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Como a SpaceX quer dominar a internet a partir do espaço
Reportagem Seriada

Como a SpaceX quer dominar a internet a partir do espaço

No início deste ano, a empresa pôs em órbita o terceiro lote de 60 minissatélites. O objetivo da SpaceX é controlar grande parte do futuro mercado da Internet a partir do espaço. Vários concorrentes têm a mesma ambição, incluindo a startup OneWeb, na nova corrida pelo espaço

Como a SpaceX quer dominar a internet a partir do espaço

No início deste ano, a empresa pôs em órbita o terceiro lote de 60 minissatélites. O objetivo da SpaceX é controlar grande parte do futuro mercado da Internet a partir do espaço. Vários concorrentes têm a mesma ambição, incluindo a startup OneWeb, na nova corrida pelo espaço
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Uma constelação gigante de milhares de satélites formando um sistema global de Internet de banda larga. Os planos da empresa SpaceX olham para o futuro, e vem ganhando corpo rapidamente. No início deste ano, a empresa pôs em órbita o terceiro lote de 60 minissatélites, levados pelo foguete Falcon 9. O evento contou com transmissão ao vivo por uma câmara a bordo do foguete.

Uma hora depois de lançados, os 60 satélites se separaram ordenadamente a cerca de 290 quilômetros acima do oceano entre a Austrália e a Antártica. Se a órbita for alcançada com êxito, a rede SpaceX Starlink terá pouco menos de 180 satélites, após dois lançamentos anteriores em 2019.

Esse número pode chegar a 42 mil, resultando em um céu abarrotado. Esse cenário gera preocupação entre os astrônomos de que algum dia esses dispositivos possam ameaçar nossa visão do cosmos.

 

 

Atualmente, existem cerca de 2.100 satélites ativos em órbita em todo planeta, de acordo com a Satellite Industry Association.

O lançamento foi transmitido ao vivo pela SpaceX, uma empresa criada pelo magnata Elon Musk, que também é o diretor-executivo da Tesla, fabricante americana de veículos elétricos.

O objetivo da SpaceX é controlar grande parte do futuro mercado da internet a partir do espaço. Vários concorrentes têm a mesma ambição, incluindo a startup OneWeb, com sede em Londres, e a gigante do varejo americana Amazon, cujo Projeto Kuiper está muito menos avançado.

Musk espera eventualmente controlar entre 3% e 5% do mercado global da internet: um plano avaliado em US$ 30 bilhões por ano, ou 10 vezes o que a SpaceX está ganhando com seus lançamentos espaciais, e reinvestir o lucro no desenvolvimento de foguetes e de naves espaciais.

O chefe da SpaceX tem um velho sonho de colonizar Marte.

Preocupações dos astrônomos

Até agora, sua empresa com sede na Califórnia recebeu autorização dos Estados Unidos para lançar 12 mil satélites em várias órbitas diferentes, mas já solicitou o lançamento de até 30 mil. A SpaceX diz que sua constelação de satélites estará operacional para o Canadá e o norte dos Estados Unidos em 2021.

Os astrônomos dizem que a proliferação de satélites de metal brilhante poderia degradar seriamente a visão noturna, interferindo na astronomia óptica e na radioastronomia.

A SpaceX alega, porém, que tomou medidas para reduzir a refletividade dos satélites e está testando um tratamento experimental de escurecimento na carcaça de um deles.


Laura Forczyk, analista espacial, diz que ainda não se sabe se essas medidas serão eficazes. "A SpaceX ainda não aliviou os astrônomos preocupados com a refletividade de seus satélites Starlink", afirma.

Outra crítica é que levará a colisões caras entre satélites, o que poderia criar milhares de pedaços de novos detritos espaciais. A SpaceX argumenta que também tem um plano para isso: seus satélites Starlink são implantados a uma altitude de 290 quilômetros e, em seguida, ativam seus propulsores iônicos para atingir uma órbita de 550 quilômetros.

Arianespace também de olho no céu

Não são apenas futuristas da SpaceX que querem expandir sua presença nos céus. A Arianespace, empresa responsável pelo lançamento de foguetes há 40 anos, pretende lançar mais de 300 satélites este ano, metade do total posto em órbita por eles, graças ao envio da constelação OneWeb – afirmou seu CEO, Stéphane Israel. O ano será crucial para a empresa encarregada da exploração e comercialização dos lançadores europeus.

Antes do fim do ano, a comissão pretende realizar os lançamentos inaugurais dos foguetes Ariane 6 e Vega C. Desde 1980, a Arianespace lançou 616 satélites. Este ano, lançará "mais de 300, graças, sobretudo, à continuação do envio dos satélites OneWeb e da missão Rideshare SSMS" a bordo do foguete italiano Vega, que transportará cerca de 40 satélites pequenos.

 

Além dos voos inaugurais do Ariane 6 e do Vega C, a expectativa é que sejam feitos até 12 lançamentos da Guiana: cinco Ariane 5, quatro Soyuz e três Vega. "A estas missões vão ser somados outros dois cosmódromos russos de Baikonur e Vostochny. "Planejamos uma meta de oito lançamentos para OneWeb, sabendo que, se houver mais satélites prontos, estamos prontos para mais lançamentos", acrescentou o CEO.

Cada Soyuz pode levar até 34 satélites da constelação OneWeb. No mercado dos satélites geoestacionários de telecomunicações, núcleo histórico da atividade da Arianespace, houve um grande salto em 2019.

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