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Indústria química no Ceará amplia exportações e mira novos mercados
Reportagem

Indústria química no Ceará amplia exportações e mira novos mercados

|NO CEARÁ | Nos nove primeiros meses de 2022, crescimento das vendas para Exterior, notadamente para a América Latina, foi de 44%, mas balança comercial ainda é deficitária
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As chamadas preparações capilares aparecem em segundo lugar na pauta de exportações do setor químico, logo abaixo dos herbicidas.
 (Foto: Sindquímica/Divulgação)
Foto: Sindquímica/Divulgação As chamadas preparações capilares aparecem em segundo lugar na pauta de exportações do setor químico, logo abaixo dos herbicidas.

O setor químico industrial cearense apresentou crescimento de 44% nas exportações, nos nove primeiros meses de 2022, conforme aponta pesquisa do Centro Internacional de Negócios (CIN), vinculado à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).

O volume exportado passou de US$ 4,4 milhões (cerca de R$ 22,7 milhões) entre janeiro e setembro do ano passado para R$ 6,3 milhões (pouco mais de R$ 32,5 milhões) em período equivalente neste ano. O tipo de produto mais exportado são os herbicidas à base de glifosato, que respondem por quase metade do que é comercializado para o Exterior, seguidos pelas preparações capilares.

No geral, embora esse desempenho seja comemorado pelo segmento, ele ainda está longe de reverter o enorme déficit comercial, considerando que as importações cresceram em ritmo ainda mais acelerado, de 139%, em relação às exportações.

No mesmo período avaliado no “Miniestudo Setorial em Comex Químico”, as compras feitas pelo Ceará de produtos químicos oriundos de outros países saltou de US$ 206,6 milhões (aproximadamente R$ 1 bilhão) para US$ 493,7 milhões (quase R$ 2,6 bilhões).

Mas além de o setor químico cearense comprar aproximadamente 78 vezes mais produtos químicos do que vende para fora do País, o que o segmento exporta representa menos de 0,3% da pauta exportadora total do Estado.

Para, ao mesmo tempo, gerar superávit e ganhar mais relevância no comércio exterior cearense, o segmento aposta em parcerias com academia, entidades que incentivam o empreendedorismo e entre as próprias empresas, além de buscar novos mercados, aproveitando o atual cenário econômico global.

Segundo o diretor do Centro Industrial do Ceará (CIC), Marcos Soares, “o Estado começou a atender mais o mercado da América Latina. Então, esse crescimento foi muito benéfico para o mercado químico cearense”.

Já a gerente do CIN, Karina Frota, detalha que “as exportações desses produtos tiveram como destino principalmente o Chile, porém a Colômbia foi a que registrou o maior crescimento seguido da Argentina e do Peru. O Brasil tem um acordo de complementação econômica celebrado entre o Mercosul e o Chile, de 1996, por exemplo”.

Apesar de alguns desses acordos com nossos vizinhos terem sido celebrados no passado, para a diretora de Finanças no Brasil da Sumitomo Chemical Latin America (multinacional japonesa do segmento), com a única fábrica de herbicida à base de glifosato da região (situada em Maracanaú), Joyce Paula, lembra que a conjuntura de momento com a crise logística chinesa favoreceu o aumento das exportações dentro do continente.

“A gente teve uma ruptura na produção que, obviamente, impactou toda a cadeia e ainda impactou os preços. Então, a gente pôde observar nesse tempo uma alta nos preços de glifosato que ocorreu em 2021 e em 2022 houve uma antecipação nas importações, feitas, principalmente, da China, da Índia e do Japão, tanto no Brasil quanto em outros países latino-americanos”, pontua.

Ela observa que o principal país do qual o Ceará, o Brasil e a América Latina compra produtos químicos é a China, que enfrentou uma crise de logística, devido à pandemia, e outra relacionada à transição energética. “Isso fez com que várias empresas chinesas tivessem que se adequar para reduzir emissões de gases”, exemplifica.

Esse impacto na cadeia produtiva e logística chinesa permitiu que, com produção própria de herbicidas, por exemplo, a unidade da empresa em Maracanaú e o Ceará, de um modo geral, enxergassem uma oportunidade de vender para esse novo mercado.

Paralelamente à conjuntura internacional, o setor químico cearense tem apostado na parceria com as universidades, por exemplo, para se tornar mais internacionalmente competitivo, afirma a gerente do CIN, Karina Frota.

O Estado vai viver novo momento e tem potencial para alcançar posições mais ao topo no ranking nacional. Prova disso é a união entre indústria e academia, relacionada à pesquisa e desenvolvimento”, acrescenta Karina.

Já o presidente do CIC, Marcos Soares, destaca as parcerias com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em prol da qualificação do setor.

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