O fim de 15 anos de agonia de Carl Nassib, o 1º gay assumido da NFL
Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
O fim de 15 anos de agonia de Carl Nassib, o 1º gay assumido da NFL
Defensive end do Las Vegas Raiders aproveita o mês do orgulho LGBTQIA+ para anunciar a questão que, segundo palavras dele, o fez viver "15 anos agonizantes"
Meu maior medo era assumir este espaço e descobrir que o assunto era limitado. Talvez faltasse pauta. No início da semana, o assunto seria Laurel Hubbard, a halterofilista neozelandesa que se tornará a primeira atleta trans da história olímpica. Depois, a decisão da Prefeitura de Munique de iluminar a Allianz Arena com as cores do arco-íris, em defesa da população LGBTQIA+, virou o foco. A Uefa barrou a iniciativa e esse será o assunto que abordarei na próxima semana.
Carl não foi o primeiro e, melhor que isso, não será o último. Segunda a revista Out, o número chega a 28, começando com Dave Kopay, que em 1975, três anos após se aposentar, revelou ser homossexual. Anos depois, em 1986, ele revelou um caso com Jerry Smith (sem citar o nome), que morrera dias antes em decorrência da aids. O running back não teve tempo de também sair do armário.
Kopay inspirou vários outros e defende que nunca conseguiu um cargo de técnico porque teve a coragem de se assumir. Ou seja, fez história e perdeu alguns milhões de dólares para isso. Mas ele e tantos outros, como Roy Simmons, Wade Davies e Ryan O'Callahan, revelaram a própria sexualidade após "pendurarem as chuteiras". Outros ameaçaram a própria carreira ao ousar quebrar esse tabu.
O também defensive end Michael Sam é o mais marcante. Em 2014, ele revelou ser bissexual, foi draftado e comemorou beijando o namorado. Seria banal se ele fosse heterossexual. Ele, porém, acabou cortado do Saint Louis Rams na pré-temporada e, apesar de ter treinado em outras equipes, nunca jogou profissionalmente na NFL. Ele é o primeiro homem LGBTQIA+ da liga canadense de futebol americano, porém.
A declaração de Carl Nassib, assim, é um próximo passo. Hoje, ele pode se assumir e ser apoiado pelo clube, pela liga, como Kopay certamente não seria em 1977. E, a partir da coragem de todos estes LGBTs, as próximas gerações podem ocupar esse espaço, caso desejem. Porque o progresso é assim e a gente sempre vai subir nos ombros dos nossos antepassados para cobrar mais.
Diga-se, o primeiro ato de Carl como homossexual foi tão lindo e emblemático quanto beijar alguém que se ama. Ele doou US$ 10 mil para o Trevor Project, iniciativa voltada a prevenção de suicídio de jovens LGBTs.
O armário é um direito. Ninguém deve ser obrigado a se assumir. Mas amemos quem dá a cara a tapa. Ao se voltar ao Trevor Project, Carl assume o peso que foi esconder do mundo as próprias paixões e se volta a uma iniciativa que quer proteger a juventude.
Por isso, e por tanto mais, eu digo: bem-vindo, Carl.
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