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Divino maravilhoso
Reportagem Seriada

Divino maravilhoso

No segundo capítulo da Série Santificados, O POVO conta histórias de mulheres destinadas à devoção popular no cotidiano do Semiárido nordestino. Porque foram martirizadas ou porque, em vida mesmo, intercedem por alguém

Divino maravilhoso

No segundo capítulo da Série Santificados, O POVO conta histórias de mulheres destinadas à devoção popular no cotidiano do Semiárido nordestino. Porque foram martirizadas ou porque, em vida mesmo, intercedem por alguém

Nas distâncias do mundo, aonde não se sabe bem como chegar (sente-se apenas que é preciso ir até lá ao menos uma vez na vida); nos sertões dos lugares e das pessoas, onde moram silêncios, dá-se um encontro entre o humano e o divino.

O comum se torna extraordinário depois do martírio ou da agonia, quando acontece o tempo da misericórdia. É assim, melhor vê o sertanejo, como o Semiárido se transforma depois da seca, se o céu manda água, salva-se.

A chuva renasce planta e rio, a compaixão renasce o ser humano. Há mistérios que unem tudo o que é vivo, seja aqui ou além. Podem se chamar amor, solidariedade, esperança, fé...

O jornalismo atravessa cada uma dessas pontes, quer sempre alcançar os encontros. Investiga os mistérios porque deseja sempre as mil e uma respostas que possam compor uma grande história, a maior. Aquela história que vai contar sobre todos, e sobre uma civilização inteira, e sobre as crenças - ou resistências - que movem montanhas e mudam mortes.

Creio, logo resisto; respondem as mais diversas pessoas, nas distâncias do mundo, que O POVO encontrou nesta reportagem especial, atravessando, uma vez mais, a fé. Creio, logo recrio; cada um completa e transforma os finais, quantas vezes for necessário para que a vida siga ao infinito.

A fé é a partida, é o passo adiante, é caminho sobre as águas. É muito mais sobre o que não se detém. É a força restante, a companhia de última hora, o derradeiro acreditar. Esses são entendimentos que O POVO alcançou neste projeto especial, em busca dos santificados populares - um Zé, um Serafim, um Antônio, um Ezequiel, uma Maria, uma Francisca, uma Alzira, uma Clemência, uma Benigna... que não estão nas honras dos altares, mas que sacralizam estradas de terra e abençoam matas e mares, unindo terra e céu.

O ser humano feito sagrado se aproxima do que a vida, essencialmente, é. E somente a fé de alguém em outro alguém pode restaurar a humanidade. Pois conta-se que houve um divino, há mais de dois mil anos, que desejou se tornar humano, de tanto amor.

Por amar, se fez um de nós e sentiu como sentimos - também as dores. Então, talvez a santificação de um ser humano por outro ser humano seja, finalmente, a percepção do divino que nos habita: do amor, da dor, do perdão, da compaixão. Há, sim, um maravilhoso em cada um de nós. (Por Ana Mary C. Cavalcante)

O especial Santificados 2 foi publicado e 3 de dezembro de 2019

 

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