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Wagner Moura: "Me senti como a Dorothy no Mágico de Oz"
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Wagner Moura: "Me senti como a Dorothy no Mágico de Oz"

Indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator em Drama, Wagner Moura conversou com O POVO sobre como "O Agente Secreto" vem mudando a forma como Hollywood vê o seu trabalho
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Brasil recebe três indicações ao Globo de Ouro: Ator, Filme Internacional e Filme de Drama (Foto: Divulgação/Vitrine Filmes)
Foto: Divulgação/Vitrine Filmes Brasil recebe três indicações ao Globo de Ouro: Ator, Filme Internacional e Filme de Drama

Há um ano, o Brasil acordava em festa com a indicação de Fernanda Torres ao Globo de Ouro 26 anos depois que sua própria mãe havia se tornado a primeira brasileira na categoria. Nesta segunda-feira, 8, um Brasil ainda mais fervente recebe a segunda indicação de Wagner Moura ao Globo de Ouro de Melhor Ator.

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Em “O Agente Secreto”, Wagner interpreta Marcelo, um professor universitário que volta ao Recife durante o Carnaval de 1977 para fugir de uma perseguição política durante a ditadura militar. Na cidade, é recebido por Dona Sebastiana (Tânia Maria) que gerencia uma casa de apoio para refugiados, e começa a investigar o seu próprio passado. Dirigido por Kleber Mendonça Filho, o filme foi indicado ainda às categorias de Melhor Filme Internacional e Melhor Filme de Drama.

No fim de novembro, ainda em Los Angeles cumprindo intensa agenda de campanha para as premiações americanas, Wagner Moura conversou com O POVO sobre como um filme brasileiro está lhe levando a lugares que nenhuma outra produção de Hollywood foi capaz até então.

“Eu trabalhei muito aqui nos Estados Unidos”, conta, apesar dos trabalhos não terem alcançado a mesma repercussão que “O Agente Secreto” conquistou em tão pouco tempo. O anúncio dos vencedores do 83º Globo de Ouro acontecerá no dia 11 de janeiro de 2026, em Beverly Hills, na Califórnia.

Confira entrevista com Wagner Moura

O POVO - O mercado americano é muito fechado para a entrada de artistas latinos, mas você tem uma carreira internacional. Como você avalia que "O Agente Secreto" mudou, ou vem mudando, a percepção de Hollywood sobre você e o seu trabalho?

Wagner Moura - Eu acho que eu estou vivendo um grande momento. Eu tive um momento de muita atenção com relação ao meu trabalho quando eu fiz "Narcos". "Tropa de Elite" foi um filme muito visto, porém mais pelas pessoas de cinema, pelos estúdios. "Narcos" foi uma série muito popular que fez com que as pessoas, de fato, nos Estados Unidos, me conhecessem e soubessem quem eu era. Agora eu vivo com "O Agente Secreto" um momento de muito prestígio.

Eu ganhei o prêmio mais importante da minha vida, que foi no Festival de Cannes com esse filme. Ele me colocou agora num lugar muito bom. Fico feliz com o fato de isso estar acontecendo com um filme brasileiro. Eu trabalhei muito aqui nos Estados Unidos, fiz filmes dos quais eu gosto muito como "Guerra Civil", por exemplo, que eu achei que ia ter uma atenção maior do que a que teve. Mas eu confesso que o fato desse ser um filme brasileiro, dirigido por Kleber, filmado em Recife, e esse filme estar trazendo tanta coisa boa pra gente… para mim é uma glória.

O POVO - Você é o protagonista do filme, mas ele tem um elenco enorme e todo mundo importa, mesmo que por apenas alguns segundos. Você pode falar sobre a experiência de trabalhar em um roteiro tão cheio de personagens?

Wagner Moura - Foi incrível. Eu me senti como Dorothy em O Mágico de Oz, sabe? Eu estava encontrando todos aqueles personagens ao longo da minha jornada e eu adorei o fato de estar trabalhando com muitos atores do Nordeste do Brasil, muitos atores da Paraíba, de Pernambuco, de Alagoas, da Bahia. Esse é o maior prazer que eu tenho. Eu faço isso desde os 15 anos, e o que me mantém, o que me acende em termos de atuação é olhar para o outro ator e ir junto. Você pula no abismo com eles.

Eu gosto de atores que, quando começamos a cena, passam aquela sensação de “isso pode ir para qualquer lugar”, sabe? Que não estão presos, não estão agarrados a um plano rígido. E isso é algo em que o Kleber é ótimo. Ele nos permite ir em qualquer direção. Quando sentimos que a cena está naturalmente indo para outro lugar, ele nos encoraja a fazer isso. Ele até joga falas para a gente no meio da cena.

Quero compartilhar a minha admiração absoluta por trabalhar com Tania Maria. Ela interpreta Dona Sebastiana, e ela não é uma atriz profissional. Claro que ela é uma atriz, mas não profissional. Ela foi figurante em “Bacurau” e a primeira cena que eu filmei foi a que ela me mostra o apartamento. E dá para ver, se você olhar para o filme, sou eu, Wagner. Quando a câmera está em mim, sou eu, Wagner, tipo… Essa mulher é simplesmente maravilhosa. E sim, foi isso. Dorothy, O Mágico de Oz. É essa a sensação.

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