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Posse nos EUA: Joe Biden assume a presidência hoje sob forte tensão
Reportagem

Posse nos EUA: Joe Biden assume a presidência hoje sob forte tensão

Democrata será empossado como 46° presidente americano com poucos convidados e um esquema de segurança sem precedentes. Donald Trump não deve comparecer à cerimônia
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WASHINGTON, DC - 19 DE JANEIRO: O edifício do Capitólio é cercado por bandeiras americanas no National Mall em 19 de janeiro de 2021 em Washington, DC. Medidas de segurança rígidas estão em vigor para o dia da posse devido a maiores ameaças à segurança após o ataque ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro. Stephanie Keith / Getty Images / AFP
 (Foto: Stephanie Keith / Getty Images / AFP)
Foto: Stephanie Keith / Getty Images / AFP WASHINGTON, DC - 19 DE JANEIRO: O edifício do Capitólio é cercado por bandeiras americanas no National Mall em 19 de janeiro de 2021 em Washington, DC. Medidas de segurança rígidas estão em vigor para o dia da posse devido a maiores ameaças à segurança após o ataque ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro. Stephanie Keith / Getty Images / AFP

A equipe do presidente eleito dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, anunciou que está preparada para “qualquer cenário que possa surgir” no inauguration day (dia da inauguração), como é conhecido o dia da posse presidencial no país, nesta quarta-feira, a partir do meio-dia (14 horas em Brasília).

A tensão em Washington salta aos olhos de quem transita próximo ao Capitólio, cercado por arames, blocos de concreto e 25 mil soldados da Guarda Nacional. A cerimônia de posse de Biden será diferente de tudo que já se viu na democracia americana.

A violência política contra presidentes nos EUA é algo inédito, com quatro deles sendo mortos no exercício do cargo. Por isso a segurança em cerimônias que envolvem o chefe da nação, naturalmente, envolvem esquemas minuciosos.

WASHINGTON, DC - 19 DE JANEIRO: As tropas da Guarda Nacional bloqueiam o tráfego perto do Capitólio dos EUA em 19 de janeiro de 2021 em Washington, DC. Dezenas de milhares de soldados da Guarda Nacional foram destacados como segurança adicional para a posse do presidente eleito Joe Biden após o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio dos EUA. Nathan Howard / Getty Images / AFP
Foto: Nathan Howard / Getty Images / AFP
WASHINGTON, DC - 19 DE JANEIRO: As tropas da Guarda Nacional bloqueiam o tráfego perto do Capitólio dos EUA em 19 de janeiro de 2021 em Washington, DC. Dezenas de milhares de soldados da Guarda Nacional foram destacados como segurança adicional para a posse do presidente eleito Joe Biden após o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio dos EUA. Nathan Howard / Getty Images / AFP

No entanto, as imagens do ataque à democracia por extremistas pró-Trump, no início deste mês, geraram maior apreensão e consequentemente adoção de medidas mais rigorosas.

“A apreensão é a maior diferença desta posse para as anteriores. Antes não tínhamos essa inquietação para saber se tudo vai ocorrer como deve, se não haverá protestos ou mesmo atentados. A segurança em posses é tradicional, mas a ideia dessa expectativa, não. As pessoas querem que o evento ocorra logo para fechar esse ciclo”, explica Lucas Leite, professor de Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap).

Para Leite, a ausência de Trump na posse, anunciada pelo próprio presidente nas redes sociais antes de ter a conta banida de várias plataformas, é “menos prejudicial” do que se ele estivesse presente.

“A não ida de Trump significa uma perpetuação daquilo que ele sempre foi enquanto esteve no poder: um antidemocrata, um homem autoritário, alguém que não se preocupa com os ritos democráticos. Penso que as pessoas já esperavam que ele não fosse à cerimônia”, pontua.

Esta semana, um membro da equipe de transição disse a jornalistas que o plano é que Biden faça o juramento na escadaria do Capitólio, como tradicionalmente ocorre, mas sem descartar a possibilidade de que a cerimônia ocorra no interior do prédio caso necessário.

