"Juliette das Olimpíadas", Douglas Souza é muito mais que um gay assumido no vôlei
Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
"Juliette das Olimpíadas", Douglas Souza é muito mais que um gay assumido no vôlei
Ponteiro da seleção masculina de vôlei viraliza nas redes sociais com vídeos bem humorados e mostra que é possível ser um atleta de alto rendimento bem resolvido com a própria sexualidade
O primeiro campeão olímpico de Tóquio-2020 foi decidido antes mesmo da cerimônia de abertura da Olimpíada. Eu até tinha mandado um beijo para ele e prometido discutir o papel dele no esporte brasileiro. Mas confesso que fiquei com ciúme e orgulho quando o Brasil descobriu a grandiosidade que é Douglas Souza, ponteiro da seleção masculina de vôlei.
O ex-BBB 21 João Luiz Pedrosa, outro gay assumidérrimo, deu a deixa para explicar o fenômeno digital do momento. Douglas é a Juliette da Olimpíada. Da noite para o dia, a personalidade despojada e bem humorada do ponteiro viralizou em vídeos em que ele faz uma catwalk (desfila) em quadra, prova os "modelitos" da seleção em Tóquio e até samba sobre a cama de papelão da Vila Olímpica.
A primeira vez que ouvi falar de Douglas Souza, ele era apenas "um gay assumido na seleção brasileira", segundo um dos meus irmãos, um ex-quase jogador de vôlei, me disse uns três anos atrás. Lembrei de Lilico, que acusava a comissão técnica de não convocá-lo por ser homossexual e de Michael, hostilizado em quadra. E fiquei feliz de ver o mundo evoluir. Eu só nunca tinha visto a figura em questão — e amei ainda mais quando pude ver.
Por que Douglas Souza não é apenas gay. Ele é pintoso. Afetado. Efeminado. Ele é livre e age de acordo com a própria personalidade. Faz carão para a câmera, comemora sem pudores. É alguém que até leigos batem o olho e sabem ser homossexual — quem é do meio identifica pessoas menos óbvias.
Isso é um dos fatores geniais na "Poc de Tóquio". Ele não pede desculpas ao quebrar o estereótipo de masculinidade no esporte. E ainda é um dos melhores jogadores da ótima geração atual.
É k-poper, gamer, tem um namorado, tal qual tem ótimo passe, impulsão invejável e um ataque difícil para a defesa adversária. É tridimensional sendo ele mesmo. Conseguiu ainda quebrar a antipatia que a "tuitosfera" progressista tinha com a seleção masculina, marcada por atos políticos conservadores — como o apoio de Wallace e Maurício Souza ao então candidato a presidente Jair Bolsonaro em plena comemoração de vitória no Mundial da modalidade, em 2018. Diga-se, a famosa foto do 17 foi em volta da cabeça de Douglas, que já se posicionou algumas vezes contra o capitão reformado.
Douglas Souza é facilmente o mais pintoso dos brasileiros olímpicos. Aliás, mais que isso. O mais entre os brasileiros atletas. E, na história do esporte, o único rival dele no quesito, até onde minha memória consegue puxar, é o também maravilhoso ex-patinador Johnny Weir, que se assumiu em 2011 e chamou atenção pela performance de "Poker Face", da Lady Gaga, no rinque de gelo.
TÓQUIO: Douglas Souza fala antes da estreia do vôlei masculino na Olimpíada
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