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Entre percalços e ápice, Ceará e Fortaleza miram consolidação e "padrão Série A"
Reportagem Seriada

Entre percalços e ápice, Ceará e Fortaleza miram consolidação e "padrão Série A"

Futebol cearense chega ao quarto ano consecutivo com presença na elite e tenta superar desequilíbrio para se firmar entre principais forças do Brasil
Episódio 4

Entre percalços e ápice, Ceará e Fortaleza miram consolidação e "padrão Série A"

Futebol cearense chega ao quarto ano consecutivo com presença na elite e tenta superar desequilíbrio para se firmar entre principais forças do Brasil
Episódio 4
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A temporada 2021 marcará a quarta vez consecutiva com presença cearense na elite do futebol nacional — quatro vezes seguidas do Ceará e três do Fortaleza. O feito histórico alça os clubes a um novo patamar, sobretudo regional, mas ainda em busca da consolidação em um cenário de Primeira Divisão, em termos de receita, estabilidade e visibilidade.

"Vejo isso como uma consequência de uma estabilidade do modelo de gestão e, mais ainda, um modelo que prioriza profissionais técnicos para cada área do clube. Isso é fundamental para o crescimento sustentável e vejo como algo duradouro, sim, porque esses clubes saíram na frente nesse aspecto de profissionalização. E tem outra vantagem para os clubes cearenses, que é a questão do endividamento, que é muito menor do que dos clubes do chamado G-12: os quatro (maiores) de São Paulo e Rio de Janeiro e os dois de Minas Gerais e Rio Grande do Sul", disse Pedro Henriques, ex-vice-presidente e ex-diretor executivo do Bahia.

Segundo os dirigentes dos clubes, a pandemia do novo coronavírus reduziu a receita de Alvinegro e Tricolor consideravelmente. Robinson de Castro, presidente do Ceará, estima a queda de arrecadação em R$ 20 milhões. Marcelo Paz, do Fortaleza, fala em menos R$ 30 milhões nos cofres do Leão. A situação, porém, foi dirimida pela boa gestão, em comparação com os adversários da Série A.

 

Os arquirrivais do Clássico-Rei já viveram as duas faces da moeda no Brasileirão. Logo nos dois primeiros anos, o Alvinegro brigou arduamente contra o rebaixamento — e escapou. Com maiores investimentos e nova postura no mercado, conseguiu melhores resultados em 2020: bicampeonato da Copa do Nordeste, quartas de final da Copa do Brasil (melhor nordestino) e 11ª posição da Série A, com classificação garantida para a Copa Sul-Americana.

Robinson de Castro, presidente do Ceará
Foto: Aurelio Alves/ O POVO
Robinson de Castro, presidente do Ceará

 

As compras e vendas de jogadores, a organização financeira e o sucesso esportivo com a mescla de nomes de peso e jovens de potencial dão novo status ao Vovô, mas ainda há um longo caminho a percorrer para se firmar de vez entre as 20 melhores equipes do Brasil. O dever de casa está sendo feito: as contratações para a nova temporada comprovam a força no mercado da bola, a estrutura recebeu melhorias e as receitas seguem em alta.

O Tricolor viveu o ápice no retorno à elite, em 2019, quando foi campeão estadual, vencedor do Nordestão e terminou na nona colocação do Campeonato Brasileiro, com vaga na Sul-Americana do ano passado. Já 2020 teve o abrupto fim da relação vitoriosa com Rogério Ceni e luta ferrenha contra a degola na competição nacional. No fim, conseguiu escapar graças ao saldo de gols, em 16º lugar.

O baque financeiro causado pela pandemia foi maior no Pici, o que obrigou a agremiação a frear maiores investimentos em 2021 e causou vendas de atletas. Ainda assim, o elenco sofrerá reformulação, o Centro de Excelência Alcides Santos ainda passa por obras e as categorias de base devem receber atenção maior para revelar talentos. O desafio é reequilibrar o caixa sem comprometer o aspecto esportivo. 

Marcelo Paz, presidente do Fortaleza
Foto: Aurelio Alves/O POVO
Marcelo Paz, presidente do Fortaleza

 

"É algo muito interessante e que não dá sinais de que seja a curto prazo. Tem que ficar atento, claro, porque o Campeonato Brasileiro é muito disputado e em caso de rebaixamento perde a cota da Primeira Divisão, que daria muito trabalho. Tem que ver como ficariam esses clubes, mas, pelo que eles vêm demonstrando, haveria um impacto natural, mas não tão nocivo como a gente já viu em clubes como Sport e Vitória, por exemplo", ponderou o jornalista Cassio Zirpoli, do Podcast 45 e autor do Blog do Cassio Zirpoli.

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