio e João Augusto Lima. Pelo menos, um outro crime vitimando pessoa ligada ao processo também foi registrado, mas longe do bairro. É o caso de Alisson Rodrigo da Silva Rodrigues, assassinado um dia após o triplo homicídio, após deixar a sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ele havia ido prestar esclarecimentos referente aos assassinatos, quando foi morto em plena praça em frente à Igreja de Nossa Senhora de Fátima.

A mesma fonte que afirmou que o "Conselho Missão" da Guardiões do Estado (GDE) ordenou o triplo assassinato discorreu também sobre essas mortes. Conforme ele, o subtenente foi morto pelos mesmos motivos que os outros três policiais: "eles querem matar a polícia". Sobre a morte de Allison, o ex-integrante da GDE disse que ele não teria envolvimento com a morte dos policiais, apesar de ser ligado a Fabiano e à GDE. "O que se comenta dentro da cadeia é que ele foi morto pela polícia, pelos companheiros não."

Em 26 de agosto, já no Manoel Sátiro, são mortos Thiago da Silva Moura e Antônio Victor Araújo Nobre. Caso ainda não elucidado pela Polícia Civil. Mesmo estado da investigação do crime que vitimou Antônio Adalberto Constantino de Alencar, de 39 anos, tio de Thalys. Ele foi executado na oficina onde trabalhava na rua Cônego de Castro, no dia 27. Em depoimento no inquérito que investiga o caso, um familiar da vítima afirma que Antônio Adalberto havia presenciado a morte de Thalys e se escondeu para não ser visto pelos assassinos. Ele nunca havia cometido crime e sequer usava drogas, disse. Ainda segundo a fonte, os assassinos eram dois homens em uma moto, que não usavam capacete e chegaram atirando sem falar nada. Um ano depois, tanto as mortes de Thalys, quanto de Alisson, Antônio Adalberto e Thiago, Antônio Victor seguiam em investigação, ainda sem indiciamentos. Alison e Antônio Adalberto não tinham antecedentes criminais. Nenhum dos casos é investigado pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança (CGD).

Por fim, em 29 de agosto, na rua Cerejeira, há uma tentativa de chacina. No local, foi morto Carlos Daniel de Sousa Maciel e seis pessoas ficam feridas. Também o inquérito desse caso não foi concluído ainda. (Lucas Barbosa)

 

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