Logo O POVO+
Comando da PM não autoriza entrevista com policiais
Reportagem

Comando da PM não autoriza entrevista com policiais

Edição Impressa
Tipo Notícia

Na última quarta-feira, O POVO enviou e-mail à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) e ao Comando Geral da Polícia Militar. No documento, um pedido para entrevistar os três policiais militares que estiveram entre a calçada e o quarto onde o adolescente Mizael Fernandes da Silva, 13, foi executado, numa casa em Chorozinho, no Ceará, na madrugada do dia 1º deste mês.

Caso não fosse possível a entrevista com os três, bastaria uma conversa jornalística com o policial militar que atirou em Mizael Fernandes ou com o comandante da operação que culminou com a morte do estudante.

LEIA TAMBÉM: Mortes em intervenção policial em 2019 não geraram denúncia

Como resposta, a seção de Relações Públicas do Comando Geral da Corporação informou que "os policiais militares que atuaram no referido caso estão afastados do serviço operacional da instituição e estão à disposição dos órgãos de polícia judiciária que realizam as investigações".

E justificou que "por esta razão, esclarecemos que não há disponibilidade para concessão de entrevistas por parte desses agentes de segurança".

Na última segunda-feira, 6/7, o secretário André Costa afirmou que seria precipitado falar sobre a inocência, culpa, erro ou dolo dos policiais militares envolvidos na morte de Mizael.

"Eu sempre parto da grande confiança que tenho no trabalho dos policiais, mas é importante que a apuração seja feita pela DAI (Delegacia de Assuntos Internos). É outra secretaria, de atuação independente. O caso saiu da delegacia de Chorozinho e foi para a DAI, prefiro aguardar a conclusão da apuração", disse André Costa.

A DAI, que pertence à Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (GCD), não se conformou com a primeira perícia feita no quarto onde Mizael Fernandes foi executado.

Na última semana, a delegada Adriana Câmara e peritos de Fortaleza foram ao local do crime para levantar mais evidências sobre o que realmente aconteceu com o adolescente. Um quebra cabeça já que a cena do delito foi alterada pelos PMs envolvidos na ocorrência.

De acordo com Lizangela Fernandes, tia do garoto e proprietária da casa onde Mizael dormia, o corpo do menino foi retirado da cama e "jogado feito um porco" numa das três viaturas que estavam em frente à residência.

Ela afirmou ao O POVO que depois de deixarem o estudante na viatura, o PM de estatura alta (o mesmo que efetuou o disparo) voltou para o interior da casa. Após algum tempo, ele teria saído do local do crime levando o edredom, o travesseiro e o celular de Mizael. Só então, saíram em disparada. (Demitri Túlio)

 

O que você achou desse conteúdo?