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Disseminação do coronavírus em regiões periféricas de Fortaleza preocupa devido a condições de moradia
Reportagem

Disseminação do coronavírus em regiões periféricas de Fortaleza preocupa devido a condições de moradia

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Conforme o secretário de Saúde do Ceará, Dr. Cabeto, houve um acréscimo de casos do novo coronavírus nas áreas da periferia da Capital, embora a maior concentração continue na área nobre. O cenário preocupa devido as condições de moradia, com o adensamento populacional observado nas regiões.

De acordo com a Secretaria da Saúde (Sesa), a infecção foi registrada em 93 dos 121 bairros de Fortaleza até ontem. O número corresponde a 76,85% dos territórios da Capital. Dos quais 18 também registram óbitos em decorrência da doença.

O número de casos na Capital chegou a 919. Na sexta-feira, 3, eram 597. Foram 328 casos a mais, mais de um terço do total na Capital desde a primeira confirmação, em 15 de março. Fortaleza tem ainda 24 das 31 mortes no Estado. Quatro delas foram confirmadas nas últimas 24 horas.

"Há um incremento de casos da região do Meireles, com maior densidade de casos, com acréscimo de casos na periferia. Isso sugere que o cinturão inicialmente constrito a quatro ou cinco bairros já não é o que nós temos no momento", afirmou, ontem, em coletiva transmitida nas redes sociais. "Há uma disseminação para regiões mais populosas, onde a infraestrutura de rede hospitalar precisa ser fortalecida, por isso as medidas isolamento social se fazem importantes", destacou.

Érico Arruda, infectologista do Hospital São José e professor de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (Uece), analisa que o cenário preocupa pois à medida que a infecção se aproxima de ambientes e comunidades com maior densidade populacional, "isso dificulta as medidas de distanciamento social". "A tendência é que tenhamos um número maior de casos", projeta.

"É difícil em uma casa onde vivem dez pessoas em 30, 40 metros quadrados se conseguir distanciamento social. Se uma pessoa se infecta, a tendência é que todos se infectem", afirma. Ele frisa que metade das pessoas infectadas com o novo coronavírus apresentam sintomas. Destes, 30% apresenta sintomas sem gravidade e 20% demanda internação. "Ainda está por vir o maior desafio do sistema de saúde no Estado. Isso tende a acontecer nas próximas quatro semanas", avalia, sobre a pico de casos no Estado.

Conforme o infectologista Anastácio Queiroz, professor da Faculdade de Medicina (Famed) da Universidade Federal do Ceará (UFC), o aumento de casos na Capital está ligado diretamente à "transmissão nas periferias da Cidade" nos próximos dias. "Muitas pessoas que podem transmitir são assintomáticas ou pouco sintomáticas. Essas pessoas que aparentemente não tem doenças que transmitem mais", ressalta. (Ana Rute Ramires)

 

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