"Eu sou louco por Carnaval!", exclama o ator e artista plástico Silvinho Gurgel, 53. Há mais de 20 anos, o amante da folia vive o Carnaval de Fortaleza — seja desfilando na avenida Domingos Olímpio, brincando nos blocos ou mesmo vendendo guloseimas fantasiado pelas ruas da Cidade. Mais que isso, Silvinho reverbera a essência desta festa na sua própria existência. Ele percorre os caminhos das fantasias e transgressões, com fé na alegria. Sem Carnaval, devido à pandemia da Covid-19, corpo, alma e coração sentem saudade, mas seguem esperando. Quando possível for aglomerar, ele certamente estará na avenida, em meio a sorrisos, danças e cores.
Infelizmente, tudo vai ficar para 2022. A gente não pode fazer nada.
— Silvinho Gurgel, ator e artista plástico apaixonado pelo Carnaval
Silvinho teria desfilado na avenida com o Maracatu Rei do Congo e, também, com a Escola de Samba Grêmio Recreativo Sambamor, neste ano. Em ambos, coincidentemente, sairia às ruas como uma florista. "Infelizmente, tudo vai ficar para 2022. A gente não pode fazer nada", lembra. O ator deveria ter estreado um espetáculo recentemente. Também não foi possível. "Talvez, se conseguirmos vaga, ficará para fevereiro ou março", diz.
Silvinho Gurgel durante o Carnaval de Fortaleza de 2019, na Praia de Iracema
Na fantasia da personagem Chapeuzinho Vermelho, Silvinho aproveitaria a folia para vender doces e salgados diversos nas festas de Pré-Carnaval. "Eu me divertia e, ao mesmo tempo, complementava a renda. Unia o útil ao agradável. Ia aproveitar e ganhar uma graninha a mais, sempre foi essa intenção. É super gostoso", comenta sobre as folias passadas. Deste Carnaval faltante de 2021, o que reverbera é a saudade. "Na época, eu vou para tudo que é canto. Para mim, esta situação é terrível, porque eu amo o Carnaval" — se entrega à nostalgia.
O artista realizou o pedido de Auxílio Emergencial, benefício instituído em 2020 para atenuar os impactos econômicos decorrentes da pandemia. Tem realizado suas artes. "Aparece algo para mim de vez em quando, como artesanato para eu fazer, mas estou totalmente liso!", conta, entre risos. E afirma: "É isso mesmo, levantar a cabeça e seguir em frente".
Leia também | O maracatu resiste aos tempos sem aglomerações
Mesmo antes da folia ganhar força na Capital, o Carnaval já fazia parte da história de Silvinho. Na adolescência, costumava festejar na Praia do Iguape, em Aquiraz. Foi eleito Miss Gay na década de 1980 cinco vezes consecutivas. Depois, fez-se encanto na avenida Domingos Olímpio. Para o artista, cada novo dia é motivo para fazer da vida uma festa. Em 2020, mesmo com um problema de coluna, ele desfilou. Quase como um combustível para seu coração impulsionar sangue por todo o corpo. "Eu fui, dei um jeito. Desfilei na escola de samba. Todos os dias eu ia para a avenida. Para todas as roupas, eu fiz um bastão, uma bengala decorada com penas e adereços", recorda.
Em suas mídias sociais, Silvinho tem compartilhado o "visual do dia" e as lembranças da folia. Neste Carnaval de 2021, mesmo em casa, fez penteado e vestiu-se de adereços e penas. No pensamento, certamente, as melhores memórias. "É complicado, porque eu realmente sou louco pelo Carnaval. Agora, é só esperar mesmo que volte tudo ao normal", considera.
Leia também | Confira especial completo sobre o Carnaval 2021 e a saudade da folia
Acompanhe Silvinho Gurgel
Instagram:
@silvinhogurgeloficial
Carnavalizar em casa
Para afago dos carnavalescos, o Vida&Arte preparou a playlist "Carnaval" no Spotify, com canções que remetem à festa. Tem Luxo da Aldeia, Novos Baianos, Margareth Menezes, Olodum, Chiclete com Banana e outros. Confira!