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Cerco sob vacinas suspeitas marca nova etapa na CPI da Covid
Reportagem

Cerco sob vacinas suspeitas marca nova etapa na CPI da Covid

| INVESTIGAÇÃO | Mais que uma das linhas de investigação, suspeitas envolvendo compras de vacinas viraram principal foco de trabalhos de senadores na comissão
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Cerco sob vacinas suspeitas marca nova etapa na CPI da Covid	 (Foto: OP+)
Foto: OP+ Cerco sob vacinas suspeitas marca nova etapa na CPI da Covid

Suspeitas envolvendo processos de compra de vacinas pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido) deixaram de ser apenas uma das linhas de atuação da CPI da Covid no Senado. Desde o início de julho, a agenda da comissão tem sido marcada por oitivas relacionadas às denúncias envolvendo imunizantes, em "cerco" que deve continuar nas próximas semanas.

Nesse sentido, o depoimento mais aguardado deve ocorrer na próxima semana, em 20 de julho, quando a CPI ouvirá o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR). Ex-ministro da Saúde de Michel Temer (MDB), Barros é apontado como homem de influência na pasta e é citado em diversas suspeitas de fraudes na compra de vacinas.

"Infelizmente, o encaminhamento dado para o controle da pandemia no Brasil foi completamente equivocado e isso tem ficado cada vez mais claro com a CPI. Queremos justiça pelas mais de 530 mil vidas perdidas!", justificou a agenda, na última sexta-feira, o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM).

Ricardo Barros seria, segundo relatos de denunciantes, o "avalizador" de diversas indicações na pasta, incluindo a do ex-diretor de Logística Roberto Dias, acusado por Luiz Dominguetti de ter pedido propina sobre vacinas. Além disso, Barros é autor de uma emenda parlamentar que facilitou a compra de vacinas estrangeiras, sobretudo no caso da indiana Covaxin.

Negando as acusações, Barros chama denúncias de "fake news" e tem tentado antecipar depoimento no grupo, chegando a entrar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para ser ouvido. "Não há 'terrível suspeição' (na compra da Covaxin). Basta a CPI ouvir a mim e a Precisa. Todos os já ouvidos na CPI me isentaram", publicou nas redes sociais.

Além dele, diversos outros gestores do Ministério da Saúde ou de empresas intermediadoras de vacinas que possuem relação com os contratos sob suspeita devem ser ouvidos já na próxima semana. Na terça-feira, 13, por exemplo, será ouvida Emanuelle Medrades, diretora técnica da Precisa Medicamentos (empresa importadora da Covaxin).

No dia seguinte, será a vez do depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula, acusado de ter "aberto as portas" do Ministério para representantes da Davati Medical Supply. A empresa é acusada de negociar contrato com cobrança de propina de US$ 1 por dose da AstraZeneca.

Para a quinta-feira, 15, está marcado depoimento de Cristiano Carvalho, representante oficial da empresa Davati Medical Supply no Brasil. Encerrando a semana, a CPI da Covid ouvirá na sexta-feira, 16, o coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde que teria aberto, segundo os senadores, uma empresa em Brasília três dias antes do jantar marcado pela suposta oferta de propina para a compra de doses da AstraZeneca.

Além dos depoimentos, a CPI da Covid também começará a avaliar documentos do Ministério da Saúde ligados aos processos de compra de vacina sob suspeita. Na última sexta-feira, 9, chegaram à comissão os documentos relativos à contratação da vacina indiana Covaxim, após diversas reclamações de senadores pela demora da chegada dos dados.

"Há uma má vontade realmente do doutor Queiroga (Marcelo, ministro da Saúde), que veio aqui e se escusou de falar a verdade", disse Omar Aziz.

 

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