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Número de acidentes em BRs que cortam o Ceará recua 25%
Reportagem

Número de acidentes em BRs que cortam o Ceará recua 25%

Em 2018, dos mais de 5 mil óbitos registrados em BRs do País, 179 foram em estradas que cortam o Estado. Expectativa é que casos voltem a subir nos próximos anos, em razão da retirada dos equipamentos de fiscalização das vias
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O total de acidentes em rodovias federais no Ceará diminuiu 25% em 11 anos. O número de mortes seguiu a tendência de baixa, mas de apenas 6%. Em 2018, dos mais de 5 mil óbitos registrados em BRs do País, 179 foram em estradas que cortam o Estado. Para os próximos anos, a expectativa é que os números voltem a subir.

Quem faz a previsão é o especialista em trânsito, mobilidade e segurança, Renato Campestrini. Ele pondera que, com a retirada dos equipamentos de fiscalização das rodovias no último mês de agosto, já é nítido o aumento do desrespeito aos limites de velocidade. "Se com a fiscalização já tinha um número considerável de acidentes, sem (os equipamentos), com certeza vamos sentir o crescimento em 2020 e 2021", analisa. Ele comenta os dados publicados no Painel de Consultas Dinâmicas de Acidentes Rodoviários, formulado pela Confederação Nacional do Trânsito (CNT).

CNT comparou números de 2007 a 2018, sétimo ano seguido de diminuição do número de óbitos nas BRs
CNT comparou números de 2007 a 2018, sétimo ano seguido de diminuição do número de óbitos nas BRs

O órgão comparou números de 2007 a 2018, sétimo ano consecutivo de diminuição do número de óbitos nas BRs. Sobre o Ceará, há dois destaques: a BR-116, que começa em Fortaleza e passa por 16 municípios cearenses, registrou o maior número de mortes no País - dos 649 óbitos na rodovia, 63 foram nos limítrofes do Ceará; e 58% dos acidentes nas rodovias federais no Estado envolviam motocicletas.

"Houve uma explosão na venda de motos nos últimos anos. E temos motociclistas que aprendem a conduzir usando primeira marcha, no circuito fechado e só com o freio traseiro. Numa situação arriscada, isso favorece a ocorrência de acidente", detalha Renato, ressaltando a importância de uma melhor formação dos condutores.

De acordo com dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Ceará, atualizados em julho, três trechos da BR-116, totalizando 90 km, exigem cuidado do condutor; sete trechos pedem atenção e 13 indicam boa viagem. Curvas perigosas e buracos configuram os principais problemas. Condições que podem influenciar diretamente na ocorrência de acidentes.

"Segurança em rodovias é pautada pela quantidade de fiscalização, qualidade do pavimento e curvas bem planejadas", pondera Renato Campestrini. Conforme ele, rodovias entregues à concessão tendem a ser mais bem estruturadas. "Se tem mais o conceito de rodovia que o condutor que comete uma falha não vai bater numa árvore ou num poste localizado de forma irregular", complementa.

O levantamento da CNT mostra ainda que, no ano passado, no Ceará, 36 óbitos foram em sábados e 35 em domingos - dias em que muitas pessoas viajam e há aumento na ingestão de bebida alcoólica. Os dias mais próximos do fim de semana, as segundas e as sextas-feiras, vêm em seguida na estatística de vítimas, com 31 e 21 mortes, respectivamente. Já as quartas-feiras - o meio da semana - foram as que anotaram menos vítimas: 17.

Assim como no resto do País, o perfil de vítimas no Ceará é de homens adultos. Enquanto a média nacional de mortes é de 81,7% de pessoas do sexo masculino e 34,7% entre aquelas acima dos 45 anos, a proporção aumenta no Ceará sendo 86,6% para o primeiro grupo e 36,9% para o segundo.

O POVO solicitou informações à Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Estado. O objetivo era entender os principais motivos para a recorrência dos acidentes. A reportem não obteve retorno até o fechamento desta edição. (Colaborou Wanderson Trindade/Especial para O Povo)

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