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Como foi o meu teste rápido de Covid-19
Reportagem Seriada

Como foi o meu teste rápido de Covid-19

Repórter do O POVO conta a experiência de fazer o teste rápido para detectar se estava contaminada pelo novo coronavírus. Do medo da agulha, passando pela expectativa do resultado, até o ânimo renovado de reforçar os cuidados contra o vírus
Episódio 1

Como foi o meu teste rápido de Covid-19

Repórter do O POVO conta a experiência de fazer o teste rápido para detectar se estava contaminada pelo novo coronavírus. Do medo da agulha, passando pela expectativa do resultado, até o ânimo renovado de reforçar os cuidados contra o vírus
Episódio 1
Tipo Notícia Por

Apesar de eu ser do time #medodeagulha, disse “sim” à proposta de fazer um teste para saber se tive Covid-19, ainda que a ciência não tenha chegado a um consenso sobre se quem teve o novo coronavírus está de fato a salvo de pegar a doença novamente.

É que para mim, dar positivo no teste significava que eu não correria mais o risco de adoecer e talvez precisar de internação hospitalar, o que já seria um alívio em meio à pandemia.

Motivada pela curiosidade e fortalecida por uma dose extra de coragem, cheguei ao shopping RioMar Fortaleza em uma tarde ensolarada de um dia de semana. Se fossem tempos comuns, o estacionamento externo estaria cheio de carros, com pessoas carregando sacolas de compras e levando crianças pelas mãozinhas.

A pipoca do cinema estaria esperando pelo público, que cruzaria as portas automáticas da entrada já sentindo o cheiro do café expresso dos quiosques se misturar à fragrância das perfumarias e lojas de roupas. Mas como os tempos são outros, o lado de fora estava ermo, apesar da reabertura gradual que está em curso no Estado.

Movimento mesmo, só no estacionamento subterrâneo, onde um grupo de homens vestidos de macacões brancos, óculos de proteção e máscaras seguravam tanques acoplados às costas.

Eles estavam ali para borrifar uma solução sanitizante nos veículos dos clientes que procuravam o posto para testagem rápida da Covid-19. O drive-thru foi montado no final de maio pela Cooperativa de Atendimento Pré e Hospitalar (Coaph Saúde) e Cruz Vermelha e deve ficar em atividade até o dia 26 de junho.

Repórter Flavia Oliveira faz exame de detecção de anticorpos IGG/IGM em testagem no estacionamento do Shopping RioMar Fortaleza
Foto: FCO FONTENELE
Repórter Flavia Oliveira faz exame de detecção de anticorpos IGG/IGM em testagem no estacionamento do Shopping RioMar Fortaleza

Passada a etapa de sanitização, uma funcionária é encarregada de ir até a janela onde a pessoa está e receber o pagamento de R$ 250, que pode ser negociado se a testagem for feita em grupo.

Ela também tem a tarefa de preencher o cadastro e explicar como será o teste, que identifica no sangue a presença do anticorpo IgG, detectado após o período da fase aguda da doença, entre cinco e sete dias após a infecção pelo vírus.

Segundo especialistas, o momento ideal para um teste rápido seria a partir de 10 dias do início dos sintomas, sendo a sensibilidade máxima após 15 dias.

Chegou o momento do teste em si: uma espetada de agulha no dedo mínimo da mão que não era usada para escrever. André Rômulo, o técnico de enfermagem, era simpático e sorria com os olhos, mas ainda assim, não deixei de xingá-lo mentalmente - afinal, tenho medo de agulhas.

Ele recolheu duas gotas de sangue e pingou duas gotas de reagente no dispositivo de plástico que se assemelha a um teste de gravidez de farmácia.

O resultado do teste é mandado em até uma hora e meia para o email que o cliente cadastrou, caso seja negativo. Se positivo, além do email, os funcionários fazem uma ligação para dar mais orientações sobre a doença e ajudar o paciente sintomático a tomar providências.

Por causa da reportagem, obtive meu resultado ali mesmo e - surpresa - deu inconclusivo. Isso significava que a carga genética do vírus no meu sangue não foi identificada mas que não seria possível dizer que eu não a teria no meu organismo.

Tive que repetir a espetada, agora feita na mão direita. O segundo teste deu negativo. Todos os resultados são encaminhados para a Secretaria de Saúde do Ceará, para entrar nas estatísticas oficiais.

De acordo com o médico Valderi Júnior, vice-presidente da Coaph Saúde, até o dia 31 de maio, foram realizados 1.147 testes, dos quais 232 foram positivos (20,22%) e 915 negativos.

Fiquei mais um tempo olhando o movimento de carros no estacionamento, um tanto decepcionada com o teste negativo, já que em março, eu havia ficado doente e tive todos os principais sintomas leves da Covid-19, com exceção da febre.

Por causa da política de testagens da época, que estava direcionada apenas aos casos mais graves, não pude saber se estava com o novo coronavírus ou se havia pego apenas uma virose, muito comum nessa época do ano e com sintomas semelhantes.

Fui embora do estacionamento e me animei quando vi pela janela o primeiro pôr do sol que eu assistia estando na rua. O céu parecia mais lilás e dourado do que o normal, apesar das nuvens.

Meu coração se encheu novamente de esperança e disposição para continuar os cuidados e não levar o vírus para dentro de casa.

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