Talvez você já tenha ouvido falar de Marie Curie (1987-1934), a primeira mulher a ganhar um prêmio Nobel.
Quando só homens podiam ir à universidade, ela fez descobertas sobre radioatividade que revolucionaram a ciência.
Suas pesquisas foram fundamentais para o surgimento da radioterapia e do raio X.
Marie Curie foi a 1ª pessoa e a única mulher laureada duas vezes com o prêmio Nobel: em 1903 (Física) e 1911 (Química).
O reconhecimento é histórico, já que o Nobel prestigia e homenageia nomes que mudaram o rumo da humanidade.
Mas em 120 anos, uma vasta lacuna de gênero acompanha o Nobel: dos + de 900 nomes, apenas 57 são mulheres.
Marie Curie está entre as 6% das laureadas, junto de mulheres como Madre Teresa de Calcutá e Malala Yousafzai.
Desde 1901, as distinções são concedidas predominantemente a homens.
Na ciência, apenas 23 vencedoras são mulheres: 4 em física (entre 216), 7 em química (186) e 12 em medicina (222).
A disparidade mostra que elas também são minoria nas comissões. Em 2021, foram menos de 10% das indicações.
A sub-representação ocorre ao mesmo tempo em que aumenta a presença de mulheres nas carreiras científicas.
O prêmio ainda não reflete essa mudança, apesar de ocorrer em países que erguem bandeiras pela equidade de gênero.
Há caso de discriminação, como o da física Lise Meitner - foi o parceiro que recebeu o Nobel de Química em 1944.
E o da astrônoma Jocelyn Bell Burnell, responsável pela descoberta de Pulsares; quem recebeu o prêmio foi seu orientador.
Apesar disso, um feito memorável aconteceu em 2020: o Nobel foi concedido a 3 mulheres na área de ciências.
As laureadas foram a bioquímica Jennifer Doudna, a microbiologista Emmanuelle Charpentier e a astrônoma Andrea Ghez.
Jennifer e Emmanuelle revolucionaram com o CRISPR, método de edição de genomas + rápido e preciso.
Já Andrea Ghez foi premiada por contribuir para a descoberta de um objeto supermassivo no centro da Via Láctea.
Estudos mostram que as mulheres que persistem nessas carreiras enfrentam barreiras como machismo e assédio.
Ainda assim, elas conseguem formar a base para descobertas da ciência. Quando a academia reconhecerá?
Karyne Lane (Especial para O POVO)
Catalina Leite e Fátima Sudário
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