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Resultados 'encorajadores' de medicamentos para doenças reumáticas contra a COVID-19 (estudo)
Reportagem Seriada

Resultados 'encorajadores' de medicamentos para doenças reumáticas contra a COVID-19 (estudo)

O objetivo é combater a "tempestade de citocinas", uma reação inflamatória descontrolada que surge nas formas mais graves de pneumonia por COVID-19, levando à síndrome do desconforto respiratório agudo
Episódio 3

Resultados 'encorajadores' de medicamentos para doenças reumáticas contra a COVID-19 (estudo)

O objetivo é combater a "tempestade de citocinas", uma reação inflamatória descontrolada que surge nas formas mais graves de pneumonia por COVID-19, levando à síndrome do desconforto respiratório agudo
Episódio 3
Tipo Notícia

O medicamento anakinra, comumente usado para tratar doenças reumáticas, está apresentando resultados "encorajadores" para formas graves da COVID-19, reduzindo o risco de morte e a necessidade de respiração artificial, de acordo com um estudo francês.

"A redução significativa na mortalidade associada ao uso de anakirna contra a COVID-19 neste estudo é encorajador nestes tempos difíceis", escreve o reumatologista Randy Cron, da Universidade do Alabama (Birmingham, Estados Unidos), na revista especializada The Lancet Rheumatology, onde a pesquisa é publicada e destaca o "perfil de segurança favorável" deste medicamento bem conhecido pelos reumatologistas.

O objetivo é combater a "tempestade de citocinas", uma reação inflamatória descontrolada que surge nas formas mais graves de pneumonia por COVID-19, levando à síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) e que ocorre quando os pulmões não fornecem oxigênio suficiente aos órgãos vitais e o paciente precisa de ventilação artificial.

Especificamente, o anakinra bloqueia uma das citocinas envolvidas nessa "tempestade inflamatória", a interleucina-1 (IL-1).

Amostras de testes de casos suspeitos de coronavírus COVID-19 (Foto: GIL COHEN-MAGEN / AFP)
Foto: GIL COHEN-MAGEN / AFP Amostras de testes de casos suspeitos de coronavírus COVID-19

De acordo com a equipe médica, Thomas Huet e colegas do Grupo Hospitalar Saint-Joseph de Paris (GHPSJ), a administração por injeção subcutânea durante 10 dias do anakinra a 52 pacientes graves do coronavírus permitiu uma "redução estatisticamente significativa no risco morte e permanência em reanimação para assistência respiratória por ventilação mecânica".

Um quarto dos pacientes tratados com anakinra foram transferidos para reanimação ou morreram, em comparação com 73% que não receberam esta bioterapia.

O grupo de comparação foi composto por 44 pacientes que estavam na mesma instituição.

No grupo que recebeu anakinra, houve uma rápida diminuição na necessidade de oxigênio após 7 dias de tratamento.

"Na ausência de testes terapêuticos que incluam medicamentos imunomoduladores para nossos pacientes, a decisão (...) adotada para propor anakinra, de acordo com os critérios de gravidade decididos por consenso, mudou rapidamente o aspecto da doença na enfermaria", explica o professor Jean-Jacques Mourad, co-signatário do estudo. "O benefício era 'palpável' diariamente", acrescentou.

"Atualmente, há uma dúzia de testes clínicos explorando o bloqueio da citocina IL-1 associada à síndrome da tempestade inflamatória da COVID-19", escreve o Dr. Randy Cron.

Amostra de sangue pronta para ser enviada de volta ao laboratório (Foto: JUSTIN TALLIS / AFP)
Foto: JUSTIN TALLIS / AFP Amostra de sangue pronta para ser enviada de volta ao laboratório

Três pequenas séries de casos (incluindo um italiano) relataram que o anakinra beneficia pacientes que contraíram a COVID-19.

"Mas este estudo fornece as evidências mais conclusivas até o momento de que o anakinra pode beneficiar pacientes que sofrem da síndrome da tempestade de citocinas associada à COVID-19", afirmou. (Agência France Presse)


 

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