Logo O POVO+
Para Camilo, faltou Bolsonaro assumir responsabilidade por ações contra a pandemia
Reportagem

Para Camilo, faltou Bolsonaro assumir responsabilidade por ações contra a pandemia

| ENTREVISTA | À Rádio O POVO CBN, ontem, governador do Ceará fez críticas a postura do Governo Federal durante a pandemia e ao senador Eduardo Girão
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Ciro Gomes, Lula e Camilo Santana, em um passado que começa 
a ficar distante (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula Ciro Gomes, Lula e Camilo Santana, em um passado que começa a ficar distante

O grande problema enfrentado pelo Brasil desde que a pandemia de Covid-19 chegou ao País, no fim de fevereiro de 2020, tem sido "a falta de uma liderança nacional". A opinião é do governador Camilo Santana (PT). Em entrevista à Rádio O POVO CBN na manhã de ontem, ele afirmou que, por não haver essa coordenação nacional por parte do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), estados e municípios "tiveram que assumir esse papel".

Para o governador, faltou a autoridade máxima do País definir os rumos e a orientação que deveriam ser seguidos, "assumindo as responsabilidades". "O presidente nunca nos chamou (os governadores) para discutir a pandemia. Isso é absurdo", afirmou.

ASSISTA À ENTREVISTA DE CAMILO SANTANA À RÁDIO O POVO CBN

Questionado sobre ameaça feita pelo presidente na última quarta-feira, 5, de editar decreto contra medidas de distanciamento social adotadas por governadores e prefeitos, Camilo declarou que procura construir uma "relação institucional" com o Governo Federal. Além disso, afirmou que, apesar das divergências de posicionamento, tem mantido "boas relações" com os ministros da Saúde.

A postura do senador Eduardo Girão (Podemos-CE) em relação a questionamentos sobre supostas irregularidades em compras feitas pelo governo do Estado durante a pandemia também foi comentada na entrevista. Para Camilo, Girão tem "simplesmente defendido Bolsonaro", o que considera "inadmissível".

"Defendo que todo e qualquer tipo de investigação possa ocorrer, mas que (ela) seja séria e imparcial. Que não se aproveite disso do ponto de vista político", afirmou o governador. "O Ceará vem sendo campeão em transparência inclusive pela Controladoria Geral da União (CGU). Fomos nota dez em relação à Covid-19", ressaltou.

Nessa semana, o Ministério Público Federal (MPF) arquivou procedimento instaurado para apurar as supostas irregularidades, que teriam ocorrido por meio de contratos com a empresa China Meheco Corporation. Conforme o MPF, as investigações não constataram irregularidades que configuram-se ato improbidade administrativa.

No mês passado Girão apresentou requerimentos propondo que uma série de gestores e ex-gestores cearenses fossem convocados para depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. O objetivo seria "verificar a adequada aplicação dos recursos federais repassados ao Estado do Ceará em razão da pandemia de Covid-19", segundo o senador justificou à época.

Na entrevista à O POVO CBN, Camilo Santana afirmou que o Estado recebeu todos os bens adquiridos. "Lembrando que são insumos e equipamentos que estão salvando vidas no estado do Ceará", destacou.

Camilo e Girão fazem parte de grupos opostos que devem disputar o Governo do Estado em 2022. O senador é um dos nomes cotados na oposição para a disputa do Executivo estadual, enquanto o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), é apontado como provável nome dos governistas para disputar a sucessão de Camilo.

Em resposta às críticas do governador, Girão afirmou, em nota enviada ao O POVO, defender que tanto o Governo Federal quanto estados e municípios sejam investigados na CPI. Ele também disse que "tudo aquilo que o incomoda (a Camilo) vira declarações intempestivas sobre supostas 'fake news', 'calúnias' e 'estranhezas'".

"O governador do Ceará classifica como 'inadmissível' o nosso esforço para dar respostas à população sobre compras superfaturadas, calotes de respiradores, desmanche de hospital de campanha e outros temas que levaram milhões dos cofres públicos e, ao mesmo tempo, ceifaram vidas humanas durante a pandemia. Sobretudo em nosso Estado", diz.

O senador enfatizou ainda que adota conduta "pautada por princípios e valores". "Não há espaço para acordos, 'camaradagens' ou 'barganhas', práticas tão comuns na gestão estadual cearense", complementou. (colaborou Vítor Magalhães)

 

O que você achou desse conteúdo?