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A quatro dias de um 2º turno vulcânico
Foto de Ana Márcia Diógenes
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Jornalista, professora e consultora. Mestre em Políticas Públicas, especialista em Responsabilidade Social e Psicologia Positiva. Foi diretora de Redação do O POVO, coordenadora do Unicef, secretária adjunta da Cultura e assesora Institucional do Cuca. É autora do livro De esfulepante a felicitante, uma questão de gentileza

A quatro dias de um 2º turno vulcânico

Em cada eleitor, a consciência em torno do voto é que vai determinar a qualidade da gestão que se quer
Tipo Crônica
"O voto é uma manifestação da natureza vulcânica", avalia a colunista do OP+, Ana Márcia Diógenes. Na imagem, o vulcão Fuego, visto de Alotenango, um município no departamento de Sacatepequez, localizado a 65 km a sudoeste da Cidade da Guatemala (Foto: Johan ORDONEZ / AFP)
Foto: Johan ORDONEZ / AFP "O voto é uma manifestação da natureza vulcânica", avalia a colunista do OP+, Ana Márcia Diógenes. Na imagem, o vulcão Fuego, visto de Alotenango, um município no departamento de Sacatepequez, localizado a 65 km a sudoeste da Cidade da Guatemala

 

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Estamos a quatro dias do segundo turno das eleições para prefeito. Ao todo são 51 municípios brasileiros, sendo 15 capitais. Em miúdos: faltam 96 horas para que se conheça quem vai administrar estas cidades com mais de 200 mil habitantes, que estão com a disputa acirrada para a escolha do gestor.

Sem necessariamente entrar na questão política que está na base destas disputas e que incidem diretamente nas próximas eleições para governadores e presidente, este pouco tempo até o voto de domingo é de natureza vulcânica. Desde o centro das decisões de gabinete aos militantes, os ânimos estão exaltados.

Embora o passar dessas horas possa ser considerado líquido no seu escoar, é, ao mesmo tempo, caudaloso. Seja qual for o resultado que a maioria dos votos vá condensar, é o passar de régua que vai ditar a natureza das próximas decisões administrativas das cidades.

Nestes dias literalmente quentes de eleição, ouso fazer a correlação entre as partes de um vulcão e a disputa eleitoral. Esta poderosa estrutura gerada pela natureza é composta de cone, cratera, chaminé e câmara magmática. E em que se assemelha à política?

A imagem externa de um vulcão, aquela que o identifica, é o cone, geralmente formado pela lava expelida que endurece. Uma vez no cenário, lá ela fica. Na política, a forma como alguns candidatos querem ser reconhecidos – tipo lobo em pele de cordeiro – faz com que forcem ao máximo aspectos da campanha, a ponto de negarem atitudes, vídeos, falas anteriores. Querem apagar o passado. Impossível. Uma vez postado, gravado, é fato.

A cratera, abertura do vulcão por onde a lava sai, é o mais perfeito retrato do estrago que o fogo sai fazendo por onde se espalha. Da mesma forma é a queimação provocada por ações e discursos de candidatos e seus apoiadores. Em Fortaleza, por exemplo, candidato que não chegou ao segundo turno decidiu apoiar um dos finalistas, passando por cima de inúmeras críticas que fez durante o debate eleitoral. Queimou-se com o próprio fogo que lançou.

A chaminé, por onde o magma do vulcão, a rocha fundida, se movimenta até alcançar a abertura, é, no meu entender, os escusos bastidores. Locais onde se planeja o mal que pode ser feito para uma eleição ser ganha a qualquer, literalmente, preço. Um exemplo é quando um apoiador coloca na forca o histórico de um partido e o seu próprio currículo parlamentar executivo, em nome de vingança política, resultado da queda de braço partidária perdida.

Por último, temos a câmara magmática, onde está o reservatório de magma. Quais próximas explosões antiéticas estarão sendo preparadas por candidatos que se julgavam à frente e agora veem o teatro de mentiras ameaçado de pegar fogo, queimado por lavas que ele e os apoiadores espalharam? O desespero tem feito até pessoa pública – sem sequer esconder o rosto - trocar bandeira de candidato em via pública.

Domingo, dia 27, está chegando. Com ele, o ápice da ansiedade de eleitores que entendem o voto mais que um click na urna. O voto é uma manifestação da natureza vulcânica. Pode incendiar cidades com uma má gestão, pode lançar força e energia para uma boa gestão.

O seu voto incendeia ou ilumina?

Foto do Ana Márcia Diógenes

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