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Crise na ESPN: afastamento de jornalistas após críticas à CBF expõe tensão nos bastidores
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Locutor esportivo da Rádio O POVO CBN. Radialista formado e acadêmico em jornalismo pela Universidade Estácio, já trabalhou em diversas rádios de Fortaleza, atuando como narrador e em outras funções, incluindo a parte técnica. Esta coluna trata sobre mídia esportiva e analisa os avanços das transmissões esportivas em todas as plataformas

Crise na ESPN: afastamento de jornalistas após críticas à CBF expõe tensão nos bastidores

Seis profissionais foram afastados após edição do "Linha de Passe" inteiramente voltada às denúncias expostas pela Revista Piauí sobre a entidade
Tipo Opinião
Fachada da sede da CBF em homenagem à Copa do Mundo Feminina de 2027 (Foto: Joilson Marconne/CBF)
Foto: Joilson Marconne/CBF Fachada da sede da CBF em homenagem à Copa do Mundo Feminina de 2027

Na semana em que se celebrou o Dia do Jornalista, a ESPN protagonizou um episódio que levantou questionamentos sobre liberdade editorial e pressão externa. Seis jornalistas — Dimas Coppede, Gian Oddi, Paulo Calçade, Pedro Ivo Almeida, Victor Birner e William Tavares — foram afastados após a edição de segunda-feira, 7, do programa "Linha de Passe", uma das atrações mais tradicionais da emissora.

A decisão teria ocorrido após a repercussão de críticas contundentes à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), motivadas por uma reportagem da revista Piauí, que aponta supostas irregularidades e condutas questionáveis do presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues.

A informação sobre os afastamentos foi divulgada inicialmente pelo portal UOL, na quarta-feira, 9. Segundo a reportagem, houve contato de representantes da CBF com o canal solicitando “providências”. A punição, que durou dois dias, provocou forte repercussão. Jornalistas, assinantes e espectadores reagiram nas redes sociais em defesa da liberdade de expressão.

A ESPN não divulgou nota oficial, mas profissionais da casa, como Gian Oddi, se pronunciaram em vídeos publicados online. “Se eu volto ao Linha de Passe nesta quinta, é porque tenho consciência de que continuaremos falando como sempre falamos, com a liberdade que sempre tivemos. Se não fosse assim, eu não voltaria”, afirmou Oddi. Ele explicou ainda que, segundo a direção do canal, o conteúdo do programa deveria ter passado por um crivo prévio — o que não ocorreu. Nenhum trecho da edição polêmica foi divulgado nas redes da emissora, mas o programa segue disponível no Disney+.

A CBF, por sua vez, negou qualquer interferência editorial. Em nota, afirmou: “A CBF respeita a liberdade de imprensa com responsabilidade e não pede interferências de nenhum tipo na linha editorial de veículos de comunicação. Qualquer narrativa diferente desta é mentirosa e leviana”.

Nos bastidores, porém, a versão é colocada em xeque. A Folha de S.Paulo revelou que Ednaldo Rodrigues teria se irritado com os comentários feitos no "Linha de Passe" e também com o programa "Galvão e Amigos", exibido pela Band, no qual Galvão Bueno chegou a pedir investigação do Ministério Público sobre as denúncias envolvendo a CBF. Neste caso, no entanto, não houve qualquer manifestação direta à emissora aberta.

A crise na ESPN acontece dias após o Grupo Disney, que administra o canal, fechar acordo com Libra e Liga Forte União (LFU) para transmissão da Série B do Brasileirão até 2027, incluindo TV fechada e pay-per-view.

Os jornalistas retornaram ao ar na quinta-feira, 10. A edição do "Linha de Passe" que marcou o retorno concentrou-se na rodada de Libertadores e Sul-Americana, com destaque para o cancelamento de Colo-Colo x Fortaleza, após invasão de campo. O afastamento e a CBF não foram mencionados em nenhum momento.

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