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Quando o esporte cava a trincheira de batalha para minorias
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Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc

André Bloc esportes

Quando o esporte cava a trincheira de batalha para minorias

Na estreia, coluna aborda a importância das discussões sobre machismo, racismo, capacitismo e LGBTfobia num meio historicamente conservador
Tipo Opinião
Trincheira, vala cavada no solo para dar vantagem estratégica a exércitos durante batalhas (Foto: Christelle PRIEUR / Pixabay)
Foto: Christelle PRIEUR / Pixabay Trincheira, vala cavada no solo para dar vantagem estratégica a exércitos durante batalhas

Para além do caráter global, a I Guerra Mundial ficou marcada pelo ápice das "batalhas de trincheiras". Era uma forma de adentrar o território inimigo, enquanto soldados literalmente cavavam buracos em busca de segurança no campo de batalha.

A imagem de um soldado cavando espaço dentro de um campo ilustra este novo espaço. Às quartas-feiras, esse naco de página se volta ao tema minorias — e, principalmente, diversidade sexual no esporte —, para dividir espaço com o grosso da cobertura de Ceará, Fortaleza, Ferroviário e tantos times mais. Afinal, jornalismo esportivo sempre foi bem mais do que fofoca de clubes, análise tática e factual esportivo. É uma forma de se colocar no mundo.

Corre-se o risco da novidade incomodar. Afinal, vez ou outra a matéria do time vai ficar acanhada numa página com anúncios. Mas, pás em mãos, o Esportes O POVO resolveu cavar maior diversidade. E cá estamos, decididos a adentrar o território inimigo — o campo de batalha do preconceito, do medo do desconhecido.

Em linhas gerais, a diversidade vira pauta semanal. Principalmente sobre a população de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, assexuais e toda essa gama de gente que parece tão pouco valorizada dentro de um estádio. Mas não só sobre o meu próprio lugar de falta. Porque o espaço dado é uma plataforma e, uma vez aberta a porta, podem-se abrir janelas para tantas outras vozes. Assim, toda minoria é bem-vinda aqui.

Nessa estreia, é importante estender o agradecimento ao jornalista Émerson Maranhão, hoje no O Otimista e com longa passagem pelo O POVO. Ele cavou a primeira trincheira no jornal impresso para a população sexualmente diversa do Ceará. A Cena G, que entre 2005 e 2020 abrilhantou as páginas do Vida&Arte, entrou por uma porta e abriu esta janela. Antes deste espaço meu, cheguei a assinar essa outra coluna durante férias do colega. E aprendi nesse rumo.

A luta é a mesma. As armas — palavras, argumentação, paciência e capacidade de ouvir — seguem inalteradas. O que mudou foi o campo de batalha, os enfoques e os choques que este novo público pode causar.

Este é, agora, o meu espaço, e a bandeira estará fincada enquanto a luta for necessária. Quando o esporte passar a aceitar a diferença, quem sabe, cavaremos uma trincheira mais dentro do território do preconceito.

Junho é mês do orgulho LGBTQ+. Um orgulho de resistência, de diferenças, de gerações que se misturam e avançam. Dia desses, um comentarista de TV perguntou quando o jornalismo esportivo virou "lacração política". Respondo: desde que resolveu se prestar a fazer jornalismo. 

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