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Impacto social e psicológico em vítimas de acidentes
Reportagem

Impacto social e psicológico em vítimas de acidentes

Sobreviventes. Trânsito da Capital
Edição Impressa
Tipo Notícia

Reduzir acidentes, além de salvaguardar vidas e trazer benefícios para outras áreas, também evita traumas psicológicos e impacto social na rotina de pessoas. A médica Riane explica que o tempo de reabilitação de quem sofre politraumatismo pode ser bastante longo e algumas condições podem ser permanentes.

"Além do drama pessoal, o impacto social e econômico de uma vítima de trânsito tem reflexo em toda a família do paciente, que muitas vezes passa de provedor da casa para dependente permanente do apoio de parentes, até para o acompanhamento durante internações e consultas", destaca.

O advogado Emerson Damasceno, 51, teve a vida mudada por um acidente de trânsito. Ele voltava de treino de bicicleta quando foi atropelado por um carro.

Por conta do acidente, que aconteceu em 2014, o advogado teve uma lesão medular muito grave e ficou paraplégico. O acontecimento fez ele enxergar a sociedade de forma diferente e ser visto por ela com outros olhos, de exclusão.

"Isso me fez perceber que a sociedade não vê como bem-vindas as pessoas com deficiência. Eu tinha uma visão de sociedade depois passei a ter outra", pontua.

Além do impacto social, há também o psicológico. De acordo com o psicólogo Flávio Mota, vítimas de trânsito podem apresentar fobia ao voltar a utilizar o transporte no qual se acidentaram.

Para Camila Lopes, 29, o trauma ainda é recente. A personal trainer circulava de moto quando foi atingida por um carro, há pouco mais de um mês, chegando a ficar desacordada.

Como consequências físicas, Lopes teve alguns machucados, escoriações e um dedo fraturado, precisando se afastar por um período do trabalho. No entanto, o impacto psicológico persiste e hoje ela não consegue mais usar moto.

"No mesmo dia do acidente eu não consegui dormir direito porque ficava acordando toda hora assustada (...) Quando eu voltei a dirigir, mesmo estando dentro do carro eu passei por momentos de susto", desabafa.

Mesmo que ainda existam desafios, a redução de acidentes e mortes no trânsito em Fortaleza é uma noticia vista com esperança, principalmente por aqueles que já se acidentaram. Emerson, que também é paratleta e presidente da Comissão de Defesa da Pessoa com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil secção Ceará (OAB-CE), diz que vê a queda do índice "com muita alegria".

"A gente vê que a segurança viária está sendo muito mais compreendida como uma questão de saúde pública", destaca.

Para muito além de números e consequências diretas em outros setores, o índice de acidentes e mortes no trânsito tem por trás vidas impactadas e famílias que vivem um luto. No entanto, a redução dos dados aponta que o futuro se desenha para que vias de Fortaleza sejam caminhos mais seguros.

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