Cientista política, professora e pesquisadora. Doutoranda em Ciência Política na Universidade de Brasília, mestra em Ciência Política pela Universidade Federal do Piauí, pesquisa políticas públicas. Faz parte da Red de Politólogas e da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas. Escreve sobre política, literatura e psicanálise
Recentemente, o infeliz discurso de uma parlamentar viralizou nas redes sociais ao ser replicado, principalmente, por pessoas indignadas. Resisti bastante a falar qualquer coisa online, porque compreendo que vomitar impropérios é uma das estratégias da extrema direita populista, impulsionada pelos algoritmos de plataformas que lucram com a desinformação e os discursos de ódio.
Além disso, me pergunto sinceramente se criticar os disparates com argumentos racionais e fundamentados teria algum efeito, afinal, a crença desvairada raramente cede ao diálogo. E já temos alguma experiência no Brasil para saber que discursos como o da parlamentar têm como objetivo alcançar extremistas e mobilizar ainda mais o ódio que une essa parcela da população. Provavelmente ela busca fazer-se conhecida por aqueles que pensam o mesmo, vislumbrando angariar ainda mais votos na próxima eleição.
O que fazer, a essa altura do campeonato, diante dos absurdos da extrema direita? Existem manuais e orientações práticas para se combater fake news e desinformação, como checagem de fatos e estratégias de comunicação. Mas e a ideologia violenta que os "cidadãos de bem" propagam? Como é que se enfrenta o ódio? Alguns dirão que é com o amor, mas, amor e ódio ainda são afetos, apontam para a importância do discurso do outro. E, efetivamente, como é que o amor desmonta essa máquina de ódio lucrativa que é a internet?
Os ataques de Elon Musk ao poder judiciário brasileiro, na figura do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, revelam o que realmente está em jogo no debate sobre a regulamentação das plataformas digitais: a soberania nacional.
A democracia resistiu, ainda que fraturada, à erosão da antipolítica lavajatista e ao autoritarismo e desmonte da extrema direita eleita, porém, vivemos um período crucial para a sobrevivência democrática, pois as instituições têm a oportunidade de impor limites aos seus algozes. Não é possível permitir que usem da democracia para corrompê-la, para destruí-la de dentro para fora. Já passou da hora de discursos antidemocráticos, como aqueles que propõem a exclusão de mulheres da esfera pública, sejam tratados como que são: um ataque à democracia. Se não houver preço a pagar, seguirão blasfemando internet afora. n
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