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Regional 1 segue com maior número de óbitos na Capital
Reportagem

Regional 1 segue com maior número de óbitos na Capital

Ao mesmo tempo, aumento de mortes nas Regionais 5 e 6 indica propagação rápida do coronavírus para as duas áreas mais populosas da Cidade
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MOVIMENTAÇÃO NAS RUAS do bairro Vila Velha, na Regional I, apesar do lockdown em vigor em Fortaleza (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA MOVIMENTAÇÃO NAS RUAS do bairro Vila Velha, na Regional I, apesar do lockdown em vigor em Fortaleza

Até a quarta-feira, 13, dos 1.030 fortalezenses que morreram em decorrência da Covid-19, pelo menos 232 viviam em bairros da Regional 1. Os dados estão no boletim semanal da Secretaria Municipal da Saúde que detalha a situação epidemiológica na Capital. Diante da transmissão autóctone ou sustentada, como se define a condição em que o vírus é transmitido de pessoa para a pessoa sem que qualquer uma tenha viajado ou estado com indivíduos comprovadamente infectados, as mortes por Covid-19 são importantes marcadores de circulação viral local moderada ou intensa. São também motivo de tristeza para as famílias e de alerta para a população.

"A epidemia teve início muito focada, a partir dos casos importados. Na segunda quinzena de Covid-19 aqui em Fortaleza, a gente já viu um dispersão para os dois aglomerados do litoral, oeste e leste, mais vulneráveis ao vírus", aponta Antônio Lima, gerente da célula de epidemiologia Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Ele explica que essa vulnerabilidade tanto é pelas condições sociais quanto porque o vírus se "dispersa porque é como se ele esgotasse as áreas". "Ele diminui em alguns bairros não só pelas intervenções de prevenção, mas também na medida em que afeta muita gente e aí aumenta a taxa imunológica", explica.

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Segundo Antônio Lima, os vírus caminham conforme encontram as pessoas mais suscetíveis, ou seja, sem anticorpos para combatê-los. Por isso, os bairros que hoje concentram grande parte dos óbitos são aqueles com grandes aglomerados, alta vulnerabilidade social e próximos aos locais iniciais da Covid-19. O epidemiologista atenta que, nos últimos 15 dias, houve uma propagação rápida da doença para regionais 5 e 6, as duas mais populosas da Cidade. "O que temos hoje é que o vírus foi escorrendo pelos bairros. Alguns aglomerados parecem estar perdendo força, embora ainda tenham casos, como Aldeota e Meireles, enquanto outros vão aumentando os casos", indica.

No momento atual, a tendência de concentração de óbitos pela doença na Capital é comprovada nas Regionais 1 e 2, principalmente no Grande Pirambu; no aglomerado dos bairros Barra do Ceará, Vila Velha e Quintino Cunha; na região do Vicente Pinzón e Cais do Porto; assim como nos bairros São João do Tauape e Aerolândia. Nas regionais 5 e 6, os bairros Granja Lisboa, Granja Portugal, Bom Jardim, José Walter, Planalto Ayrton Senna, Mondubim, Jangurussu, Passaré e Messejana são os que despertam maior atenção. As áreas são as de maior vulnerabilidade social em cada região de Fortaleza, com baixo e muito baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Antônio Lima enfatiza que os desafio aumentam por se tratar de uma população mais vulnerável socialmente, que vive em locais de altíssima densidade demográfica e onde o isolamento social é mais complexo. "Além disso são pessoas que normalmente têm mais comorbidades e que dependem mais do Sistema Único de Saúde (SUS)", enumera. "É um tema que vem sendo discutido em todo o País, como proteger essa população. E o isolamento social rígido é a medida mais eficaz que temos para inibir a transmissão no nosso contexto. Não existe medida fora dele", afirma.

Bairro com mais vítimas de coronavírus em Fortaleza, a Barra do Ceará teve aumento de 95,65%, quase o dobro, nas mortes no período de uma semana. No último dia 6 de maio, balanço da SMS apontava 23 óbitos. Já na quarta-feira, 13, o território contava com 45 mortes. O bairro Vicente Pinzon é o segundo com mais mortes na Capital, com incremento de 30% entre uma semana e outra. São 35 mortes no bairro, contra 23 consolidadas no dia 6 de maio. Ao todo, 116 territórios da Capital tiveram mortes pela Covid-19. (Colaborou Matheus Facundo)

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FORTALEZA, CE, BRASIL, 04.05.2020: UPA do bairro Autran Nunes está com atendimento somente para casos graves.  (Fotos: Fabio Lima/O POVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 04.05.2020: UPA do bairro Autran Nunes está com atendimento somente para casos graves. (Fotos: Fabio Lima/O POVO)

Protocolo recomenda azitromicina e corticoide em quadros leves

A Prefeitura de Fortaleza recomendou novo protocolo de tratamento para pacientes diagnosticados com o novo coronavírus na Rede de Atenção Primária à Saúde de Fortaleza. A prescrição de antibiótico azitromicina e medicamentos do tipo corticoide deve ser feita no caso de pacientes com quadro leve de Covid-19, que não demandam internação e com sintomas registrados há pelo menos cinco dias. O protocolo foi recomendado pela Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP-CE), explicou o prefeito Roberto Cláudio em transmissão nas redes sociais ontem, 14.

O protocolo deve ser aplicado nos casos em que os pacientes seriam mandados para casa para ficar em observação. "Ao invés de recomendarmos somente o retorno para casa em observação, a orientação é prescrever esses remédios. Se o paciente aceita a terapia, ele já saiu do posto (de saúde) prescrito e com a medicação", disse.

A indicação deve ser recomendada pelo profissional que fez o atendimento e precisa ser avalizada e aceita pelo paciente. De acordo com o prefeito, o tom de recomendação se deve à falta de critérios científicos de tratamento que possam basear uma orientação como protocolo oficial.

Na transmissão, RC informou que o Lar Torres de Melo, que acolhe 200 idosos, será monitorado após registro de pico de casos de coronavírus. O setor de geriatria da Secretaria Municipal da Saúde visitou a entidade e "ao longo dos próximos dias" iniciará ações de combate à proliferação da Covid-19 no lar. Serão contratados novos profissionais de enfermagem e os idosos serão testados para evitar o contágio. Insumos médicos também serão encaminhados ao local.

Ontem, o Ceará passou dos 21 mil casos confirmados de Covid-19. Segundo números atualizados após 17 horas, são 21.077 casos confirmados e 1.413 mortes em decorrência da infecção. O que corresponde a 672 novos casos confirmados e mais 14 mortes registradas em 24 horas. Os dados são da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).

O balanço indica ainda que 10.818 pessoas estão recuperadas da doença, pouco mais da metade dos casos confirmados. A taxa de letalidade do novo coronavírus está em 6,7%. Do total de confirmações laboratoriais, 13.777 foram registradas em Fortaleza. Apenas nove municípios cearenses não têm confirmações da doença.

Ontem, o Brasil ultrapassou a marca de 200 mil casos confirmados do novo coronavírus. Foram registradas 13.944 novas infecções nas últimas 24 horas, somando 202.918 no total. O número de óbitos passou de 13.149 para 13.993, com o acréscimo dos 844 novos casos registrados, conforme atualização do Ministério da Saúde (MS), às 19h58min. O País é o sexto do mundo com mais casos confirmados. De acordo com o MS, foram realizados 735 mil testes no Brasil. O Ceará é o sexto estado com maior número de testagem. (Colaborou Matheus Facundo)

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