WASHINGTON, DC - 18 DE JANEIRO: Os preparativos são feitos antes de um ensaio geral para a 59ª cerimônia inaugural do presidente eleito Joe Biden e do vice-presidente eleito Kamala Harris no Capitólio dos EUA em 18 de janeiro de 2021 em Washington, DC. Houve uma breve interrupção após uma "ameaça externa à segurança" forçar a evacuação da área. Biden fará o juramento como 46º presidente em 20 de janeiro. Tasos Katopodis / Getty Images / AFP
Foto: Tasos Katopodis / Getty Images / AFP
WASHINGTON, DC - 18 DE JANEIRO: Os preparativos são feitos antes de um ensaio geral para a 59ª cerimônia inaugural do presidente eleito Joe Biden e do vice-presidente eleito Kamala Harris no Capitólio dos EUA em 18 de janeiro de 2021 em Washington, DC. Houve uma breve interrupção após uma "ameaça externa à segurança" forçar a evacuação da área. Biden fará o juramento como 46º presidente em 20 de janeiro. Tasos Katopodis / Getty Images / AFP

O único rito essencialmente obrigatório durante a posse é que o presidente recite o juramento previsto na Constituição. O local, desfiles e outras cerimônias são mais tradição do que necessidade constitucional em si.

Fábio Gentile, cientista político e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) considera que a posse de Biden, até certo ponto, pode ser vista como o início de um lento retorno à normalidade.

“A primeira coisa após a posse é resgatar a confiança nos princípios constitucionais e governar para a maioria e para a minoria. Dar o exemplo, respeitando as instituições, a democracia e a constituição”, defende.

Para ele, é importante ficar atento à movimentação nos EUA durante o início da gestão Biden, porque esta pode “indicar um caminho” para outras democracias ao redor do mundo.

“Os EUA são uma liderança e indicam, sim, um caminho. Claro que não podemos confiar somente nessa lógica mecanicista, mas é provável que a democracia liberal esteja reagindo à patologia populista”, destaca.

Quando assumir, Biden terá que gerir múltiplas crises. Os EUA estão no momento mais crítico da pandemia de Covid-19, com recordes de mais de quatro mil mortes diárias e atingindo nesta terça-feira, 19, 400.000 mortes totais.

Além disso, o descontrole na pandemia prejudica diversas searas como a economia e a geração de emprego e renda. A partir de hoje, a habilidade do democrata, que na campanha repetiu o termo “time to healing” (tempo de curar) será testada à exaustão.

WASHINGTON, DC - 19 DE JANEIRO: (LR) Douglas Emhoff, o vice-presidente eleito dos EUA Kamala Harris, o Dr. Jill Biden e o presidente eleito dos EUA Joe Biden participam de um serviço memorial para homenagear as quase 400.000 vítimas americanas da pandemia do coronavírus no Lincoln Memorial Reflecting Pool 19 de janeiro de 2021 em Washington, DC. Como a capital do país se tornou uma cidade-fortaleza de bloqueios de estradas, barricadas e 20.000 soldados da Guarda Nacional devido ao aumento da segurança em torno da posse de Biden, 400 luzes foram colocadas ao redor do Reflecting Pool para homenagear os quase 400.000 americanos mortos pelo COVID-19. Chip Somodevilla / Getty Images / AFP
Foto: Chip Somodevilla / Getty Images / AFP
WASHINGTON, DC - 19 DE JANEIRO: (LR) Douglas Emhoff, o vice-presidente eleito dos EUA Kamala Harris, o Dr. Jill Biden e o presidente eleito dos EUA Joe Biden participam de um serviço memorial para homenagear as quase 400.000 vítimas americanas da pandemia do coronavírus no Lincoln Memorial Reflecting Pool 19 de janeiro de 2021 em Washington, DC. Como a capital do país se tornou uma cidade-fortaleza de bloqueios de estradas, barricadas e 20.000 soldados da Guarda Nacional devido ao aumento da segurança em torno da posse de Biden, 400 luzes foram colocadas ao redor do Reflecting Pool para homenagear os quase 400.000 americanos mortos pelo COVID-19. Chip Somodevilla / Getty Images / AFP

Segurança

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