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Processo de luto é tema de espetáculo de Maria Giulia Pinheiro
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Processo de luto é tema de espetáculo de Maria Giulia Pinheiro

"A Palavra Mais Bonita" é uma performance que mescla humor e poesia
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Foto: Mylena Sousa/Divulgação "A Palavra Mais Bonita" aborda processo de luto e incomunicabilidade em relação entre pai e filha

A incapacidade da fala causada por uma doença degenerativa levou a poeta e performer Maria Giulia Pinheiro a criar "A Palavra Mais Bonita", projeto que apresenta traços de uma história real entre pai e filha e de como a artista aprendeu a se comunicar com seu pai quando ele perdeu a capacidade de falar. A apresentação começa a partir de palavras enviadas pelas redes sociais da atriz mesclando a prosa humorística dos stand-ups, contação de história e a poesia falada. O espetáculo foi gravado no Pequeno Ato e será transmitido pelo YouTube até dia 25 de abril, sempre às 20 horas.

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A ideia começou em meados de 2018, depois que o pai de Maria Giulia, diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica Bulbar (ELA), morreu em abril. A artista escreveu um post no Facebook convocando as pessoas a comentarem suas palavras preferidas. Ela teve mais de 200 retornos em poucas horas. A partir desse repertório compartilhado começou a escrever poemas. Depois levou a criação para o palco, um show-lírico em formato de jogo, no risco de fazer ao vivo com a participação da plateia. Menos de um ano depois o espetáculo estava pronto e começou a circular com apresentações em São Paulo, Lisboa (Portugal), Maputo (Moçambique) e Santiago De Compostela (Espanha).

Para as apresentações on-line, como o espetáculo é gravado, pediu em suas redes sociais que os seguidores enviassem as suas palavras mais bonitas. Com esse mecanismo, Maria Giulia cria beleza a partir da dor, de forma leve e coletiva, dando também às pessoas que estão assistindo ao espetáculo poemas com suas palavras preferidas.

O espetáculo trabalha a tensão entre os extremos, a palavra e o silêncio, a prosa e a poesia, como forma de aproximar o público do texto e exercitar a capacidade de escutar o outro.

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"São três camadas narrativas: a palavra, a visão da memória e a biografia tensionada a partir da memória. Quando eu retomo o campo das memórias, tenho um filtro de um luto que se desenvolveu ao longo desse período. O luto se transforma, e, portanto, transforma essa memória. Com isso crio esse jogo do que é verdade ou ficção, pois retomar a lembrança não é viver a experiência em si", detalhar a artista.

A Palavra Mais Bonita

Quando: Até 25 de abril, sempre às 20 horas

Onde: youtube.com/mariagiuliapinheiro

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