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A esquerda, escala 6X1 e Lula
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Cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Autor de vários livros que abordam o comportamento do eleitor. Membro do Grupo de Pesquisa Comunicación Política e Comportamento Electoral en América Latina. Atualmente desenvolve pesquisas qualitativas e quantitativas de Opinião Pública

A esquerda, escala 6X1 e Lula

Quando falo em discurso econômico para a esquerda não estou defendendo a redução da jornada de trabalho, assim como está fazendo a deputada federal Erika Hilton (PSOL). Esta pauta é útil para eleger vereador e deputado, mas não presidente da República
Adriano Oliveira, doutor em Ciência Política, professor da UFPE, fundador da Cenário Inteligência (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Adriano Oliveira, doutor em Ciência Política, professor da UFPE, fundador da Cenário Inteligência

A eleição de Bolsonaro, o crescimento do Partido Liberal (PL), a derrota de Guilherme Boulos em São Paulo e a conclusão falsa de que o Brasil rumou para a centro-direita nesta última eleição municipal provocaram reflexões e previsões apressadas. Bolsonaro venceu a eleição em 2018 em razão do declínio do lulismo provocado pela Lava Jato e porque Lula não disputou a eleição - Efeito da Lava Jato.

A derrota de Boulos era previsível em virtude da sua alta rejeição e devido à ausência de Jair Bolsonaro na campanha de Ricardo Nunes, prefeito eleito. O Brasil não rumou para centro-direita no último pleito eleitoral. Desde 2008, os partidos MDB, PP, PSD e União Brasil elegem maior número de prefeitos.

Falta discurso a esquerda? Sim. A sorte da esquerda é o lulismo. Se não fosse o Lula, talvez a esquerda não tivesse ocupado por quatro vezes a presidência da República após as eras FHC. O lulismo conquistou corações quando colocou as políticas sociais à disposição de milhões de brasileiros. Todavia, o lulismo perdeu parte do encanto devido a operação Lava Jato. Mas não só por isto!

A ascensão social trazida para parcela dos brasileiros nas duas eras Lula criou eleitores fiéis ao lulismo e sonhadores legítimos de que a sua vida pode melhorar com muito esforço individual. Estes, não são, obrigatoriamente, lulistas. Soma-se a isto, o aumento considerável da população evangélica. A insistência da esquerda no discurso identitário, dificulta a conquista de votantes evangélicos. Diante da nova realidade social apresentada, a esquerda tem dificuldades de conquistar eleitores, em particular, em disputas majoritárias.

A esquerda precisa ter, como prioridade, as pautas da gestão e da economia. Resumindo: fazer bons governos. Se o prefeito de esquerda é aprovado, ele tende a ser reeleito. Assim como governador e presidente da República. Quando falo em discurso econômico para a esquerda não estou defendendo a redução da jornada de trabalho, assim como está fazendo a deputada federal Erika Hilton (PSOL). Esta pauta é útil para eleger vereador e deputado, mas não presidente da República.

A redução da jornada de trabalho pode aumentar a inflação e provocar desemprego em virtude do aumento da automação e do encarecimento dos custos da mão de obra. E mais: gerar antipatia do setor produtivo e empreendedores, não importa o tamanho econômico deles, para com o atual governo. O presidente Lula precisa aumentar a sua popularidade para ser reeleito. E se a esquerda depende do Lula para seguir no poder, ela precisa de pragmatismo.

 

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