Após alguns dias de trégua, as manchas de óleo voltaram a avançar no litoral cearense. Ao longo do dia de ontem, 24, a substância tóxica surgiu em Canoa Quebrada, em Aracati, um dos principais destinos turísticos do Ceará. Vários pontos da costa leste do Estado também foram afetados. Em alto mar, a Marinha e a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) identificaram ainda, durante um sobrevoo preventivo, duas manchas de óleo com elevada viscosidade, que mediam até 20 m² cada.
As fontes oficiais não confirmam, mas o óleo também teria voltado a aparecer nas praias do litoral oeste, que desde o dia 18 estariam limpas. Segundo Cristiane Faustino, coordenadora do Instituto Terramar, pescadores têm relatado a presença de resíduos em trechos das praias Volta do Rio, em Acaraú, e Assentamento Maceió, em Itapipoca.
"Os pescadores estão mobilizados, acompanhando e monitorando essas manchas, já que eles estão no mar trabalhando", afirma. "Esse acidente é gravíssimo, não só por causa do desequilíbrio causado, mas também pelos impactos negativos nas vidas das pessoas que retiram o sustento do mar. Em Icapuí, por exemplo, os pescadores têm relatado uma significativa diminuição na compra do pescado", aponta.
Em Canoa Quebrada, segundo a prefeitura de Aracati, a Marinha retirou cerca de 700 quilos de óleo. O material recolhido será encaminhado para análise em Fortaleza. De acordo com a assessoria de imprensa da Semace, em todo o litoral leste cerca de uma tonelada e meia de petróleo cru foi recolhida. A substância será destinada aos fornos da fábrica de cimento Apodi. Até agora, 1350 litros de óleo recolhidos no Ceará foram usados como combustível na indústria sediada em Sobral.
Outras manchas de óleo foram encontradas nas praias Cumbe e Pontal do Maceió, em Fortim, na tarde de quinta-feira, 24. Ainda há dúvidas se em Pontal do Maceió trata-se do mesmo material que está sendo visto nas praias do Nordeste. Cerca de 50 pessoas retiraram 200 kg de óleo da praia. Segundo Nason da Silva Cordeiro, bombeiro civil, pescadores e população também participaram da ação. A parte mais difícil na limpeza é lidar com a toxidade do material. "Por ele ser um produto tóxico há a dificuldade da remoção", declara. De acordo com moradores, mesmo após a retirada, o material voltou a atingir a praia pela parte da tarde. É possível ver a presença de resquícios entre as falésias. A Marinha e o Comitê de Emergência para a Limpeza das Praias também encontraram na tarde de ontem mais manchas de óleo na praia Melancia de Baixo, em Icapuí. Em Peroba, foram encontradas manchas em menor proporção.
Para retirar o óleo em alto mar, a Semace explica que foram utilizados botes infláveis, indicados para operações rápidas próximas à costa. O óleo foi acondicionado em sacos e deverá ser destinado a uma fábrica de cimento Apodi, em Sobral.
Um novo sobrevoo foi realizado na manhã de ontem no litoral leste, com foco na faixa de mar próxima aos municípios de Fortim, Aracati e Icapuí. A região é considerada sensível pela Superintendência, por causa da foz do rio Jaguaribe. "Temos que prevenir que o óleo chegue às praias, aos mangues e rios", afirmou o gerente de Análise e Monitoramento da Semace, Gustavo Gurgel. (Com informações de Demitri Túlio, Ítalo Cosme e Luana Façanha)
Saúde
Em uma semana, o Hospital Municipal Osmário Omena de Oliveira, de São José da Coroa Grande, em Pernambuco, atendeu a 17 pessoas com sinais de intoxicação após terem tido contato com o óleo de origem desconhecida