A partir das vivências no bairro Genibaú, Wenner Mesquita elaborou um espetáculo virtual: “O Perrapado: histórias que você já ouviu”. Nascido e criado na região, o ator cearense carregou do bairro material afetivo e cênico para criar o trabalho, carregando os estigmas de um bairro periférico que guarda no seu povo um legado de luta, resistência e alegria. A apresentação acontece de forma virtual e gratuita nos dias 24 a 26 de junho.
A criação do espetáculo foi conduzida sob a direção de Alysson Lemos, que trabalha há mais de 10 anos com teatro e palhaçaria. O projeto foi aprovado no VIII Edital das Artes de Fortaleza. Para iniciar a produção, mesmo sendo morador de longas datas do Genibaú, Wenner não se contentou apenas com suas vivências. Foi atrás dos moradores e das histórias para compor a peça, com o intuito de representar e homenagear a região.
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“Eu sinto um pouco, principalmente no lugar da palhaçaria, do circo, a necessidade de inovar trazendo à tona esses bairros”, comenta Wenner. “O processo se dá a partir de histórias e vivências das pessoas que a gente reconta”, explica Alysson.
Para Wenner, colocar esses espaços como tema de produções artísticas é uma oportunidade de dar visibilidade sobre o que acontece na região. “Muitas vezes é invisível aos olhos das pessoas de fora o que acontece dentro de um bairro que elas não conhecem, principalmente um bairro periférico”, afirma.
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“As problemáticas que acontecem aqui, muitas vezes são postas dentro da mesma caixinha que é incluído os acontecimentos de bairros nobres. Um exemplo disso é nós acharmos que todo bairro tem ciclofaixa ou internet nas pracinhas, e aqui isso ainda não chegou. A galera daqui também gostaria dessas melhorias propostas por governos anteriores e que infelizmente não chegaram aos bairros periféricos”, revela.
Cada vez mais, artistas têm produzido com foco nas regiões onde vivem, mostrando a necessidade da arte ser expressa e pautada não apenas no Estado ou Cidade, mas em pequenas regiões ao longo de Fortaleza que carregam em seus espaços histórias que ainda não foram contadas. “Dar visibilidade ao bairro permite que ele possa ser notado”, pontua Wenner.
Alysson é do bairro Ellery, mesmo assim, percebe que através da peça, pessoas de outros bairros periféricos podem se identificar com as histórias do Genibaú. “Para quem assiste é muito bacana perceber como as histórias populares se repetem. Claro que tem suas particularidades, mas sempre tem alguma situação que lembra alguém”, acredita.
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“A pandemia traz a necessidade de estar no nosso lugar”, pontua Alysson. “Tem muita coisa que acontece nos pequenos territórios, e às vezes ficamos presos aos grandes acontecimentos da Cidade, do Ceará. Quando a gente fala sobre a história de Fortaleza, onde é que a gente escuta sobre o Genibaú? Então demarcar esses espaços é cada vez mais importante para reconhecer como construtores da nossa Cidade”, afirma.
A criação artística com foco em pequenos locais também estimula o desenvolvimento da arte nesses espaços, segundo o ator. “Em algumas entrevistas para o espetáculo, as pessoas falavam que precisavam sair do bairro para consumir qualquer coisa artística, como também precisavam sair do bairro para ter acesso a outros serviços, como escolas”, informa.
“O bairro tem movimento artístico. A gente pensa que o bairro não tem esse tipo de coisa, mas tem, e às vezes a gente acaba sendo jogado para outras regiões. Mesmo assim a gente resiste e continua fazendo arte da melhor forma possível”, comenta Wenner.
O Perrapado
Quando: hoje, amanhã e 26 de junho, às 19 horas
Onde: Zoom com ingressos retirados gratuitamente no Instagram @operrapado
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