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As dificuldades para os produtores
Reportagem

As dificuldades para os produtores

Custo de certificações e falta de financiamentos bancários são apenas alguns dos obstáculos que encarecem os produtos
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Segundo a Pesquisa com Produtores Orgânicos 2018 feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), os canais preferidos de comercialização dos alimentos orgânicos são a venda direta ao consumidor, com 72% dos votos, seguido pelas feiras especializadas, com 55% e mercados de pequeno porte, incluindo delicatessens, empórios, restaurantes etc), com 43%. Outro dado do estudo se refere ao que acontece do outro lado do balcão, que são as dificuldades que os comerciantes têm não só com a comercialização, gestão e logística dos negócios mas também com os requisitos necessários para se obter a certificação que diferencia o produtor orgânico do comum. “Geralmente, o produtor passa por um período de capacitações, em duas etapas, que leva de um a dois anos, para depois, com o devido acompanhamento, tentar a certificação”, afirma Paulo Jorge Mendes, analista técnico do Sebrae Ceará. “Existe ainda o problema do custo dessa certificação, que exige renovações anuais. Boa parte dos produtores ainda não geram recursos suficientes para arcar com esses custos do próprio bolso”, enumera. Segundo o analista, algumas empresas acabam concentrando o processo de certificação, como no caso das que trabalham com a produção e o beneficiamento das castanhas de caju, um dos produtos que é mais exportado pelo estado. Nesse exemplo, a indústria orienta os produtores a cumprir os requisitos, mas a certificação vai para o nome da empresa. Outro caso local também está relacionado ao caju: a cajuína orgânica em lata desenvolvida pela Embrapa Agroindústria Tropical em parceria com duas empresas de Fortaleza. “Pode-se dizer que a agroindústria ainda está muito incipiente quando se fala em certificação. Agora que o Ceará está começando, apesar do mercado nacional estar experimentando um crescimento fantástico na busca por produtos mais saudáveis, com projeção de crescimento em torno de 30% ao ano”, destaca. “Fora do Brasil, os orgânicos cearenses estão conquistando cada vez mais espaço, como é o caso da farinha de mandioca e da acerola. Apesar dos gargalos, aos poucos a tecnologia vai conseguir reduzir os custos da produção e estender o acesso a uma maior parcela da população”, acredita. (Flávia Oliveira)

 

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