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A Turma do Didi : Nova Família
Reportagem Seriada

A Turma do Didi : Nova Família

A Turma do Didi : Nova Família

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Quando Renato Aragão recebeu a notícia da morte de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, em julho de 1994, o baque foi enorme. Não bastasse a circunstância em que soube, acordado por um repórter em busca de uma declaração do companheiro de Trapalhões, ali era decretado o fim de um projeto de mais de 25 anos. Um casamento artístico impossível de ser refeito sem duas de suas peças fundamentais. O grupo, que até então se sustentava com três integrantes - Mauro Gonçalves, o Zacarias, falecera em 1990 -, não poderia mais continuar.

Renato não via sentido em fazer um humorístico sem o quarteto. Qualquer semelhança com os Trapalhões não seria mera coincidência. Ainda assim, convidado pela afiliada da TV Globo em Portugal, ele, Dedé e Roberto Guilherme fizeram Os Trapalhões em Portugal durante quatro anos, de 1995 a 1998. Mais uma vez, um grande sucesso.

No Brasil, até aquele momento, apenas participações em programas como Zorra Total. A volta de Renato aconteceu no cinema, com O Noviço Rebelde (1997), gravado nas praias cearenses. Em entrevista ao O POVO, durante as filmagens, ele comentava como tinha feito questão de retornar para a terra natal. Era o 39ª longa-metragem do artista cearense, que ainda emplacou outros sucessos de bilheteria pós-Trapalhões, como Simão, o Fantasma Trapalhão (1988).

Renato Aragão (e), o Didi, durante ensaio com Roberto Guilherme (sargento Pincel), no teatro da Cidade das Artes(Foto: Sara Maia/O POVO)
Foto: Sara Maia/O POVO Renato Aragão (e), o Didi, durante ensaio com Roberto Guilherme (sargento Pincel), no teatro da Cidade das Artes

A resposta imediata do público animou Renato a retomar a carreira na televisão. A turma do Didi estreou em 25 de outubro de 1998, com antigos companheiros de sucesso nos Trapalhões, como Roberto Guilherme, o Sargento Pincel, e comediantes da nova geração, como Luís Salém. Em 2003, o também cearense Tadeu Mello passa a integrar o elenco, assim como o dançarino Jacaré e outros nomes da TV, trazidos inclusive de reality shows.

“A ideia era fazer uma coisa completamente diferente dos Trapalhões”, destaca Roberto Guilherme. Apesar das críticas negativas, havia quem visse na produção uma tentativa de reavivar a fórmula vista nos Trapalhões. Os índices de audiência no horário, o domingo ao meio-dia, sobem e o programa se mantém até 2010, quando é reformulado e passa a se chamar Aventuras do Didi. Dedé Santana, que se separara do parceiro e fizera projetos solo em outras emissoras, volta a trabalhar com Renato no novo programa. A atração deixou de ser exibida em 2013.

Mesmo sem programa fixo, Renato se mantém na Rede Globo, investindo em séries como Acampamento de Férias e telefilmes. Ele acaba de renovar contrato com a emissora até 2017 e reafirma que não tem intenção de voltar a ter programa semanal. O foco, disse Renato, são novos projetos, incluindo agora o teatro.

“Humor não envelhece. O Didi é uma entidade separada, que já existia antes, e que continuou depois. Se você pegar os Trapalhões como quarteto são bem Beatles. É muito tempo, eles fizeram muita coisa. O Didi tem vida própria, é muito bom. Agora, Trapalhões é Trapalhões”, ressalta o pesquisador André Carrico.

Mesmo com altos e baixos após o fim da trupe, Renato Aragão continua como referência do humor brasileiro, tanto pela força de seu grande personagem, o Didi, quanto pela obra realizada ao longo de mais de meio século de televisão. Uma história que poucos podem se orgulhar de continuar realizando aos 80.

* Especial publicado no O POVO em 13 de janeiro de 2015

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