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Casa Amarela celebra 50 anos com programação virtual
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Casa Amarela celebra 50 anos com programação virtual

Vida&Arte pondera a trajetória da Casa Amarela Eusélio Oliveira (CAEO) com relatos de personagens da história do equipamento cultural
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Em junho de 1971, o professor e cineasta Eusélio Oliveira formou o Cinema de Arte Universitário, localizado no antigo Centro Estudantil Universitário, da Universidade Federal do Ceará. Três anos depois, o local é nomeado como Casa Amarela Eusélio Oliveira (CAEO) e fixa endereço no número 2591 da Avenida da Universidade, onde soma 50 anos como um importante polo formador e produtor de audiovisual do País.

"O trabalho realizado pela Casa Amarela sempre atuou no tripé de formação, produção e difusão", explica o diretor e filho do criador do equipamento, Wolney Oliveira. Desde a fundação, a instituição oferece cursos nas áreas de fotografia, cinema e cinema de animação. "Foi quase um atrevimento criar um cinema de arte universitária em plena ditadura militar", ressalta.

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Em meio século de história, a Casa agrega em sua lista de alunos personalidades como os cineastas Jane Malaquias e Tibico Brasil, assim como os fotógrafos José Albano e Silas de Paula. Durante este tempo, a organização também projetou iniciativas como o Cine Ceará - um dos principais festivais de Cinema do Brasil - por meio do apoio institucional. "Se hoje nós temos dois cursos superiores de cinema, um curso sequencial no Vila das Artes, o Porto Iracema e outras várias experiências, isso se deve muito ao trabalho da CAEO", analisa Wolney.

A informação é repercutida pelo cineasta Glauber Filho, que descreve o equipamento como "um ponto de partida" para o cenário audiovisual. Ele afirma que muitos dos idealizadores de projetos da área participaram das atividades ofertadas no espaço. "Eles não passaram somente para aprender ou fazer capacitação. Eles participavam de uma dinâmica de construção de ações com os entes públicos, principalmente governamentais, para o desenvolvimento do cinema", detalha.

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Assim como Wolney - frequentador da casa desde os 11 anos de idade -, Glauber guarda memórias afetivas com o local desde a sua participação no primeiro curso básico de Cinema da Cidade, ministrado por Eusélio. "Virou também um espaço do convívio, das nossas rotinas, eu fiz muitos amigos. Foi a base da minha formação e profissão, eu não conseguiria me perceber hoje sem essa experiência", conta.

O depoimento é similar ao do cineasta de animação Telmo Carvalho, 59, um dos fundadores do Núcleo de Cinema de Animação Cearense (Nuca), instaurado desde 1993 na Casa Amarela. Ele menciona, também, o pioneirismo nas artes visuais. "A Casa Amarela foi pioneira em cursos de audiovisual no Ceará, formou pessoas em uma época em que não havia cursos específicos, para cinema, fotografia e animação. Até hoje, por conta dos preços mais acessíveis e ofertas de bolsas, é o único lugar que muitos conseguem ter seu primeiro contato com as artes", menciona.

Telmo atuou como professor e coordenador em diversos anos até 2016, mas continua trabalhando em projetos de educação e produção de curtas em parceria com o segmento. Entre as iniciativas criadas durante o seu período de colaboração, estão o Cinuca (Cineclube para Estudantes e Amantes da Animação), o 1º Seminário Internacional de Cinema de Animação, além de trabalhos como "Campo Branco" (1997) e "Em Busca da Cor" (2002). A experiência, constata o cineasta, foi de grande importância. "No Ceará fiz minha carreira profissional como diretor e orientador de oficinas. São 35 anos que tenho esta relação com o Nuca, indiretamente ou diretamente, ficando à frente ou como parceiro em projetos socioeducativos", diz.

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Enquanto a pandemia causada pela Covid-19 ainda perdura, as narrativas estão restritas ao ciclo de exposições fotográficas "Fotografia em Casa" e ao cineclube virtual "Cinema em Casa CAEO". Os cursos da instituição estão interrompidos desde o início de 2020. No entanto, uma nova turma de fotografia está prevista para abrir em setembro, com aulas virtuais. "Os cursos aconteciam no primeiro e no segundo semestre, e ainda tinham cursos de férias, que existe uma procura porque já tem uma tradição, então é uma demanda muito grande", explica Wolney. Caso o plano de imunização continue a progredir no Ceará, a expectativa é que os cursos possam retornar ao formato presencial e a Casa continue rendendo boas histórias aos seus visitantes.

Celebração

O equipamento desenvolveu uma programação com várias atividades que se estendem até o final de 2021. A ação de abertura acontece nesta quinta, 17, no site da instituição com a exposição virtual "Os Habitantes", do projeto Revela 50, composta por 50 fotografias de Celso Oliveira.

Também terá a série "50 anos em segundos", que reúne 10 depoimentos em vídeo gravados por personalidades da cultura. Já para a área da animação, a homenagem fica por conta da série "Anima 50", um compilado de dez curtas com temáticas ligadas às cinco décadas da instituição. O primeiro, que será lançado até o final de junho nos canais da instituição na web, é produzido por Telmo Carvalho, que assina a curadoria da série com Mariana Medina.

Outro destaque é o projeto de digitalização do acervo de Eusélio Oliveira, construído por Ana Carla Sabino, professora-doutora do departamento de História da UFC. O material reúne centenas de documentos ligados à prática cinematográfica e ao cinema brasileiro. Os arquivos estão sendo tratados para serem disponibilizados. As demais atividades podem ser vistas no site da Casa Amarela.

Quando: a partir do dia 17 de junho de 2021 Onde: No site www.caeo.ufc.br e na página da CAEO no Facebook

Quando: a partir do dia 17 de junho de 2021
Onde: caeo.ufc.br e na página da CAEO no Facebook

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