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Fortalezense se diz mais à direita que à esquerda e 19% se dizem extrema direita
Reportagem Seriada

Fortalezense se diz mais à direita que à esquerda e 19% se dizem extrema direita

Pesquisa Datafolha mediu o perfil ideológico do eleitor e mostra que fortalezense se identifica mais com o campo da direita, é a favor da pena de morte e contra o aborto e a legalização da maconha
Episódio 6

Fortalezense se diz mais à direita que à esquerda e 19% se dizem extrema direita

Pesquisa Datafolha mediu o perfil ideológico do eleitor e mostra que fortalezense se identifica mais com o campo da direita, é a favor da pena de morte e contra o aborto e a legalização da maconha
Episódio 6
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O eleitor de Fortaleza se considera mais de direita do que de esquerda (38% ante 28%), é favorável à pena de morte (51%), é contra o aborto (51%) e contra a legalização da maconha (72%). Os dados são da pesquisa O POVO/Datafolha.

Realizado nos dias 4 e 5 de novembro, o levantamento traça um perfil ideológico do eleitorado da capital cearense. A sondagem ouviu 868 pessoas. A margem de erro máxima da pesquisa é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. O que significa que, considerando a margem de erro, a chance de o resultado retratar a realidade é de 95%.

De acordo com a consulta, quando perguntado sobre qual posição ocupa no espectro político, considerando-se os polos antípodas de esquerda e direita, 38% responderam dentro do intervalo da centro-direita até a extrema-direita. Desse índice, 19% se identificaram como de extrema-direita.

Do lado oposto, 28% se reconhecem como pertencendo ao campo que vai da centro-esquerda à extrema-esquerda, limite no qual se encontram 11% dos eleitores entrevistados.

Os que se afirmaram de centro são 21%, não sabem somam 7% e outras respostas totalizam 6%, informou o Datafolha.

Além da classificação político-ideológica, o instituto também aferiu a opinião dos fortalezenses sobre temas controversos. Em relação ao aborto, por exemplo, a maioria (51%) se mostrou favorável a que a lei continue como está, ou seja, que só autorize o procedimento em caso de estupro ou quando houver risco de morte para a mãe.

O contingente de fortalezenses a favor de que o aborto seja permitido em mais situações que não apenas as previstas hoje em lei chegam a 17% e aqueles que defendem que o aborto deixe de ser crime em qualquer caso representam 17%.

Quando o tema é pena de morte, a maioria consente com a sua aplicação (51%), o mesmo percentual desde 2012, ano em que o Datafolha fez essa pergunta ao eleitorado. Os contrários à pena, no entanto, aumentaram: foram de 41% em 2012 para 44% neste ano.

Já sobre a possibilidade de legalização da maconha, 72% foram contra e 23% a favor. Indiferentes são 4% e não sabem, 1%, apontou a pesquisa.

Professora de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e integrante do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídias da UFC, Monalisa Torres avalia que "esses dados são indicativos de um perfil conservador" do eleitorado da Capital.

"Essas pautas conservadoras são muito fortes e presentes nesse imaginário social. Pode ter relação com a própria formação cristã da sociedade", analisa, mas "têm ganhado uma força muito maior depois de Bolsonaro", com impacto até mesmo em "candidaturas de campos ideológicos não necessariamente da direita". Para a pesquisadora, "algumas dessas questões são muito caras para essa moral conservadora, sobretudo a construída e alimentada dentro desses segmentos católicos e evangélicos".

A docente acrescenta que a religiosidade é "o ponto de cruzamento" que pode ajudar a explicar esse desenho ideológico mais à direita do fortalezense. "Quando a gente olha os fundamentos morais que balizam o campo da direita e o da esquerda", continua, "existem dois pontos principais: do lado da direita, há a questão da família, da hierarquia, da ordem, e por isso a pena de morte, aborto etc.". E à esquerda se associariam a redução "da desigualdade social e o amparo aos desvalidos como pauta máxima".

Cientista político, professor e membro do Lepem, Cleyton Monte propõe que, em face desses dados, "a ideia de que a cidade de que Fortaleza é progressista tem que ser relativizada".

"Há um público conservador grande na cidade", prossegue o especialista. "O que podemos dizer é que há uma disputa entre direita e esquerda por espaços. Os valores mais à direita ganharam mais vigor, mais peso, mais espaço."

O pesquisador conclui que houve uma associação, desde a Lava Jato, entre esquerda e corrupção e que, enquanto a imagem desse campo se associou a desvios, a da direita se firmou ligada à pátria, família e religião. Monte encerra: "Essa pesquisa mostra o resultado do enfrentamento na ocupação de espaço e de ampliação da direita em decorrência de movimentos neopentescostais".

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Perfil do eleitor de Fortaleza

 

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