Concluindo viagem ao Ceará, o ex-presidente Lula (PT) realiza hoje e amanhã uma série de encontros com líderes de partidos aliados em Fortaleza. Na pauta, que tenta pavimentar possíveis alianças locais ou nacionais para o PT na eleição de 2022, estão presidentes de diversas siglas, incluindo o PCdoB, o Psol e o MDB do ex-senador Eunício Oliveira.

"Ainda é cedo para dizer o que vai acontecer em 2022. Estamos em uma fase de conversar com as pessoas, saber o que as pessoas estão pensando, saber o que elas acham sobre os problemas que estamos enfrentando", disse Lula no sábado, 21, durante visita com Camilo Santana (PT) ao Complexo Portuário do Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante.

Em coletiva de imprensa, Lula também destacou que não possui vetos sobre quais partidos poderá dialogar, "desde que eles queiram conversar de volta". "Não tem veto ideológico para conversar, eu não tenho problema para conversar com pessoas mais a direita, mais ao centro. É dessa conversa que a gente pode tirar proveito de alguma coisa que a gente não saiba. Só não posso conversar se alguém não quiser conversar comigo".

Nesse sentido, o petista destacou possibilidade de diálogo até com o centrão, embora tenha feito diversas críticas ao bloco de partidos, hoje principal fiador da governabilidade de Jair Bolsonaro (sem partido) no Congresso. "(O centrão) foi recriado para fazer o impeachment da Dilma. Agora, voltaram, para quê? Para dar sustentação ao Bolsonaro", afirma.

Até a noite de ontem, no entanto, siglas importantes do centrão no Ceará, como o PSD, não haviam recebido convite para conversar com o ex-presidente. No Estado, o partido é chefiado pelo ex-vice-governador Domingos Filho e tem se estabelecido como a segunda maior força política local, atrás apenas do PDT do clã Ferreira Gomes.

Um dos líderes com conversa confirmada com Lula é o líder maior do MDB no Ceará, o ex-senador Eunício Oliveira. Na noite de ontem, o emedebista, sem mandato desde 2018, disse ter recebido convite para encontrar Lula no hotel Gran Marquise, onde o petista está hospedado, mas que ainda estaria aguardando a definição do horário da conversa.

Na entrevista de sábado, Lula chegou a dizer que a volta de Eunício ao Legislativo "ajudaria muito" um governo de esquerda. "Eunício foi meu ministro das Comunicações, foi um deputado importante, depois um senador importante. Minha relação com ele foi a melhor possível", disse. Atualmente, o emedebista mantém postura "ambígua" no Ceará, apoiando o governo Camilo mesmo fazendo oposição ao PDT de Cid e Ciro Gomes.

Já pela manhã de hoje, serão recebidos por Lula líderes de partidos como PCdoB e Psol. Segundo Ailton Lopes, presidente do Psol no Ceará, reunião ocorre já as 10h30min. Em nota, a sigla destaca que sempre fez oposição aos governos do PT, mas que é necessária uma união "para derrotar Bolsonaro e fazer uma agenda de defesa da democracia". (Carlos Mazza)