Essenciais para o tratamento do novo coronavírus, equipamentos respiradores já provocam verdadeira "corrida" do governo Camilo Santana (PT) para evitar escassez do aparelho durante picos da pandemia no Ceará. Em fevereiro, o Estado possuía apenas 2.137 equipamentos do tipo, nas redes pública e privada, com média de 4,2 mil habitantes por respirador.
Com esse índice, o Estado figurava abaixo da média nacional no período, de 3,2 mil habitantes por respirador, e em 15º lugar no ranking entre os 26 estados e o distrito federal. Entre estados nordestinos, no entanto, o estado aparece com o segundo melhor índice, atrás apenas de Pernambuco (3,2 mil habitantes por aparelho). Os dados são do sistema DataSUS.
Ciente da insuficiência de respiradores diante da atual epidemia, o secretário da Saúde do Ceará, Dr. Cabeto, destaca que o Estado já está se preparando para, em até duas semanas, ampliar o estoque dos equipamentos em mais de 60%. "Já adquirimos mais 300 respiradores na última semana, e em até duas vamos ter mais de 1000 equipamentos novos", afirma.
Com os mil equipamentos que devem ser adquiridos pelo Estado, a média de habitantes por equipamento do Ceará passará a pouco mais de 2,9 mil habitantes por respirador. O novo índice é semelhante ao de estados como o Paraná.
Segundo Dr. Cabeto, maior parte dos respiradores serão adquiridos em contrato conjunto entre Ceará e a Bahia, com empresas chinesas. "Com isso, devemos ficar dentro do perfil de necessidade que vamos precisar para manter os atendimentos", diz, destacando ainda recentes ações do governo para ampliar o número de leitos na rede estadual.
No Brasil, a unidade da federação melhor equipada com equipamentos do tipo é o Distrito Federal, com média de 1,4 mil habitantes por respirador. Seguem a capital federal os estados de Mato Grosso (1,9 mil hab/respirador), Rio de Janeiro (2,2 mil hab/respirador) e São Paulo (2,4 mil hab/respirador).
Já os estados em pior situação são Amapá (8,9 mil hab/respirador), Piauí (7,2 mil hab/respirador) e Maranhão (6,6 mil hab/respirador). Os dados são de fevereiro, sendo anteriores, portanto, ao agravamento da disseminação do covid-19 no País. Após os picos iniciais da doença, maioria dos governos se mobilizou de olho em adquirir equipamentos.
Considerados aparelhos de alta complexidade, respiradores são máquinas que ajudam os pulmões a inspirar e expirar quando o paciente não está com capacidade respiratória plena. Como o novo coronavírus é conhecido por ataques agressivos ao sistema respiratório, a máquina com reserva de oxigênio pode ser a diferença entre a vida e a morte de um paciente.
O risco de que o covid-19 provoque problemas respiratórios graves ocorre sobretudo entre o grupo de risco - formado por idosos, pessoas com doenças crônicas (como asma) ou cardíacas, hipertensas ou com diabetes. Até agora, se estima que cerca de 5% de todos os infectados com a doença precisem de tratamento intensivo.
Equipamentos estão concentrados na rede pública
Aparelhos inestimáveis para cuidados intensivos no tratamento de pessoas com o novo coronavírus, os equipamentos respiradores em funcionamento no Ceará estão quase todos concentrados hoje na rede pública estadual, com menor disponibilidade na rede privada.
Segundo o secretário da Saúde do Estado, Dr. Cabeto, cerca de 70% dos 2.137 aparelhos que o estado possuía em fevereiro estavam em unidades da rede pública cearense. Como o governo planeja comprar mais 1000 novos equipamentos respiradores nos próximos dias, o esperado é que essa concentração aumente ainda mais em até duas semanas.
Boa parte dos novos aparelhos em aquisição pelo Estado, por exemplo, devem ser direcionados ao Hospital Leonardo da Vinci, recentemente reativado pelo governo para fornecer tratamento exclusivo para pacientes com o novo coronavírus. Outros respiradores devem ser encaminhados ainda aos Hospitais Regionais do Interior do Ceará.