Grupos de direita realizaram ontem em Fortaleza protesto contra decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que declarou a ilegalidade da prisão provisória após condenação em 2ª instância. O evento, que contou com "enterro" simbólico de ministros da Corte, prometeu agenda de pressão e mobilizações de olho em reverter a medida no Congresso Nacional.
Segundo a organização, manifestação de ontem contou com cerca de 8,5 mil pessoas. Apesar de oficialmente convocado para contestar decisão do STF sobre a prisão em 2ª instância, o evento contava com forte tom crítico ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aos ministros do Supremo. "Lula ladrão, teu lugar é na prisão", dizia uma das frases mais repetidas.
"Enquanto a gente trabalha, há uma classe em Brasília tramando para o que o Brasil volte a ser o país da impunidade", diz o procurador Fredy Menezes, do Instituto Democracia e Ética (IDE). O grupo promete agenda de pressão pela aprovação de Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 410/2018, que inclui a previsão de prisão em 2ª instância no texto constitucional.
"Vamos fazer um mapa de votação de cada deputado e senador, e recepcionar cada congressista no aeroporto, ou onde eles estiverem, e perguntar se eles estão do lado da impunidade ou do povo brasileiro (...) quando eles querem, eles votam em uma semana as coisas", destaca Fredy. O grupo também articula a elaboração de um abaixo-assinado.
"O Ceará tem 22 deputados, dois já declararam ser a favor da PEC. Se você tirar os três do lado podre, que são os petistas, sobram 17 deputados. São esses que a gente tem que ir atrás, cobrar uma posição", destacou o advogado Rodrigo Nóbrega, do movimento Brasil 200. "Se essa PEC não for aprovada, nós vamos para o caos", destacava o carro de som do evento.
De acordo com o movimento Vem pra Rua, um dos que organizaram o ato de Fortaleza, os protestos ocorreram ontem em 137 cidades brasileiras. No Ceará, a concentração ocorreu na Praça Portugal, na Aldeota.
No ato, foram carregadas pelos manifestantes onze cruzes, cada uma representando um ministro do STF. Inicialmente, o plano era "enterrar" todas, mas a ideia acabou sendo alterada após pedidos dos manifestantes, que cobravam enterro apenas dos seis que votaram contra a prisão em 2ª instância.
Foram alvo do protesto os ministros Celso de Mello, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski, Rosa Weber. Presidente do STF e autor do voto que desempatou o julgamento, Toffoli foi o mais vaiado durante o protesto.
"STF, presta atenção, a tua toga vai virar pano de chão", gritavam os manifestantes. Durante o ato, eram vários os cartazes e palavras de ordem criticando a Corte e seus ministros, cobrando a prisão de políticos, entre eles o ex-presidente Lula.
Rio de Janeiro
No Rio, o Movimento Vem Pra Rua reuniu poucas pessoas na manhã deste sábado, na praia de São Conrado, na zona sul, para protestar contra o Supremo Tribunal Federal (STF) por impedir a prisão em segunda instância. Os manifestantes se reuniram em torno de um pequeno carro de som e ocuparam menos de um quarteirão da praia de São Conrado, bem em frente ao prédio onde mora o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
São Paulo
Protestos foram registrados em pelo menos outras 10 capitais ontem, um dia após a soltura do ex-presidente Lula. Em São Paulo, os manifestantes se concentraram na Avenida Paulista, em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Os ministros do STF foram os principais alvos do integrantes do ato