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Camilo e Roberto Cláudio, os maiores influenciadores
Reportagem

Camilo e Roberto Cláudio, os maiores influenciadores

Governador e prefeito tendem a ser os líderes com maior poder de transferir votos para os candidatos que apoiarem
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O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), e o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), serão os maiores definidores dos rumos na corrida ao Paço Municipal. Ambos dispõem do apoio de diferentes estratos da população e contam com ampla rede de apoiadores. A avaliação é de Cleyton Monte, pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem) da Universidade Federal do Ceará (UFC). Ao O POVO, Monte pondera que a fôlego político dos gestores cearenses não significará vida fácil quando os dias de campanha, de fato, começarem.

Opositor do grupo e deputado federal, Capitão Wagner vai para a segunda tentativa de se tornar prefeito como um dos favoritos, segundo anota o docente, lembrando também da petista Luizianne Lins, que geriu a cidade por oito anos (2004-2012) e, se por um lado não terá o apoio declarado de Camilo, fortemente ligado ao pedetismo cearense, certamente verá no ex-presidente Lula um militante a seu favor, ainda apto a transferir votos. Mesmo que em capacidade menor, possivelmente, do que apresentava anteriormente.

Diante do quadro, Monte complementa, a dupla de governantes terá de "renovar o projeto político e escolher um nome que realmente possa unificar a extensa base aliada."

O professor analisa ainda que a influência política do presidente Jair Bolsonaro em Fortaleza tende a ser diminuta. Desde que bateu Fernando Haddad (PT), em 2018, o militar não se esforçou para melhorar a própria imagem junto ao eleitorado da Cidade, segundo diz o cientista político. Para ele, "em uma disputa que vise cargo majoritário, colar a imagem no bolsonarismo torna-se um lance arriscado."

Os irmãos Ciro e Cid Gomes, Monte prossegue, acumulam índices elevados de rejeição, embora possuam aliados estratégicos e tenham boas votações. "Tasso (Jereissati) não se movimenta para ampliar capital político", ele complementa sobre o tucano. "A escolha do General Theophilo em 2018 como candidato ao Governo do Ceará e a decadência do PSDB apontam para um político com pouca relevância no xadrez fortalezense."

Também membros do Lepem, as sociólogas Monalisa Soares e Paula Vieira consideram de diferentes forma a possibilidade de o clima político nacional se refletir em Fortaleza, inclusive com práticas vistas dois anos antes. Para Monalisa, uma interrogação que se impõe é sobre a capacidade de Bolsonaro replicar em 2020 a "onda" de 2018, ano no qual não só se elegeu, mas conseguiu emplacar vários aliados em espaços de poder.

Outra característica nacional que deve se manifestar na esfera municipal é a da disputa entre opositores e apoiadores do presidente, mesmo que a dinâmica das cidades historicamente seja definidora para o perfil dos debates. "Cabe observar quais efeitos a pandemia e os desafios sanitários e econômicos que ela traz terão sobre as discussões eleitorais", ela assinala.

Para Paula, é importante lançar atenção aos nomes que se apresentam como novidades, agentes "de fora" da política. "A repetição desse discurso e vinculação às ideias de Bolsonaro podem não ser declaradas, mas há de considerar que representa uma forma de apoio 'invisível'."

Os nomes que não forem ungidos por caciques da política local ou nacional, ressalta Cleyton Monte, deverão tentar faturar em cima da realidade inicialmente adversa, adequando-a a uma lógica de independência política. "Heitor Férrer, Célio Studart e Renato Roseno seguirão essa linha", muito provavelmente. (Carlos Holanda)

 

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