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Escritora cearense Lara T. Vainstok lança trilogia de fantasia
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Escritora cearense Lara T. Vainstok lança trilogia de fantasia

Livro "Castelo de Areia" é a primeira obra de Lara T. Vainstok e faz parte de uma trilogia do gênero fantasia da autora. Em entrevista, fala sobre experiências e projetos
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Lara. T. Vainstok: literatura de fantasia na Bienal do Livro do Ceará  (Foto: Samuel Setubal/Especial para O Povo)
Foto: Samuel Setubal/Especial para O Povo Lara. T. Vainstok: literatura de fantasia na Bienal do Livro do Ceará

"Castelo de Areia" é a primeira obra escrita por Lara T. Vainstok e foi lançado durante esta 14ª edição da Bienal Internacional do Livro do Ceará. Com gênero "fantasia", a produção é o primeiro livro de uma trilogia que está sendo desenvolvida pela autora.

A história é baseada em seis personagens do mundo inteiro, que se unem para encontrar o "Castelo de Areia". Cada um deles possui especificidades, personalidades e realidades diferentes. "Eu queria que uma personagem parecesse comigo, então criei a Alice, que é brasileira. Na história, ela vai parar em uma ilha que usa dos nossos medos contra nós: ou você enfrenta ou você morre". Além da ilha e dos amigos, Alice lida com uma voz em sua cabeça que ela não entende se é 'boa' ou 'ruim' e convive com essa dubiedade.

Em entrevista ao Vida & Arte, a autora falou sobre o desenvolvimento do livro e a produção de sua divulgação para a Bienal Internacional do Livro do Ceará em 2022. Confira:

O POVO – Por que escrever sobre fantasia? Há um interesse mercadológico envolvido nessa decisão?
Lara T. Vainstok – Eu comecei a escrever aos 13 anos, mas eu já sonhava antes disso com a criação. Conforme eu fui entrando no mundo da literatura, os meus livros favoritos se tornaram os de fantasia e eu percebi que isso era pelo meu apego aos personagens. Me atraem livros em que os personagens ficam com você depois que a história termina. A fantasia sempre foi o meu lar e eu sempre soube disso. Sempre veio de dentro de mim essa vontade. Eu tenho vontade de escrever outras histórias de outros gêneros, como o romance, mas a fantasia não sai de mim. Até hoje eu não sei que ideia é essa de escrever uma trilogia, já faz muito tempo que sonho com isso. Acaba sendo que a trilogia vem como uma inspiração de outras sagas de fantasia que me inspiraram. Um dia eu disse que ia escrever uma trilogia e embarquei nesse sonho com tudo. Em homenagem a Lara de 13 anos, a Lara de 22 vai continuar com isso eternamente. Acaba que o mercado mais jovem gosta desse tipo de livro e isso é muito bom para mim, eu vou continuar escrevendo porque está todo mundo amando. Mas ainda existe por parte dos outros leitores, consumidores dos clássicos, aquele preconceito de que a fantasia é algo muito infantil, mas não é.

O POVO – Teu livro tem seis sujeitos que ganharam muito destaque na divulgação e no estande de lançamento na Bienal. O desenvolvimento da sua obra teve a intenção de causar esse apego pós-leitura aos personagens?
Lara T. Vainstok – Eu sou muito apegada aos meus personagens. Se fosse a Lara de hoje escrevendo do zero, eu mudaria algumas coisas, mas eu não consigo. É como se os personagens já estivessem vivos e mudá-los seria como matar eles. É claro que eu quero que as pessoas se apeguem a eles, não só quero como tenho conseguido. Eu já não consigo viver sem pensar nos meus personagens, eles são meus amores.

O POVO – Você disse que começou a escrever o livro aos 13 anos, quando ele foi finalizado? Houve mais de uma versão?
Lara T. Vainstok – Muitas. Eu tenho até vergonha de dizer quantas versões foram porque são muitas. A primeira delas eu terminei entre 14 e 15 anos. Depois disso, eu fui escrevendo e reescrevendo não sei quantas vezes. Já se perdeu no espaço-tempo. A questão é que ele tinha que vir ao mundo e eu demorei esse tempo para conhecer o mercado do que eu estava fazendo. Eu lancei primeiro "A Busca de Ella", que é meu livro que está disponível só nas plataformas digitais e que eu pretendo lançar fisicamente um dia. Mas "Castelo de Areia" foi o primeiro livro que eu escrevi na vida e eu sempre soube que continuaria com ele. Estou muito feliz de ter esperado para publicar porque agora tenho maturidade para carregar uma história, livros com muitos personagens e é algo que eu estou disposta a enfrentar porque tá muito lindo.

O POVO – Teu livro é um lançamento independente. Essa iniciativa já havia sido programada ou houve uma busca anterior por editoras para publicar seu livro?
Lara T. Vainstok – As duas coisas. Um pouco das duas coisas. Quando eu comecei a escrever, em 2013, o mercado não estava aberto a novos autores. E eu compreendo. Faz pouco tempo que o mercado nacional está começando a receber autores que escrevem hoje. Em 2013, isso não era uma realidade. A gente fica meio perdido, mas encontra um jeito de proceder. Com o tempo, eu fui aprendendo sobre isso e decidi publicar meu livro de forma independente. Eu, como leitora, sei o que eu quero e quero promover isso para as pessoas. Quem tá comprando agora tá recebendo um livro que foi pensado em cada centímetro. Sobre o mercado, a gente compreende que ele quer uma pessoa que já seja reconhecida na literatura. Não é algo para ficar chateada, mas, ao mesmo tempo, eu ainda acho que poderia ser melhor, menos cruel. Agora, todo autor que chega ao meu stand eu digo: 'Escreva, produza, porque o mundo está pronto para você que nem ele está pronto para mim. Com as minhas próprias mãos, mas está pronto'.

O POVO – Você tem um estande próprio só para o "Castelo de Areia", com vários bonequinhos e painéis… todo o investimento para o lançamento do livro foi planejado desde a produção da obra?
Lara T. Vainstok – Desde o começo, não. Eu nem imaginava que eu conseguiria chegar até aqui em 2013. Eu não pensava nisso, mas, depois que eu decidi que iria para a Bienal como escritora, eu fui me organizando e conhecendo informações. Eu acredito que o trabalho com as artes é uma coisa mágica, então eu pesquisei muito. Não foi de uma hora para outra, eu pensei muito e vi o que era possível. É óbvio que tem um investimento, mas é um investimento plausível para a minha realidade. Eu precisei de apoio, mas já tivemos retorno com a venda dos livros. Então, agora é só a felicidade de cada pessoa que vem. Ver o brilho no olhar é um novo pagamento.

O POVO – Você tem alguma recomendação para quem quer publicar um livro também?
Lara T. Vainstok – Uma coisa que eu não posso deixar de dizer enquanto mulher, cearense e escritora é: escreva! Todos devem escrever, produzir e realizar porque é a gente que faz. A gente merece criar sem ter medo. Se tiver medo, ultrapasse porque é que nem a ilha: ou você mata ou você morre. Espero que todos que são escritores daqui estejam na próxima Bienal do Livro.

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