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Qual o futuro da direita no Brasil?
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Cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Autor de vários livros que abordam o comportamento do eleitor. Membro do Grupo de Pesquisa Comunicación Política e Comportamento Electoral en América Latina. Atualmente desenvolve pesquisas qualitativas e quantitativas de Opinião Pública

Qual o futuro da direita no Brasil?

A estratégia de Jair Bolsonaro é semelhante à do presidente Lula em 2018, quando o líder do PT insistiu em sua candidatura mesmo tendo quase a certeza de que não disputaria o pleito
"Quando o ex-presidente fica pedindo anistia, ele está provando que ele é culpado, que cometeu crime", disse Lula sobre Bolsonaro (Foto: Valter Campanato / Agência Brasil e FCO FONTENELE)
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil e FCO FONTENELE "Quando o ex-presidente fica pedindo anistia, ele está provando que ele é culpado, que cometeu crime", disse Lula sobre Bolsonaro

Neste artigo, defino a direita brasileira como todo aquela que rejeita o lulismo e o petismo e tem a intenção de concorrer com eles. Abro mão de discutir valores e crenças da direita por uma razão muito simples: Os eleitores têm dificuldades de apontar as características da direita e da esquerda. A minha definição da direita é aqui meramente eleitoral. Trago à tona as condições de competitividade entre candidatos da direita versus da esquerda.

A direita em 2026 tem dois caminhos: 1) Insistir na associação com Jair Bolsonaro e disputar a eleição bolsonarizada; 2) Abandonar Bolsonaro, se apresentar como uma direita desbolsonarizada e democrática; Se optar pelo caminho 1, o candidato ou os candidatos da direita tendem a perder a eleição. Se optar pelo outro percurso, a direita poderá superar o lulismo.

No caminho 1, parte da direita aguardará Bolsonaro até o último instante e outra parcela disputará a eleição defendendo o bolsonarismo. A estratégia de Jair Bolsonaro é semelhante à do presidente Lula em 2018. Nesta eleição, o líder do PT insistiu em sua candidatura mesmo tendo quase a certeza de que não disputaria o pleito. Fernando Haddad foi alçado como candidato e perdeu para Bolsonaro.

Se Bolsonaro e a direita imitarem Lula em 2026, é possível que a direita ou os candidatos da direita herdem a forte rejeição do bolsonarismo e criem a conjuntura propícia para Lula ou outro candidato-lulista. Neste caso, teremos, mais uma vez, bolsonarismo versus lulismo, numa conjuntura que tende a ser mais favorável ao segundo.

Se a direita optar pelo caminho 2, abandonar o bolsonarismo o quanto antes, duas estratégias estão postas: 1) Um único candidato da direita disputa a eleição; 2) vários candidatos da direita disputam o pleito. Em ambos os caminhos, o candidato precisar estar desbolsonarizado, próximo do centro político, e deixando bem nítido que é alternativa ao lulismo e ao bolsonarismo.

Pesquisas qualitativas revelam que a principal alternativa ao lulismo, ou melhor, ao atual governo Lula, não é o bolsonarismo. Isto não significa que o bolsonarismo não tenha força eleitoral. O bolsonarismo ganha pujança quando disputa solitariamente. E perde força caso um candidato da direita desbolsonarizada opte por disputar o pleito. A direita que caminha para o centro e não para o extremo pode derrotar o bolsonarismo e o lulismo no futuro pleito presidencial. Contudo, o lulismo chegará em condições de estar no turno final na vindoura eleição.

 

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