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Meses de ventos mais fortes aumentam riscos para esportes no mar
Reportagem

Meses de ventos mais fortes aumentam riscos para esportes no mar

Entre janeiro e julho deste ano, seis pessoas morreram por afogamento em praias no Ceará. Foram duas mortes em janeiro e as demais, em fevereiro, março, abril e junho
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FORTALEZA, CE, BRASIL, 22.08.2020: Praticas de esportes aquaticos na orla, e como ter os seus devidos cuidados para não acontecer acidentes, com o aumento dos ventos nesse periodo do ano. Em epoca de COVID-19.  (Foto: Aurelio Alves/ O POVO). (Foto: Aurelio Alves/ O POVO)
Foto: Aurelio Alves/ O POVO FORTALEZA, CE, BRASIL, 22.08.2020: Praticas de esportes aquaticos na orla, e como ter os seus devidos cuidados para não acontecer acidentes, com o aumento dos ventos nesse periodo do ano. Em epoca de COVID-19. (Foto: Aurelio Alves/ O POVO).

Por todo o Estado, os característicos ventos mais fortes no segundo semestre do Ceará são favoráveis para a prática de diferentes tipos de esportes no mar, como o kitesurf, atraindo turistas e locais para as praias. Ao mesmo tempo, ao se praticar as diferentes modalidades, é necessário ter atenção para os possíveis riscos que elas oferecem e para os devidos cuidados para prevenir acidentes.

No último dia 19, por exemplo, um grupo de amigos que passeava em dois caiaques, na Praia de Iracema, foi resgatado pelo helicóptero Fênix 9, da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), após uma das embarcações virar. Ainda neste ano, em julho, pelo menos dois casos foram registrados em que caiaques ficaram à deriva em praias da Capital. Já em outubro de 2019, um personal trainer morreu após sofrer acidente durante a prática de kitesurf na Barra do Ceará.

Ao todo, entre janeiro e julho deste ano, seis pessoas morreram por afogamento em praias no Ceará. Foram duas mortes em janeiro e as demais, em fevereiro, março, abril e junho — uma em cada mês. Os dados fornecidos ao O POVO pela Gerência de Estatística e Geoprocessamento (Geesp/Supesp) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) apontam queda de 53,85% em relação aos registros do primeiro semestre de 2019, quando foram contabilizados 13 óbitos por afogamento em praias no Estado. No segundo semestre do ano passado ocorreram outras três mortes, sendo duas em agosto e uma em setembro.

Quando se fala na prática de esportes no mar, os principais motivos para acidentes são o desconhecimento sobre as condições naturais — como vento e correntes —; o estado inadequado de equipamentos — sejam eles próprios ou alugados —; e a falta de conhecimento técnico, segundo o primeiro-tenente Rodrigo Carneiro, da 1ª Companhia de Salvamento Marítimo (1ªCSMar), que atua na Praia do Futuro. "Outra (questão) bastante importante é o físico. Muitas pessoas cansam e começam a ficar à deriva no mar", acrescenta.

Na região, as ocorrências envolvem principalmente os praticantes de kitesurf. Alguns, de acordo com o primeiro-tenente, não respeitam o espaço em que podem velejar e entram na área destinada aos banhistas. "A própria ação dos ventos, em esportes que necessitam dele, como kitesurf e windsurf, pode trazer risco maior para esses atletas devido às fortes rajadas que entram nesse segundo semestre no Ceará", complementa.

O grande risco nessa época de ventos fortes é a correnteza. "Existe um padrão nesse vento do Ceará, que vem na direção nordeste, e isso acarreta uma mudança significativa no comportamento do mar. Há uma correnteza muito grande para o lado oeste, por exemplo, então é muito provável que uma pessoa que vá praticar stand up paddle não consiga retornar para o ponto de origem, principalmente se não estiver dentro de um conceito de área abrigada", explica o major André Ribeiro, do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBCE).

Dicas e alertas para entrar no mar
Dicas e alertas para entrar no mar (Foto: Luciana Pimenta)

O major aponta, também, que cada modalidade tem questões técnicas que devem ser conhecidas por quem vai praticá-la. "Todo mundo pensa que stand up paddle é simples, mas alertamos que ele precisa ser orientado, precisa ser praticado por pessoas que têm uma adaptação ao meio aquático e que usem obrigatoriamente o equipamento de segurança", exemplifica.

Em nota ao O POVO, a Marinha do Brasil informa que, por meio da Capitania dos Portos do Ceará (CPCE) atua na área marítima e em vias navegáveis interiores do Ceará segundo a Lei 9.537/1997 (LESTA), que dispõe sobre a segurança do tráfego aquaviário em águas sob jurisdição nacional.

"As atribuições e competências da Autoridade Marítima Brasileira se referem, exclusivamente, à garantia da segurança da navegação, da salvaguarda da vida humana no mar e águas interiores, e da prevenção à poluição hídrica causada por embarcações, plataformas e suas instalações de apoio", afirma a nota.

Inspetoria de Salvamento Aquático

As equipes permanecem de prontidão nos postos fixos, nas torres de monitoramento, e os guarda-vidas podem ser procurados e acionados nos postos.

Onde: Barra do Ceará, Carapebas, Ponta Mar, Luzeiros, Praia de Iracema e Náutico

Horário: das 8h às 17 horas

Projeto Kitesurf Guarda-Vidas

Desde 2013, o projeto Kitesurf Guarda-Vidas, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CMBCE), treina instrutores e praticantes da modalidade em relação a salvamento aquático, atendimento pré-hospitalar, análise de segurança e técnicas de resgate com kite. A iniciativa já conta com mais de 360 kitesurfistas formados.

Dicas e alertas para entrar no mar

Para levar junto

Sempre usar colete salva-vidas, que deve ser chancelado por autoridade competente.

Comprar ou alugar equipamentos seguros e em boas condições, que não tragam nenhum risco técnico.

Levar um método de comunicação, como celular ou rádio, em sacos estanques.

Cuidados que valem ouro

Nunca praticar esportes no mar sozinho. É importante estar acompanhado para, caso aconteça um acidente ou uma situação adversa, alguém possa dar suporte ou pedir ajuda.

Ficar alerta para informações da Marinha do Brasil, como ventos e ondas.

Se estiver chovendo, não entrar no mar.

O conhecimento técnico é muito importante. É imprescindível buscar profissionais capacitados e habilitados ao decidir iniciar uma prática esportiva.

Ter prudência e responsabilidade nas práticas esportivas náuticas.

A quem pedir ajuda

Em caso de emergência, a instituição que inicialmente deve ser acionada é o Corpo de Bombeiros, pelo número 190.

Fontes: 1º tenente Rodrigo Carneiro, da 1ª Cia de Salvamento Marítimo (1ªCSMar), e major André Ribeiro

O que são as correntes de retorno

Entre as praias mais perigosas aos banhistas estão aquelas que possuem correntes de retorno.

Em Fortaleza, um destaque é para a Praia do Futuro, mas elas podem se formar em qualquer praia.

As correntes de retorno são comuns próximo a paredões e vão existir quando se formam valas. Elas são móveis e dependem de condições climáticas de cada região.

Essas correntes perdem força quando ultrapassam a arrebentação.

Elas são estreitas, intensas e fluem em direção ao mar aberto.

Para fugir dos riscos das correntes

Para pedir ajuda, mantenha a calma e levante o braço para chamar atenção.

Para sair da corrente de retorno, nade paralelamente à praia.

Conserve sua energia boiando, aproveite a força das ondas para voltar à praia.

Fonte: Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE) e Major André Ribeiro

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