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Qual futuro da esquerda brasileira?
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Cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Autor de vários livros que abordam o comportamento do eleitor. Membro do Grupo de Pesquisa Comunicación Política e Comportamento Electoral en América Latina. Atualmente desenvolve pesquisas qualitativas e quantitativas de Opinião Pública

Qual futuro da esquerda brasileira?

A esquerda teve sorte por ter tido o lulismo. Sem ele, certamente, a esquerda não teria conquistado por 5 vezes a presidência da República. É através do lulismo que a esquerda combate o seu principal oponente: Jair Bolsonaro
Presidente Lula (PT) e ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) são os principais nomes de seus respectivos campos políticos (Foto: Valter Campanato / Agência Brasil e FCO FONTENELE)
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil e FCO FONTENELE Presidente Lula (PT) e ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) são os principais nomes de seus respectivos campos políticos

Fui apresentado à esquerda brasileira quando Lula era aspirante à presidência da República. A esquerda defendia a democracia, condenava os militares, defendia a reforma agrária e mais direitos para os trabalhadores. Ela também criticava o Plano Real e definia o governo FHC como neoliberal. A esquerda era contra as privatizações, a reforma do Estado e os servidores públicos eram quase todos de esquerda (hipótese), já que esta defendia o aumento dos seus salários.

A esquerda conquista a presidência da República em 2002 com a vitória de Lula. Nesta época corria a informação de que a esquerda não sabia governar, já que no passado, o Lula e os parlamentares da esquerda eram radicais, e as gestões da esquerda à frente de executivos municipais causaram decepção. Por outro lado, existiam gestões de esquerda bem-sucedidas em razão de que os gestores abandonaram as bandeiras da esquerda que outrora defendiam.

Lula governou entre 2002 a 2010 sem radicalismo, liderou as transformações sociais ao promover oportunidades e inclusão social através de políticas públicas eficientes, e defendeu a agenda econômica de FHC: responsabilidade fiscal, reforma do Estado, incluso a da Previdência, mais o controle da inflação.

O lulismo surgiu em virtude dos méritos dos governos Lula e declinou a partir de 2014 em razão da Operação Lava Jato. Mas o lulismo não morreu. E se o lulismo é qualificado equivocadamente como de esquerda, ela também não morreu. O bolsonarismo trouxe novos desafios a esquerda. A esquerda acertou em enfrentar Jair Bolsonaro nos âmbitos da defesa da democracia e do bem-estar econômico. Mas errou ao insistir nas pautas identitárias, ao desprezar o crescimento explosivo dos evangélicos e o surgimento de um novo ator no ambiente econômico: os empreendedores.

É importante lembrar que a esquerda teve sorte por ter tido o lulismo. Sem ele, certamente, a esquerda não teria conquistado por 5 vezes a presidência da República. É através do lulismo que a esquerda combate o seu principal oponente: Jair Bolsonaro. Como o presidente Lula é o líder da esquerda e ela precisa eleger governadores, é fundamental que a sua estratégia seja a defesa intransigente de pautas econômicas e de gestão. As pautas identitárias produzem rejeição ao lulismo e a aspirantes ao cargo Executivo.

A esquerda deve esquecer as provocações bolsonaristas e mostrar que ela sabe mudar a vida dos brasileiros para melhor. Quando a esquerda tem como principal objetivo a eliminação do bolsonarismo, ela se distancia dos eleitores que desejam menor inflação, juros reduzidos, redução da carga tributária e mais oportunidades. A esquerda não pode ser excludente!

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