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As oportunidades da economia digital
Reportagem

As oportunidades da economia digital

| Desenvolvimento | Poder público e empresas investem para formar pessoal em Fortaleza e trazer para a capital cearense as centenas de milhares de empregos que a área promete gerar nos próximos anos
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Juventude Digital Festival reuniu empresas, academia e os alunos do programa da Prefeitura de Fortaleza em um mix de aprendizado e networking (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Juventude Digital Festival reuniu empresas, academia e os alunos do programa da Prefeitura de Fortaleza em um mix de aprendizado e networking

A projeção de 159 mil empregos gerados a cada ano até 2025 e um déficit atual superior a 400 mil postos motivam o poder público e as empresas a promoverem iniciativas para recrutar jovens, nivelar ensinamentos e especializar mão de obra para ter quadros competitivos na chamada economia digital. A área envolve profissões relacionadas à tecnologia e é alvo de esforços que já dão resultados locais, segundo afirma o prefeito José Sarto (PDT).

Ele atribui boa parte do desempenho de Fortaleza na geração de emprego e renda às vagas geradas pelo setor de tecnologia da informação, inclusive. "É por isso que Fortaleza lidera o ranking do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, pesquisado mensalmente pelo Ministério da Economia). A Capital lidera pelo sétimo mês consecutivo entre as capitais do Norte e Nordeste", afirma.

Sarto diz que a cidade foi dotada de uma legislação capaz de atrair empresas desta área e busca, com os programas "intersetoriais", formar desde a mão de obra básica até a mais especializada. "Temos um ambiente digital, de inovação tecnológica, muito propício para que tudo isso aconteça e não é à toa que Fortaleza tem pelo terceiro ano o maior PIB do Nordeste", acrescenta.

Como exemplo-modelo desse esforço ele cita o Juventude Digital. O programa atua em três frentes, com alunos do último ano do ensino fundamental, jovens do ensino médio e até profissionais em busca de atualização e universitários com formação em desenvolvimento. A meta é formar 40 mil nesses cursos em quatro anos. Em 2021, quando foi criado, o projeto certificou 3,5 mil e, neste ano, serão mais 11,5 mil.

Juventude Digital Festival reuniu empresas, academia e os alunos do programa da Prefeitura de Fortaleza em um mix de aprendizado e networking
Juventude Digital Festival reuniu empresas, academia e os alunos do programa da Prefeitura de Fortaleza em um mix de aprendizado e networking (Foto: Divulgação)

Isso dentro de cinco trilhas: programação, design, dados, marketing digital e a mais nova: manutenção de computadores. Hoje, apenas do ensino fundamental, são 7,7 mil alunos em formação e, segundo explica a gerente do JD, Ianna Brandão, uma lei estadual garante recursos para manutenção das atividades.

Pesquisa de mercado

Para formar o currículo e a grade de cursos (95% dos quais são on-line), ela conta que foram consultados estudos da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais, a Brasscom. Os dados pesquisados em todo o Brasil motivam o ingresso dos jovens na área, segundo falou Mariana Rolim, diretora executiva da Brasscom, ao O POVO: "Como você tem salário que chega a quase 3 vezes o salário médio nacional. Isso consegue mudar a vida das pessoas, o direcionamento do País, principalmente inserindo pessoas com vulnerabilidade socioeconômica."

Dentre as novas iniciativas da Brasscom para estimular o setor no País, Mariana conta da formação de um currículo para escolas profissionalizantes que já tem um projeto piloto no interior de São Paulo. A formação integrada, de acordo com ela, é bem vista pelo setor produtivo e deve ser estimulada.

"Aqui em Fortaleza a gente tem um número crítico de desempregados. Por outro lado, a gente tem um oásis no mercado de tecnologia. Centenas de milhares de vagas semanalmente estão sobrando no mercado de TI. A nossa proposta do curso digital foi realmente conectar esses esses dois pontos e criar oportunidade para os jovens que precisam", conta.

Estratégia acertada

Essa estratégia é considerada como a mais adequada também pelo professor doutor Sandro Jucá, do Instituto Federal do Ceará (IFCE): "O grande segredo é fortalecer o ensino fundamental, no sentido humano e tecnológico. Se a criança não tem base, quando entra no ensino profissionalizante não consegue absorver o conteúdo e não consegue ser um bom profissional, enfrentar os desafios do mundo tecnológico e do mercado de trabalho."

A instituição é a mais antiga do Estado em formação profissional e, atualmente, elevou os níveis de formação com cursos de mestrado e doutorado na área de tecnologia. Fortaleza, inclusive, é a cidade onde as formações mais elevadas se concentram pelo IFCE (7), dado mercado mais consolidado no Estado. A expectativa, segundo ele, é projetar para a economia local números melhores do que os citados pelo prefeito.

Jucá defende que essa formação local promova mais oportunidades na Cidade, "fazendo com que o profissional fique e contribua para a economia do nosso Estado." A lógica é simples: o desenvolvimento de centro de formação aliado à legislação atrai empresas, cria empregos de salários elevados, ou seja, contribui para a geração de riqueza local.

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