O primeiro ano de gestão do prefeito eleito de Fortaleza, José Sarto (PDT), será diferente dos primeiros 12 meses de qualquer outro gestor. O cenário inédito após o pico da pandemia vai impor desafios em diferentes esferas da administração pública e deverá atrair a atenção de Sarto desde as primeiras horas de governo.
Temas como saúde, educação, responsabilidade fiscal e geração de emprego e renda devem dominar a pauta governista no início do ano. Mesmo com a vacinação que se anuncia, a tendência é que as consequências da pandemia sigam ao menos no primeiro ano de gestão.
A prefeitura deverá atuar em pelo menos duas frentes: uma sanitária, para manutenção do controle da pandemia, reforço em equipamentos de saúde e demais necessidades e outra econômica, assegurando a saúde financeira do município, política implementada com sucesso na última gestão, e a retomada de investimentos visando geração de emprego e renda; sobretudo porque em janeiro está anunciado o fim do auxílio emergencial por parte da União.
Emanuel Freitas, professor de Teoria Política da Uece, aponta que 2021 exigirá "jogo de cintura" de Sarto em relação aos vereadores de oposição ligados ao grupo de Capitão Wagner (Pros). "Eles terão como objetivo manter a campanha ativa. A estratégia já mostrou efeito com o próprio Wagner, que seguiu em campanha desde 2016. Esse grupo manterá a campanha através de pautas de costumes, questões relacionadas à vacinação obrigatória, entre outras coisas. Um bom trabalho nesse sentido pavimenta o caminho eleitoral para os próximos ciclos.
Freitas opina ainda que o principal recado das urnas foi o "desgaste do grupo governista" pela vitória com margem apertada em relação ao que diziam às pesquisas eleitorais anteriores ao pleito. "Sarto foi atacado como candidato dos Ferreira Gomes e me parece que essa 'acusação' foi mais forte e teve mais influência no resultado final da eleição do que a tentativa de fazer do Wagner o candidato do Bolsonaro", relata.
Apesar disso, os primeiros anos da gestão Sarto tendem a ser, institucionalmente, tranquilos. Apesar da ampliação da bancada da oposição na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), o grupo do prefeito eleito manteve maioria e tende a seguir na presidência da Casa. No Estado, Sarto é alinhado ao governador Camilo Santana (PT) com quem trabalhou em conjunto durante a pandemia na condição de presidente da Assembleia Legislativa (AL-CE). O que lhe garante, em teoria, ao menos outros dois anos de entendimento com a gestão estadual.