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Para cada setor, uma solução e forma de retomada específica
Reportagem

Para cada setor, uma solução e forma de retomada específica

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CEARÁ tem instalações industriais que exportam materiais para energia eólica (Foto: Camila de Almeida em 2019/O POVO)
Foto: Camila de Almeida em 2019/O POVO CEARÁ tem instalações industriais que exportam materiais para energia eólica

Na indústria cearense, mesmo após a reabertura completa das atividades, já é esperado um ritmo de retomada diferente a depender do setor. O gerente do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Guilherme Muchale, acredita que para algumas cadeias, como a de bebidas, que, apesar de não ter tido a produção suspensa durante o período de isolamento, viu as vendas caírem em função do fechamento de bares e restaurantes, o reaquecimento vai depender muito de como se dará o comportamento do consumidor daqui para frente.

Em outras, intensivas de mão de obra, como o setor têxtil e de calçados, para além da questão do consumo no varejo, há de se repensar a própria forma de produção, em função dos protocolos de funcionamento. "Isso já começou a ser feito desde a primeira fase, mas uma coisa é pensar a adequação com 40%, outra quando voltar a 100%, o esforço para se adequar aos protocolos é maior".

Mas há também uma grande janela de oportunidades que se abre com a tendência global de encurtamento das cadeias produtivas e descentralização industrial para reduzir a dependência de insumos estrangeiros, como ocorreu na pandemia, com muitos produtos da área da saúde, de filamentos têxteis e componentes eletrônicos, explica Muchale.

O setor de energias renováveis e os voltados para exportação também tendem a performar mais rápido, até em função do avanço de uma infraestrutura logística que já vinha crescendo no Estado, como a Zona de Processamento de Exportação e os portos do Pecém e de Mucuripe.   

Para cada uma delas, ele entende que será necessário um "remédio" diferente. Daí a necessidade de um alinhamento maior entre o setor, os governos (nas diferentes esferas), e a Academia para mitigar os impactos negativos da economia e criar as novas bases de desenvolvimento do Estado. Uma discussão que, necessariamente, passa pela revisão da política de incentivos fiscal, burocracia, ambiente de negócios e os investimentos em inovação.

"Este momento da pandemia e pós vão gerar reflexões para rediscutir a base de desenvolvimento do Ceará. Esta crise exibiu de forma bem nítida, por exemplo, a diferença dos efeitos da crise entre os países que investem maciçamente em ciência e tecnologia daqueles que não, como o Brasil. É muito complicado pensar um perfil industrial diferente do que se tem hoje sem este tipo de investimento".

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