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Fortaleza tem 76,18% dos leitos de UTI para Covid-19 ocupados
Reportagem

Fortaleza tem 76,18% dos leitos de UTI para Covid-19 ocupados

Aumento da taxa de internação pode ser decorrente de fatores como demanda de pacientes do Interior e redimensionamento de leitos. O incremento de casos, suspeitas e óbitos na Capital foram os menores registrados nas últimas três semanas
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Sistema de saúde do Ceará está saturado (Foto: Barbara Moira)
Foto: Barbara Moira Sistema de saúde do Ceará está saturado

A taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Fortaleza é de 76,18%. Esse é o maior número em 23 dias, conforme atualização feita às 20h04min de ontem, 2, na plataforma IntergraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Contudo, na última semana, a região de Fortaleza apresenta incrementos de 3,2% entre os casos suspeitos, 9,6% entre os confirmados e 3,2% nos óbitos. Os valores são os menores registrados nas últimas três semanas, conforme boletim semanal da pasta publicado nesta quinta-feira. O aumento da taxa de internação pode ser decorrente de vários fatores, como demanda de pacientes do Interior e redimensionamento de leitos voltaram a ser direcionados a pacientes com outras patologias.

O Ceará ultrapassou a marca de 116 mil casos confirmados do novo coronavírus. São 116.519 pessoas infectadas e 6.307 mortes pela doença. A letalidade da infecção é de 5,4. Fortaleza é o município com o maior número de confirmações da patologia, com 35.899 casos confirmados e 3.334 mortes. O que corresponde a 30,8% e 52,9% dos registros do Estado, respectivamente.

Desde o dia 3 de junho, a ocupação dos leitos de alta complexidade em Fortaleza se mantém abaixo de 85%. No dia 21, a taxa chegou 59% de ocupação — patamar mais baixo desde o final de abril. Essa foi a taxa estipulada para que o processo de reabertura econômica na Capital pudesse ser iniciado. Conforme o epidemiologista Marcelo Gurgel, professor e membro do GT de Enfrentamento à Covid-19 da Universidade Estadual do Ceará(Uece), a tendência de declínio não é obrigatoriamente de forma contínua. Ou seja, o pequeno "repique" nos números registrados em alguns dias não significa, necessariamente, uma tendência de aumento.

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"É possível ter variação. Sobe um pouco, cai. Essas variações podem ocorrer de forma natural. Tem que observar a tendência dos números na série", detalha. O aumento pode ser resultado de demanda do Interior do Estado, onde a curva de novos casos é crescente. As regiões Norte, Centro-Sul e Cariri têm preocupado pelo aumento de indicadores. As macrorregiões de Sobral (46,75%), Cariri (45,32%) e Litoral Leste/Jaguaribe (48,75%) apresentam incremento preocupante de novos casos.

De acordo com o epidemiologista, a variação pode ser explicada por uma mudança de critério para internamento em UTIs. "As instituições podem deliberar e alterar as condições para a internação. O que leva a colocar um paciente em UTI? Critérios de risco de complicações que precisa ser monitorados. Como agora tem mais leitos disponíveis, o critério pode ter ficado mais flexível. Quando se tem todos os leitos ocupados, posso ser mais exigente no critério".

Outro ponto é o redimensionamento de leitos que já existiam e foram direcionados exclusivamente para pacientes com a infecção durante o pico da doença na Capital. "Também pode mudar o denominador (número total de leitos para Covid-19), visto que hospitais estão revertendo leitos que eram para Covid-19 para outras demandas. Os hospitais também estão voltando procedimentos elegíveis. Quando é uma cirurgia de grande porte e longa de pacientes com complicação, tem que reservar leitos de UTI para o pós-operatório", aponta.

A Secretaria Municipal da Saúde foi procurada pela reportagem pra comentar o aumento da taxa, mas não respondeu até o fechamento desta edição.

 

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