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Prefeitura quer reforma até março; sem mudanças, projeção de déficit é de 1 bi em 10 anos
Reportagem

Prefeitura quer reforma até março; sem mudanças, projeção de déficit é de 1 bi em 10 anos

Gestão municipal cita haver desequilíbrio financeiro e atuarial, o que já configuraria por si uma condição de irregularidade
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Antônio Henrique (à esq.), Sarto e o vice Élcio Batista, na posse (Foto: Fabio lima )
Foto: Fabio lima Antônio Henrique (à esq.), Sarto e o vice Élcio Batista, na posse

A Prefeitura de Fortaleza foi procurada por O POVO durante a tarde de quarta-feira, 11, e, em nota, respondeu a questionamentos feitos pela reportagem. A administração afirmou que o Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP) do Município necessita de renovação até março de 2021 e que para isso a Prefeitura "não pode estar irregular".

"O CRP é premissa para receber transferências de crédito voluntárias. Sem ele, o Município recebe apenas as transferências constitucionais. Fica também impedido de celebrar acordos, contratos, convênios e receber empréstimos e financiamentos", salienta o comunicado enviado pela assessoria de comunicação.

Como outro fator que justifica a reforma da Previdência municipal, o Paço Municipal cita haver desequilíbrio financeiro e atuarial, o que já configuraria por si uma condição de irregularidade, impedindo a renovação do CRP.

Indagada sobre se tem havido de fato diálogo com a parcela de servidores descontente com a proposta, a gestão de Sarto respondeu que Ésio Feitosa, articulador político da Prefeitura, lidera as tratativas e recebeu 17 representantes sindicais para conversa nessa quinta-feira.

Feitosa, por sua vez, é um dos que alertam que, se a reforma não for aprovada, os cofres municipais terão de aportar, somente neste ano, R$ 402,6 milhões.

E, de acordo com números do Executivo, R$ 504,9 milhões em 2022, pois a reserva existente foi consumida nos últimos anos em razão do déficit. Feitosa chama atenção ainda para a possibilidade de que o valor deficitário atinja R$ 1 bilhão nos próximos 10 anos.

A Prefeitura de Fortaleza pretende criar dois fundos de custeio para a Previdência. Um financiará os próximos servidores, futuros aprovados em concursos públicos. O outro, os atuais. Atualmente, os servidores ativos, ao contribuírem com a Previdência Social, estão financiando aqueles que já estão aposentados.

"A contribuição dos servidores e do município não é suficiente para os atuais (aposentados). Nunca foi feito esse controle no passado. Essa preocupação que se está tendo agora é de fazer uma análise atuarial. O dinheiro não é suficiente para bancar as aposentadorias dos servidores, aposentados e futuros pensionistas", disse um técnico da Prefeitura em caráter reservado.

Logo que tomou posse, em 1º de janeiro, o prefeito José Sarto (PDT) afirmou que a adequação da Previdência às diretrizes federais seria o primeiro grande debate que a gestão levaria ao Parlamento.

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